• Jonathan Amos
  • Correspondente de ciência da BBC

Crédito, NASA/JHU-APL

Legenda da foto,

Imagem do asteroide Dimorphos antes de ser atingido por sonda da Nasa

A sonda da Nasa que atingiu deliberadamente um asteroide no mês de setembro passado espalhou 1.000 toneladas de rocha pelo espaço, o que vai ajudar a agência espacial americana com mais informações sobre o estudo desse tipo de material.

O objetivo principal da missão Dart (sigla em inglês para Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo) foi colocar em prática o primeiro experimento para demonstrar uma técnica de deflexão, isto é, de desvio de um asteroide para proteger o planeta.

Dois asteroides que orbitam o Sol e ocasionalmente se aproximam da Terra foram os alvos da Nasa. Eles não representam uma ameaça ao nosso planeta, mas a proximidade fez com que fossem candidatos preferenciais para o teste.

O maior dos dois asteroides, Didymos, tem 780 metros de diâmetro. Ao redor dele, orbita um satélite natural menor, chamado Dimorphos — que foi o objeto atingido pela sonda espacial.

Os cientistas que trabalham no projeto conseguiram até mesmo avaliar a eficácia do impacto. A força transferida para Dimorphos foi 3,6 vezes maior do que se a sonda tivesse sido simplesmente absorvida pelo asteroide e não produzisse nenhum material ejetado.

Crédito, NASA/ESA/STSCI/HUBBLE

Legenda da foto,

O telescópio espacial Hubble viu um rastro de destroços do asteroide após o impacto

“Se você explodir o material um pouco fora do alvo, haverá uma força de recuo”, explicou Andy Cheng, cientista da missão e do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins (JHU-APL).

“O resultado dessa força de recuo é que você coloca mais impulso no alvo e acaba com uma deflexão maior.”

“Se você está tentando salvar a Terra, isso faz uma grande diferença”, disse ele, pois aumentaria o tempo disponível para montar uma defesa ou reduziria o tamanho do projétil necessário.

O Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo ocorreu a cerca de 11 milhões de km da Terra.

O satélite da Nasa, do tamanho de uma geladeira, se chocou a 22 mil km/h contra Dimorphos, de 160 metros de largura, destruindo-se no processo.

Antes do impacto, o tempo que Dimorphos levava para fazer a órbita em torno de Didymos, de 780 metros de largura, era de 11 horas e 55 minutos.

As observações subsequentes do telescópio indicaram que este período orbital foi reduzido para 11 horas e 23 minutos — uma alteração de 32 minutos.

“Valeu muito o dinheiro investido”, disse Andy Rivkin, líder da equipe de investigação do Dart.

As 1.000 toneladas de rocha espacial ejetadas, que ele comparou a “seis vagões com pedra”, são só uma estimativa inicial.

“Os estudos ainda estão em andamento, pode ser que esse número seja um mínimo; pode ser o dobro disso, pode até ser 10 vezes mais, segundo algumas estimativas.”

O material ejetado é só uma fração da massa total de Dimorphos, que é de cerca de 5 milhões de toneladas.

No entanto, o impacto causou uma grande “bagunça”, e os telescópios continuam a monitorar os detritos que se afastam do asteroide por dezenas de milhares de quilômetros.

O estudo do sistema Didymos-Dimorphos antes e depois do impacto revelou muito sobre as propriedades dos dois asteroides.

Eles são muito semelhantes a um tipo de meteorito que frequentemente cai na Terra chamado de condrito comum, disse Cristina Thomas, da Northern Arizona University.

Legenda da foto,

Equipe do DART apresenta em Chicago os resultados da missão

O presidente dos EUA, Joe Biden, descreveu a missão Dart como um dos três grandes sucessos da agência espacial dos EUA em 2022. Os outros dois são a recente missão Artemis-1 na Lua e as primeiras fotos do novo supertelescópio espacial James Webb .

Tom Statler, cientista do programa Dart da Nasa, concordou.

“A Dart tem sido um tremendo sucesso. Claro, uma missão bem-sucedida não garante que a Terra esteja automaticamente a salvo de qualquer coisa que possa aparecer em nosso caminho. Mas a Dart é realmente um passo gigantesco em direção ao nosso objetivo de tornar os impactos de asteroides na Terra mais possíveis de evitar.”