FOTO: EVARISTO SÁ/AFP
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, usou as redes sociais neste domingo (26) para se defender das especulações que o apontam como a peça central do possível vazamento de informações da operação da Polícia Federal (PF) que prendeu o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro.
Em áudios interceptados pela PF no dia 9 de junho, Ribeiro diz que o presidente Jair Bolsonaro (PL) lhe telefonou e afirmou que tinha um “pressentimento” de que ele poderia ser alvo da corporação. Nesse dia, Bolsonaro estava junto de Anderson Torres em viagem aos Estados Unidos. Os áudios levaram o Ministério Público Federal a argumentar que teria havido uma tentativa de interferência do chefe do Executivo no caso.
“Diante de tanta especulação sobre minha viagem com o presidente Bolsonaro para os EUA, asseguro categoricamente que, em momento algum, tratamos de operações da PF. Absolutamente nada disso foi pauta de qualquer conversa nossa, na referida viagem. Vamos em frente”, escreveu Torres.
Prisão de Milton Ribeiro
Ribeiro foi preso na Operação Acesso Pago, da Polícia Federal, que apura tráfico de influência de pastores e corrupção para a liberação de recursos públicos do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), vinculado ao MEC (Ministério da Educação). O ex-ministro é suspeito de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência.
De acordo com as investigações, o esquema consistia na indicação, pelos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, de prefeituras que deveriam receber verbas do ministério. Suspeita-se que, em troca, os religiosos tenham cobrado propina para influenciar as decisões tomadas em Brasília. A Polícia Federal reúne documentos, registros de entrada e saída da sede da pasta e depoimentos de testemunhas.
O caso veio à tona em março, após o vazamento de um áudio em que Milton Ribeiro diz beneficiar indicados pelo pastor Gilmar a pedido do presidente Jair Bolsonaro. Na gravação, ele declara que as prioridades dele são “atender primeiro os municípios que mais precisam” e “atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”. O então ministro da Educação ainda afirmou: “Porque foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão de Gilmar. Apoio. Então o apoio que a gente pede não é segredo, isso pode ser [inaudível] é apoio sobre construção das igrejas”.
Dias depois, ele voltou atrás, alegou que não houve influência do chefe do Executivo no caso e afirmou que o envio dos recursos da pasta aos estados e municípios era feito com base em critérios técnicos.