- Author, Jonathan Amos
- Role, Correspondente de Ciência da BBC
Em julho de 2022, o mundo viu as primeiras imagens feitas pelo superobservatório — JWST, na sigla em inglês.
Para comemorar o aniversário, a agência espacial norte-americana, Nasa, divulgou uma imagem espetacular de uma das partes mais fotografadas do céu.
Trata-se do complexo nebuloso Rho Ophiuchi, que é a região de formação de estrelas mais próxima de nós no espaço, com distância de 400 anos-luz em relação à Terra.
Tanto os astrônomos profissionais quanto os amadores gostam de olhar para Rho Ophiuchi, que pode ser encontrado apenas em um lado do plano da Via Láctea.
O que o Webb nos mostra é apenas uma pequena parte dessa densa região de gás e poeira, que é o que você esperaria observar, dada a surpreendente resolução do telescópio.
A imagem inteira tem cerca de meio ano-luz de diâmetro, ou 4,7 trilhões de quilômetros.
O olhar é imediatamente atraído para a nebulosa branca na região centro-esquerda da imagem, onde uma estrela relativamente jovem — com alguns milhões de anos — chamada S1 ilumina tudo ao redor.
Abaixo dela, é possível ver uma estrutura vermelha que se estende horizontalmente por toda a imagem. Este é o fluxo de material de uma protoestrela chamada VLA1623.
Estrelas muito jovens — com a idade medida em meros milhares de anos — puxam gás hidrogênio e poeira para si mesmas à medida que crescem.
Mas a dinâmica envolvida significa que parte desse material também será ejetado para colidir e iluminar o ambiente próximo.
A VLA1623 é uma dessas estrelas nascentes. Ela está enterrada no fundo da estrutura e é invisível aos “olhos” infravermelhos do Webb.
Sabemos que o astro está lá, no entanto, porque telescópios sensíveis a comprimentos de onda de rádio já o detectaram.
Eles também encontraram duas ou três outras protoestrelas semelhantes nas imediações, que provavelmente estão contribuindo para as contorções vermelhas da imagem.
Depois de perceber o que está acontecendo na fotografia em torno de VLA1623, você pode escolher fluxos semelhantes em outras partes do horizonte na mesma imagem. Existem muitos detalhes, o que apenas ilustra o quão produtiva é esta região do espaço.
O JWST é um projeto conjunto da Nasa e das agências espaciais europeia (Esa) e canadense (CSA).
Ele foi lançado em 25 de dezembro de 2021, mas os engenheiros precisaram de seis meses para montar o observatório e testar todos os sistemas.
Em 12 de julho de 2022, foram apresentadas as primeiras imagens a cores feitas pelo equipamento.
O objetivo principal do telescópio é rastrear as primeiras estrelas a brilhar no Universo há mais de 13,5 bilhões de anos. Ao longo dos últimos 12 meses, ele já demonstrou que galáxias de estrelas se formaram muito antes e amadureceram muito mais rapidamente do que se pensava ser possível.
O telescópio também tem outros projetos em andamento. Um deles é mostrar os detalhes de como as estrelas são criadas e como elas geram planetas — e é por esta razão que Rho Ophiuchi é um alvo fascinante para o observatório mais poderoso do espaço.
“Há tanta coisa acontecendo nesta imagem espetacular, enquanto estrelas jovens espalham cores vibrantes nas nuvens de gás e poeira das quais estão nascendo”, comentou o professor Mark McCaughrean, consultor sênior da Esa.
“Grande parte das emissões vermelhas brilhante vem de jatos de gás fluindo em alta velocidade de uma protoestrela invisível, a VLA1623. Ela é uma estrela tão jovem que muitas pinturas rupestres da Idade da Pedra são anteriores a ela”, comparou ele.
“O JWST não apenas revolucionará nossa visão de como as galáxias nasceram no início do universo, mas também como as estrelas e planetas são feitos hoje, muito mais perto de casa em nossa própria Via Láctea”, disse o astrônomo à BBC News.
Para sublinhar o que o Webb representa, a imagem acima foi captada pelo agora aposentado telescópio espacial Spitzer da Nasa.
Ele mostra o mesmo complexo Rho Ophiuchi.
Spitzer, como Webb, era sensível à luz infravermelha. Era uma instalação muito capaz, mas com um espelho primário de apenas 85 centímetros de diâmetro.
Com isso, ele nunca poderia ter alcançado o tipo de detalhe que vemos agora com o espelho primário de 6,5 metros do Webb.
Fonte: BBC
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