A supermodelo britânica Kate Moss revelou, em entrevista à BBC, como uma sessão de fotos na adolescência abriu seus olhos para os perigos de abusos da indústria da moda.
Ela contou ao programa Desert Island Discs, da BBC Radio 4, como, quando tinha apenas 15 anos de idade, se viu diante de um homem que queria fotografá-la para um catálogo de sutiãs e que agia de maneira suspeita.
Segundo Moss, durante a sessão de fotos, ele pediu para que ela tirasse o sutiã. A modelo, que viria a se tornar uma das mais famosas do mundo, disse que a experiência “aguçou seu instinto” e que, como resultado, ela poderia “perceber uma situação de perigo a uma milha de distância”.
“Eu tinha apenas 15 anos provavelmente e ele disse: ‘Tire sua blusa'”, contou. “Eu tirei minha blusa, e eu estava me sentindo muito envergonhada e tímida com meu corpo. Então, ele disse ‘tire seu sutiã’. Eu pude sentir que havia algo errado, então peguei minhas coisas e fugi”.
Descoberta por um caçador de talentos aos 14 anos, Moss foi contratada pela agência de modelos Storm em 1988.
A modelo de 48 anos disse à apresentadora da BBC Lauren Laverne que ela costumava ir para os castings em Londres sozinha, munida apenas de um mapa para encontrar os endereços.
Moss se tornou um dos rostos mais famosos da moda e continua sendo procurado por designers e editores de revistas em todo o mundo. Em 1992, ela gravou sua primeira grande campanha publicitária para a Calvin Klein com o ator Mark Wahlberg, conhecido como Marky Mark na época.
Mas Moss disse que a sessão de fotos de roupas íntimas não trouxe boas lembranças. De topless para as fotografias, a modelo disse que se sentiu objetificada, “vulnerável e assustada”.
Ela contou que sofreu de ansiedade severa antes do ensaio fotográfico e que a prescreveram o ansiolítico Valium para que pudesse enfrentar a experiência.
Conselhos à filha
Atualmente Kate Moss tem uma agência de modelos e sua filha Lila Moss está entre as modelos contratadas. Moss disse que conseguiu dar alguns conselhos à filha sobre a indústria da moda.
“Eu disse a ela que ela não precisa fazer nada que não queira”, disse ela. “Se você não quer fazer esse ensaio, se não se sente confortável, se não quer ser modelo, não faça.”
Moss explicou que cuida de seus modelos e garante que um agente esteja sempre com eles nas sessões de fotos para que haja alguém para dizer “não acho que isso seja apropriado”.
Moss também se abriu sobre o apoio que deu ao seu amigo John Galliano, o designer que foi considerado culpado de racismo em 2011, ao fazer comentários sobre judeus num bar, e sobre sua participação como testemunha de defesa de seu ex-namorado Johnny Depp no julgamento por difamação que ele moveu contra Amber Heard, nos EUA.
Moss explicou: “Acredito na verdade e acredito na equidade e justiça.”
“Eu sei que John Galliano não é uma pessoa ruim. Ele tinha um problema com álcool e as pessoas se transformam. As pessoas não são elas mesmas quando bebem e dizem coisas que nunca diriam se estivessem sóbrias”.
E acrescentou: “Eu sei a verdade sobre Johnny. Eu sei que ele nunca me chutou escada abaixo. Eu tive que dizer essa verdade”.
Moss, que teve um relacionamento amoroso com Depp entre 1994 e 1998, foi chamada pela equipe do ator na última semana do julgamento para refutar o boato aludido por Heard de que seu ex-marido havia empurrado a modelo de uma escada na década de 1990.
Em seu breve depoimento, ela negou que Depp a tivesse empurrado. O ator acabou vencendo o processo de difamação que movia contra Heard, que disse ter sido vítima de violência doméstica.
O júri considerou que Heard difamou seu ex-marido em um artigo do Washington Post de 2018 no qual ela escreveu sobre ser “uma figura pública que representa o abuso doméstico”.
De acordo com decisão do júri, as afirmações de Heard são falsas e difamatórias porque tratavam especificamente de seu relacionamento com Depp. O ator será indenizado em US$ 15 milhões (R$ 72 milhões).
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