Rincón teve uma carreira vitoriosa em âmbito internacional, tendo sido o primeiro jogador colombiano a integrar o elenco do Real Madrid, na temporada de 1995/1996, depois de jogar um ano no Nápoli. Ele fez história na melhor geração do futebol colombiano, ao lado do goleiro Higuita, do atacante Asprilla, e do meio-campo Valderrama, comandados por Carlos Maturana, que conseguiu se classificar para três Copas do Mundo seguidas, em 1990, 1994 e 1998.
Bastou o primeiro Mundial, após 28 anos de ausência da Colômbia no torneio, para ele se consagrar em solo italiano. Em junho de 1990, Rincón marcou um gol histórico no Giuseppe Meazza, em Milão, diante da poderosa Alemanha Ocidental, de Klinsmann e Mathaus, que se tornaria tricampeã naquela edição.
Já no fim do jogo, os alemães seguravam o resultado de 1 a 0, quando a seleção colombiana desfilou todo seu toque de bola desde a intermediária até deixar o meia na frente do goleiro e tocar sob ele. O grito, os punhos cerrados e a montanha de colombianos em cima de Rincón na comemoração dão a dimensão do feito: aquele gol classificou a Colômbia pela primeira vez às oitavas de final. Feito só repetido em 2014 com o gol de James Rodriguez diante do Uruguai, no Maracanã.
Carro em que o ex-jogador Freddy Rincon sofreu um acidente no dia 11 de abril, em Cali // Foto: Paola MAFLA/AFP
O porte físico aliado à extrema técnica com a bola que Rincón mostrou já apareciam desde os primeiros momentos no Santa Fé, no final dos anos 1980, que lhe valeram o apelido de “El Coloso” (O Colosso). Mas foi no América de Cali que o futebol do volante/meia ganhou expressão tanto no time quanto na seleção colombiana.
Dali, uma sucessão de transferências internacionais. Teve seu primeiro contato com o futebol brasileiro com o Palmeiras de Vanderlei Luxemburgo, em 1994, e conquistou o Paulistão. Ele considera aquele time o melhor em que atuou no Brasil. O jogo vistoso o levou para o Nápoli e, em seguida, o Real Madrid, onde não conseguiu encaixar seu talento. Retornou ao Brasil de onde não mais sairia até encerrar a carreira.
Foi em solo brasileiro que o futebol de Rincón realmente brilhou em clubes. Após mais uma temporada no Palmeiras, o colombiano se encontrou nos braços da torcida corintiana que o fez ídolo a partir de 1997. Bicampeão brasileiro, campeão paulista e o inesquecível título mundial em 2000. Ao todo, foram 158 jogos e 11 gols.
Rincón também foi decisivo no Mundial de Clubes da Fifa de 2000. O camisa 8 marcou o segundo gol da vitória por 2 a 0 sobre o Al Nassr, da Arábia Saudita, garantindo a classificação para a final. Foi por causa daquele gol que o Corinthians desbancou o Real Madrid, no desempate por saldo (4 a 3). Diante do Vasco na decisão, após a vitória nos pênaltis, eternizou a foto com a taça como capitão do time.
Antes de se aposentar, Rincón ainda jogou no Santos e no Cruzeiro até o início dos anos 2000, e teve um breve retorno ao Corinthians, em 2004. A última partida oficial, no entanto, foi em 2013. Aos 46 anos, ele realizou o sonho de encerrar a carreira no América de Cali em um jogo amistoso.
Após a carreira de jogador, Rincón tornou-se técnico em terras brasileiras. Ele comandou o Iraty Sport Club (PR), Sao Bento (SP) e Sao José (SP), entre 2006 e 2009. Também trabalhou nas divisões de base do Corinthians além de ser auxiliar técnico de Vanderlei Luxemburgo, no Atlético-MG, e de Jorge Luis Pinto, no Millonarios (COL).
Fora das quatro linhas, Rincón viveu uma das experiências mais traumáticas da vida. Em maio de 2007, o ex-jogador foi preso em sua casa em São Paulo acusado de lavagem de dinheiro no Panamá e associação ao narcotráfico. O pedido de prisão veio da justiça panamenha, que emitiu a ordem à Interpol. O colombiano ficou preso por cerca de quatro meses na PF até ser liberado e a responder em liberdade.
Oito anos depois, a Interpol novamente emitiu ordem de captura e prissão para Rincón pelas mesmas acusações. O ex-jogador teria adquirido propriedades no Panamá com dinheiro do narcotraficante Pablo Rayo Montaño, ex-integrante do cartel de Cali, que foi preso no Brasil em 2006. Ambos são nascidos no porto de Buenaventura e fizeram negócios numa empresa de pesca. De acordo com a Justiça, o negócio era usado pelo traficante para lavar dinheiro.
Ele chegou a ter bens bloqueados, como casas e fazendas, até que, em 2016, a Justiça o absolveu de todas as acusações.
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Fonte: Folha PE
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