Surfistas que estavam próximos ao brasileiro Márcio Freire, de 47 anos, que faleceu na última quinta (5), após acidente em um dos “paredões” da praia do Norte, em Nazaré, Portugal, relataram que a vítima, ao ser encontrada, não estava com o colete salva-vidas, utilizado em atividades marítimas, principalmente por esportistas. O capitão do Corpo de Bombeiros Werben Monteiro explicou a importância do equipamento e os benefícios do uso correto.
Colete é EPI fundamental
“O surfe e outras atividades náuticas exigem cuidado. O colete salva-vidas é fundamental. Primeiro, porque ele faz com que a pessoa não fique submersa em caso de algum acidente. É um Equipamento de Proteção Individual (EPI), assim como o capacete é para os motociclistas, por exemplo. É importante também atender às especificações do fabricante, fazendo o teste de flutuabilidade. Mesmo que a pessoa saiba nadar e conheça a área, como foi o caso do surfista que morreu, isso não o blinda de um acidente como o afogamento”, apontou o capitão.
“Em caso de um acidente, como o dele, o colete iria deixá-lo na superfície, flutuando, facilitando a chegada de um socorro. Ao não utilizá-lo, o corpo afunda, dificultando a identificação e fazendo com que a ajuda demore mais. Além disso, o colete também mantém a temperatura corporal, deixando a pessoa aquecida no aguardo de um possível resgate. Isso vale para quem pratica esportes e para quem está em embarcações náuticas. O uso correto pode salvar vidas”, reforçou.
Essa foi a primeira morte relacionada ao surfe na praia de Nazaré, mas não o primeiro acidente sério. Em 2019, o também surfista Pedro Scooby relatou que sofreu uma queda no local.Outra pessoa que já passou por dificuldades no mar português foi Mayra Gabeira, que saiu inconsciente após ser atingida por uma onda no local, em 2013.
Márcio Freire era considerado um dos pioneiros no surfe de ondas gigantes, sendo conhecido como “Mad Dogs”, em um trio de atletas formado também por Danilo Couto e Yuri Soledade.O grupo costumava desbravar os “paredões” sem auxílio do jet-ski para entrar.
Níveis de afogamento
O surfista faleceu por decorrência de uma parada cardiorrespiratória. Um afogamento de nível seis, explicou Monteiro.
“Esse foi o caso mais extremo. Há seis níveis. O primeiro é o que você consegue tossir água porque o organismo reconhece o líquido como um ‘corpo estranho’. O segundo apresenta espuma no nariz e boca. O terceiro, além da espuma, traz dificuldade de encontrar o pulso radial. No quarto, existe a ausência completa do pulso, comprometendo o coração. O quinto leva a parada respiratória e o mais extremo, a da cardiorrespiratória”, detalhou.
Fonte: Folha PE
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