Os líderes do grupo palestino Hamas aceitaram os termos de uma proposta de cessar-fogo com Israel negociada pelos governos de Egito e Catar.
Em um pronunciamento na segunda-feira (6/5), o grupo diz ter informado sua decisão aos países mediadores.
Após a declaração do Hamas, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que o gabinete de guerra do país decidiu continuar sua campanha em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, num esforço para pressionar o Hamas a libertar reféns.
Netanyahu disse ainda que, embora a proposta apresentada pelo Hamas não atenda às exigências de Israel, uma delegação de trabalho será enviada para negociar.
O que estaria previsto no acordo
Um alto funcionário palestino, familiarizado com o acordo de cessar-fogo, diz que o Hamas concordou em pôr fim à “atividade hostil para sempre” se as condições da trégua forem cumpridas.
Segundo Rushdi Abualouf, correspondente da BBC em Gaza, a frase sugere que o Hamas pode estar contemplando o fim da sua luta armada, embora não tenham sido fornecidos mais detalhes.
O acordo aceito pelo grupo prevê um cessar-fogo em duas fases, com duração de 42 dias cada.
A primeira fase incluiria a libertação de mulheres soldados israelenses mantidas como reféns, em troca de 50 prisioneiros palestino cada, incluindo alguns que cumprem penas de prisão perpétua.
Durante este período, as tropas israelenses permaneceriam em Gaza – mas dentro de 11 dias após a entrada em vigor do cessar-fogo, Israel deverá começar a desmantelar suas instalações militares no centro da Faixa de Gaza e deverá se retirar da Estrada Salahuddin e da Estrada Costeira.
Após 11 dias, os palestinos seriam autorizados a regressar ao norte da Faixa de Gaza.
A segunda fase terminaria com um “longo período sustentável de calma” e a retirada completa do bloqueio a Gaza, informa o correspondente da BBC.
Operação em Rafah
O Exército israelense ordenou aos palestinos nesta segunda-feira que abandonassem algumas áreas a leste da cidade de Rafah, antecipando uma operação “limitada” no sul da Faixa de Gaza.
Cerca de 100 mil pessoas foram orientadas a dirigir-se para uma “zona humanitária ampliada” em Khan Yunis e Al-Mawasi.
A Organização das Nações Unidas (ONU) e os Estados Unidos alertam que um ataque a Rafah, onde mais de um milhão de palestinos já deslocados se refugiam, poderá ter consequências catastróficas.
Um alto funcionário do Hamas, Sami Abu Zuhri, disse à agência Reuters que a ordem israelense representa “uma escalada perigosa que terá consequências”.
Netanyahu insiste há meses que a vitória contra o Hamas não pode ser alcançada sem uma ofensiva em grande escala em Rafah.
De acordo com seu governo, os quatro batalhões restantes do Hamas, totalizando milhares de combatentes, estão escondidos lá.
O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, descreveu a ordem de evacuação desta segunda-feira como “inaceitável”.
“A UE, juntamente com a comunidade internacional, pode e deve agir para evitar este cenário”, escreveu ele no X.
O presidente dos EUA, Joe Biden, falou por telefone com Netanyahu sobre Rafah nesta segunda-feira.
Biden “reiterou sua posição clara” de que não apoia uma invasão de Rafah sem um plano para ajudar os civis que estão ali abrigados.
De acordo com a Casa Branca, Netanyahu “concordou em garantir que a passagem de fronteira de Kerem Shalom esteja aberta para ajuda humanitária aos necessitados”.
No local, quatro soldados israelenses foram mortos em um ataque com foguetes do Hamas no domingo.
Fonte: BBC
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