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Imagens mostram combatentes do Grupo Wagner supostamente treinando soldados belarussos em uma base a sudeste de Minsk

O serviço de guarda de fronteira da Ucrânia confirmou que os mercenários do Grupo Wagner chegaram a Belarus vindos da vizinha Rússia.

O DPSU diz que está avaliando quantos “militantes” estão em Belarus, que também faz fronteira com a Ucrânia, bem como sua localização exata e objetivos.

Informações não confirmadas indicam que um comboio de cerca de 60 veículos Wagner cruzou a fronteira com Belarus no início deste sábado.

Em junho, o motim organizado por mercenários do grupo Wagner desafiou a autoridade do presidente russo, Vladimir Putin.

Um acordo acabou com a rebelião de 24 horas, que viu as tropas tomarem uma cidade e marcharem sobre Moscou — abortando-a a apenas 200 km da capital.

Pelos termos do acordo, os combatentes do Grupo Wagner foram informados de que poderiam ingressar no Exército regular russo ou ir para Belarus, país aliado à Rússia.

O líder do Wagner, Yevgeny Prigozhin, também recebeu uma oferta para se mudar para Belarus, mas seu paradeiro atual é desconhecido.

O Grupo Wagner é uma empresa militar privada russa formada por combatentes mercenários — muitos dos quais foram recrutados em prisões russas. Eles travaram algumas das batalhas mais sangrentas desde que a Rússia lançou sua invasão em grande escala da Ucrânia em fevereiro do ano passado.

O porta-voz do DPSU, Andriy Demchenko, confirmou a presença de Wagner em Belarus em uma breve declaração neste sábado.

Ele disse que os agentes ucranianos “continuam monitorando a situação” na fronteira norte do país, mas não forneceu mais informações.

No início do dia, um canal do Telegram associado a um proeminente blogueiro da oposição belarussa relatou que um grande comboio de Wagner entrou em Belarus vindo da Rússia.

A emissora Belaruski Hajun disse que os veículos — incluindo picapes, caminhões e ônibus — estavam sendo acompanhados pela polícia de trânsito belarussas enquanto se dirigiam para a cidade de Osipovichy, cerca de 85 km a sudeste da capital do país, Minsk.

As autoridades belarussas — que veem Belaruski Hajun como um canal extremista — não comentaram o assunto.

Na sexta-feira (14/7), o Ministério da Defesa de Belarus disse que as tropas do Wagner estavam agora atuando como instrutores militares para as forças de defesa territoriais do país.

Segundo o órgão, os combatentes estavam treinando forças belarussas “em várias disciplinas militares” perto de Osipovichy.

No início desta semana, o presidente Putin revelou que Prigozhin rejeitou uma oferta para seus combatentes se juntarem ao Exército russo como uma unidade regular.

Ele disse ao jornal russo Kommersant que muitos comandantes de grupo apoiaram o plano, a ser liderado por uma figura importante do Wagner, durante as negociações em Moscou em 29 de junho.

Mas, segundo ele, Prigozhin alegou que “os caras [tropas de Wagner] não concordam com essa decisão”.

Putin também disse que, segundo a lei russa, o Grupo Wagner “não existe”, porque grupos mercenários não são oficialmente reconhecidos. Mas essa “questão difícil” deve ser discutida no parlamento, acrescentou o presidente.

O Kremlin parece querer distanciar a imagem do líder do Wagner à de seus combatentes, diz o editor da BBC para a Rússia, Steve Rosenberg, que vive e trabalha em Moscou.

Ele acrescenta que isso explicaria as tentativas da mídia estatal russa de desacreditar Prigozhin.

Desde o motim de 23 de junho, houve relatos conflitantes e não confirmados sobre o paradeiro de Prigozhin.

Ele é um ex-aliado de Putin e já foi apelidado de “chef de Putin” por seus contratos de catering com o Kremlin. Mas as disputas internas entre Prigozhin e o Ministério da Defesa da Rússia sobre a condução da guerra o fizeram cair em desgraça com o governo da Rússia.

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse na quinta-feira que Prigozhin deveria ter cuidado com o envenenamento após o motim.