As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) confirmaram que suas aeronaves mataram três filhos do líder do Hamas Ismail Haniyeh, os descrevendo como militantes do grupo.
As IDF emitiram uma declaração dizendo: “As IDF e ISA [Agência de Segurança de Israel] eliminaram três militantes da ala militar do Hamas na Faixa de Gaza central hoje [quarta-feira]. Direcionados pela inteligência da IDF e ISA, aviões da IAF atingiram três militantes que realizaram atividades terroristas na Faixa de Gaza central”.
“Os três militantes atingidos são Amir Haniyeh, comandante de célula na ala militar do Hamas, Mohammad Haniyeh, operativo militar na organização terrorista Hamas, e Hazem Haniyeh, também operativo militar na organização terrorista Hamas.”
“A IDF confirma que os três militantes são filhos de Ismail Haniyeh, presidente do escritório político do Hamas.”
Esta não é a primeira vez que a família de Haniyeh é alvo. Em novembro, o exército israelense afirmou que seus caças-bombardeiros haviam atingido a residência de Ismail Haniyeh, que eles afirmaram na época estar sendo usada como “infraestrutura terrorista“.
Em uma mensagem postada no Telegram na época, foi dito que a residência frequentemente servia como ponto de encontro para líderes sêniores do Hamas. A BBC não verificou independentemente essas alegações.
Em outubro, 14 membros da família de Haniyeh foram supostamente mortos em um ataque aéreo israelense em uma casa de família em Sheikh Radwan, em Gaza.
Em uma entrevista à Al Jazeera nesta quarta-feira, Haniyeh disse que 60 membros de sua família estendida foram mortos em ataques israelenses.
Risco aos esforços de cessar-fogo
Ismail Haniyeh é o chefe do aparato político do Hamas fora de Gaza e dos territórios palestinos. Israel não faz distinção entre os diferentes braços do Hamas – militar e político – e diz que todos são terroristas.
Após ser informado de que seus três filhos foram mortos, Haniyeh disse que as vidas deles não são mais valiosas do que as de qualquer outro habitante de Gaza.
O líder acrescentou que isso não afetaria a posição do Hamas nas negociações de cessar-fogo, nas quais ele é um dos principais negociadores.
De acordo com Jeremy Bowen, editor da BBC em Jerusalém, os americanos querem que o Hamas suavize sua posição, então talvez matar os filhos de Haniyeh não seja a melhor maneira de conseguir isso.
Bowen aponta que há críticos do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em Israel que afirmam que ele quer prolongar a guerra e não quer um acordo de cessar-fogo.
Ao mesmo tempo, Netanyahu está sob uma pressão imensa dos EUA para chegar a um compromisso e permitir uma troca de prisioneiros palestinos por reféns em Gaza.
Agora se sabe que as Forças de Defesa de Israel miraram deliberadamente na família Haniyeh, alegando que estavam “a caminho de realizar um ato de terrorismo”.
Isso pode ser visto por seus críticos como mais uma prova de que Netanyahu e o governo israelense não estão comprometidos com um acordo.
A trajetória de Ismail Haniyeh
Membro proeminente do Hamas desde o final da década de 1980, Haniyeh foi preso por Israel em 1989, durante a primeira revolta palestina, e passou três anos em cárcere.
Ele foi então exilado em 1992 para uma área entre Israel e o Líbano, juntamente com vários líderes do Hamas.
Após um ano no exílio, ele retornou a Gaza. Em 1997, foi nomeado chefe do gabinete do xeque Ahmed Yassin, o líder espiritual do Hamas, fortalecendo sua posição.
Haniyeh foi nomeado primeiro-ministro palestino em 2006 pelo presidente Mahmoud Abbas. A nomeação ocorreu depois que o Hamas ganhou a maioria dos assentos nas eleições nacionais, mas ele foi demitido um ano depois, após o grupo expulsar o partido Fatah de Abbas de Gaza em uma semana de violência mortal.
Haniyeh classificou sua demissão na época como “inconstitucional”, enfatizando que seu governo “não abandonaria suas responsabilidades nacionais para com o povo palestino”.
Ele foi eleito chefe do escritório político do Hamas em 2017.
Em 2018, o Departamento de Estado dos EUA designou Haniyeh como terrorista. Ele tem vivido no Catar nos últimos anos.
*Com informações de Jeremy Bowen, editor internacional da BBC em Jerusalém
Fonte: BBC
Você precisa fazer login para comentar.