House of the Dragon, série que estreia neste domingo (21/08) no Brasil e faz parte do universo da célebre Game of Thrones, faz jus ao original?
Essa é a pergunta que os críticos estão tentando responder – e não há um consenso nas avaliações de quem já viu.
Alguns, como o jornal britânico The Guardian, cravam que é “um sucesso estrondoso” e “tão grande quanto a série anterior em seu auge”.
Outros não ficam no mesmo nível de entusiasmo. O Telegraph, também do Reino Unido, disse que fica abaixo das expectativas, enquanto o site americano The Wrap foi mais longe e declarou que “nem faz sombra” a Game of Thrones.
House of the Dragon custou quase US$ 20 milhões (R$ 104 milhões) por episódio e estará disponível para assistir nos EUA e no Brasil a partir do domingo na plataforma de streaming HBO Max.
É baseado em partes do best-seller de 2018 do autor George RR Martin, Fire and Blood, ambientado quase 200 anos antes do início de Game of Thrones.
Lucy Mangan, do Guardian, disse que a série é “um alívio” depois do criticado final da jornada original.
“Resumindo, tudo é como era no auge de GoT“, escreveu ela. “Divertido, movimentado, de ótimo resultado.”
Em sua crítica de cinco estrelas, o jornal The Times descreveu a nova série como “visualmente suntuosa, com boas atuações (na maior parte), escrita de forma aguçada e de conceito inteligente”.
É “acessível para qualquer um que não tenha visto nada de Game of Thrones, mas bastante familiar para aqueles que assistiram a tudo”, de acordo com Ben Dowell.
Enquanto isso, o Los Angeles Times concorda que House of the Dragon “recaptura o poder, a grandeza do original”.
A nova série “imediatamente empurra os espectadores para as visões e sons familiares do universo de Game of Thrones“, escreveu a crítica Lorraine Ali.
Cenas poderosas
“Um estômago forte ainda é necessário ao retornar a Westeros [o continente fictício onde se passa GoT]. Cuidado com decapitações desenfreadas, carrinhos cheios de partes de corpos desmembrados e coisas piores.”
Ali também observou que as primeiras cenas mostrando um parto e as batalhas entre cavaleiros “são poderosas o suficiente para tornar o primeiro episódio um sucesso estrondoso e mostrar que House of the Dragon tem uma compreensão profunda de suas personagens femininas que GoT levou anos para encontrar”.
Inkoo Kang, do Washington Post, disse que o programa se firma, “mas não imediatamente”. É “inicialmente acidentado” e “os três primeiros episódios são particularmente genéricos em seus enredos e de ritmo pesado”, escreveu ela.
Ela diz que os criadores da série “colocam todas as peças no tabuleiro” nos seis episódios disponibilizados para os críticos (no total a primeira temporada tem 10 capítulos).
Personagens femininas
“Mas uma vez que o jogo está finalmente pronto para começar, as coisas se tornam rapidamente promissoras. A relação espinhosa entre as ex-amigas Rhaenyra e Alicent se torna particularmente fascinante, com as questões da fervilhante e potencialmente mortal competição entre as duas agravadas pela maternidade.”
De acordo com o The Hollywood Reporter, House of the Dragon é principalmente a história de Rhaenyra, interpretada na idade adulta por Emma D’Arcy, e da Alicent de Olivia Cooke “navegando os caminhos em direção ao poder em um mundo dominado por homens, sendo criada por homens que não têm ideia de como criá-las, enquanto [o ator] Matt Smith monta em dragões e destrói cenários”.
O ex-astro da série Doctor Who interpreta o intrigante Príncipe Daemon Targaryen. O crítico Daniel Fienberg disse que ele “é teatral demais, mas sempre de uma maneira divertida; ele dá o melhor entre as performances secundárias”.
Outra estrela britânica na série é Paddy Considine como Viserys Targaryen, e o enredo se concentra em sua dinastia e quem o sucederá como governante dos Sete Reinos.
‘Precisa encontrar sua própria voz’
“A maior parte do nosso tempo é gasto em Porto Real [a capital dos Sete Reinos de GoT], em vez da abordagem da série original”, disse Fienberg. “São muitos Targaryens e muito incesto.”
Há também “muita coisa impressionante nos primeiros seis episódios”, escreveu ele. Mas acrescenta: “A série precisa encontrar sua própria voz, mas se essa voz ficar demais no estilo Targaryen, o inverno pode chegar”.
O programa é “razoavelmente inteligente e bem montado” e “firmemente focado na intriga palaciana”, disse o jornalista do New York Times Mike Hale.
“É um pouco como o atual grande sucesso da HBO, Succession, com dragões em vez de helicópteros.”
‘Os personagens não são marcantes’
Hale acrescenta: “Mas essa seriedade de proposta não se traduz em um drama envolvente. Há muita conversa em mesas sobre os problemas do reino, algo que seria bom em moderação.”
“Os personagens não são marcantes, parecem saídos de uma linha de produção de George RR Martin de tipos de fantasia medieval. E quando a série entra na parte de batalhas ou de romance, a direção parece mecânica também, mas sem a camada empolgante de efeitos especiais que Game of Thrones oferecia.”
A revista Rolling Stone foi crítica, dizendo que House of the Dragon contém “toda a intriga palaciana de sua série original sem nenhuma sagacidade ou energia”.
Os personagens são “quase uniformemente monótonos”, enquanto as cenas são ocupadas por “uma gangue de Targareyns muito sisuda que dá a todo o projeto o ar das séries derivadas de Star Wars”, disse Alan Sepinwall.
“Enquanto Matt Smith continua sendo marcante na frente das câmeras, sua performance anterior como o príncipe Philip de The Crown se incorpora um pouco demais ao atual personagem. Ele interpreta Daemon mais como uma criança petulante que cresceu demais do que o quase o mítico guerreiro que a série quer que ele seja.”
‘Surpreendentemente sem vida’
Sepinwall conclui: “Não importa quantos dragões feitos de efeitos especiais a série tenha a oferecer, a nova jornada não reacenderá o fogo nos corações dos espectadores que amaram Game of Thrones pelos personagens”.
Thelma Adams do The Wrap também não foi conquistada, escrevendo que, apesar de todo sangue derramado e vidas ceifadas nas cenas, “o clã Targaryen parece surpreendentemente sem vida (e sem humor) em um roteiro solto que termina os episódios sem os chocantes cliffhangers [finais empolgantes] de antes”.
Ela acrescenta que o enredo “nunca decola”: “Rhaenyra não é Daenerys. A sagacidade que sempre esteve lá para fermentar até os momentos mais pesados? Desapareceu. O sexo? Sem graça. Principalmente, são pessoas desagradáveis fazendo coisas desagradáveis um contra o outro, com menos tensão e sem aventuras com dragões”.
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