Os agentes comunitários de saúde e de saúde ambiental e controle de endemias do Recife iniciaram, nesta segunda-feira (6), o cadastro das famílias atingidas pelas chuvas que tiveram as suas residências alagadas e vivem em ambientes de vulnerabilidade social. O cadastro começou na comunidade Novo Caxangá, com a visita do prefeito João Campos às casas às margens do rio Capibaribe. Na localidade, cerca de 120 famílias serão contempladas.
Segundo projeções da prefeitura, pelo menos 20 mil famílias devem receber o benefício de R$ 2.500 na capital pernambucana, sendo R$1.500 ofertados pelo Governo de Pernambuco e R$1.000 pela prefeitura e Câmara de Vereadores.
Moradores cadastrados
A manicure autônoma Mayara Gomes, de 23 anos, mora com a mãe Josineide Gomes, na rua Doutor Dustan de Carvalho Soares e perdeu muitos móveis durante a enchente. A água chegou a mais de 1 metro de altura. Elas foram uma das primeiras a serem cadastradas para receber o auxílio.
Mayara Gomes e a mãe Josineide Gomes. Foto: Alexandre Aroeira/ Folha de Pernambuco
“O auxílio está chegando em boa hora, vai com certeza suprir as nossas necessidades e só temos que agradecer. Por enquanto, estão fazendo apenas o cadastro. Espero que o dinheiro chegue o mais rápido possível, porque não só eu, mas todo mundo que foi atingido aqui precisa muito desse auxílio. Infelizmente eu estou agora na casa de uma tia minha trabalhando porque aqui [na casa dela] não tenho condições de trabalhar por conta das paredes”, pontuou a manicure.
A autônoma Maria Betânia Jerônimo Nunes, de 52 anos, mora há 30 anos na Vila da Felicidade, localizada na comunidade. Ela vive ao lado do rio e perdeu o pouco que tinha com as fortes chuvas. O nível da água foi tão grande que Maria ficou coberta e pensou que seria levada pelo rio.
Maria Betânia Jerônimo Nunes perdeu o pouco que tinha. Foto: Alexandre Aroeira/ Folha de Pernamambuco
“Muita gente perdeu muita coisa. Foram muitas perdas, móveis, comidas, roupas, tudo, mas temos que agradecer a Deus porque não temos perdido a vida. Com o dinheiro, primeiro vou fazer o saneamento básico dentro da minha casa, e ver o que eu perdi para comprar. Vamos renovar, mas o melhor para gente mesmo é sair daqui de trás, porque, no próximo ano, a água vem de novo e leva tudo”, destacou.
Passo a passo
A agente comunitária Maria Betânia da Silva, trabalha há 28 anos na comunidade. Com o auxílio de um tablet, o cadastro das famílias é realizado em aproximadamente 30 minutos.
Cadastro das famílias para o recebimento do auxílio // Arte/FolhaPE
“No tablet, as informações que a gente coloca é o CPF da pessoa que vai dizer se ela tem o CadÚnico. A partir daí, a gente pega fotos do local que foi atingido, e dos danos que foram causados. A gente tira foto do titular, que vai ser a pessoa referenciada para receber o benefício, a gente tira foto também do documento dessa pessoa, caso ela não tenha perdido e a gente conclui. A partir de então, os dados foram enviados para a prefeitura e serão analisados, para o pessoal receber muito em breve o auxílio”, pontuou.
O prefeito João Campos afirmou que o auxílio deve ser disponibilizado para as famílias em um prazo de 8 a 10 dias.
“O auxílio é por núcleo familiar inscrito no CadÚnico. No CadÚnico, você tem chefe da família que pode ser o homem ou a mulher, e tem toda a família cadastrada. As famílias não precisam se cadastrar ou ir em algum local fazer um cadastro, as nossas equipes estão indo nas áreas que nós mapeamos, que são áreas alagadas, e de vulnerabilidade social. As secretarias de Defesa Civil e a de Assistência definiram essas áreas e a nossa equipe da Secretaria de Saúde está indo em cada uma dessas localidades para fazer esse cadastro”, disse.
Para receber o pagamento, o representante da família não precisa ter uma conta bancária. No momento do cadastro, o agente coleta um número atualizado que tenha WhatsApp e quando a inscrição é finalizada, a pessoa recebe o comprovante de que o cadastro foi realizado e será analisado.
“Ele sendo aprovado, a família recebe um indicativo de uma ordem de pagamento, não precisa ter uma conta bancária, ela vai receber a informação do banco e a agência bancária que lá está disponível a sua ordem de pagamento. A pessoa vai no banco, e saca esse recurso. Estamos tirando documento, mas não precisa ter o documento para tirar o auxílio”, disse o prefeito.
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