• Claudia Allen e Patrick Jackson
  • Da BBC News

Crédito, ANDREY BORODULIN/AFP

Legenda da foto,

Foto de soldado russo na Usina Nuclear de Zaporizhzhia em Energodar tirada em maio de 2022

Uma enorme usina nuclear ocupada pela Rússia durante a invasão da Ucrânia está “completamente fora de controle”, disse o chefe da agência nuclear da ONU.

Em entrevista à agência de notícias Associated Press, o argentino Rafael Grossi, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), afirmou que a fábrica de Zaporizhzhia, no sul ucraniano, precisava de uma inspeção e de reparos.

“Há uma série de coisas que nunca deveria estar acontecendo em nenhuma instalação nuclear”, assinalou.

A maior usina nuclear da Europa está localizada perigosamente perto dos combates.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, acusou a Rússia no início desta semana de usar a usina, invadida em março, como base militar para lançar ataques contra forças ucranianas.

A Ucrânia diz que os russos estacionam tropas e armazenam equipamentos militares nos terrenos da usina, localizada no rio Dnipro, no sul da Ucrânia.

Mas um funcionário russo que atua na região alegou à agência de notícias Reuters que forças ucranianas estavam usando armas fornecidas pelo Ocidente para atacar a usina.

Segundo Yevgeny Balitsky, a Rússia está pronta para mostrar à AIEA como vem protegendo a instalação nuclear dos ataques dos ucranianos.

Quando os russos tomaram a usina, o bombardeio das instalações causou um clamor internacional.

A usina ainda está operante, com funcionários ucranianos sob controle russo.

Em uma entrevista coletiva na sede da ONU em Nova York, Grossi disse: “A situação é muito frágil. Todos os princípios de segurança nuclear foram violados de uma forma ou de outra e não podemos permitir que isso continue”.

O diretor-geral da AIEA disse que estava tentando montar uma missão o mais rápido possível para visitar a instalação, mas isso exigia a aprovação dos lados ucraniano e russo, bem como autorização da ONU, dados os riscos envolvidos em visitar a zona de guerra.

Em junho, a estatal nuclear da Ucrânia disse que o país não havia convidado a agência da ONU, pois qualquer visita legitimaria a presença da Rússia ali.

Nesta semana, Grossi disse que ele e sua equipe precisavam de proteção para chegar a Zaporizhzhia — ou seja, da cooperação da Rússia e da Ucrânia. “Estou pedindo a ambos os lados que deixem esta missão prosseguir”, disse ele.

Os contatos da agência da ONU com a equipe da instalação foram “irregulares” e a cadeia de suprimentos de equipamentos e peças sobressalentes está interrompida, explicou Grossi à AP. Havia também muito material nuclear que precisava ser inspecionado, acrescentou.

“Enquanto esta guerra continua, a inação é inconcebível”, disse ele. “Se ocorrer um acidente na Usina Nuclear de Zaporizhzhia, não teremos um desastre natural para culpar — teremos que responder apenas a nós mesmos. Precisamos do apoio de todos.”

Acusando os russos de usar a usina como um “escudo nuclear”, o secretário Blinken disse: “É claro que os ucranianos não podem revidar para que não haja um terrível acidente envolvendo a usina nuclear”.

Em 1986, o norte da Ucrânia foi palco do pior desastre nuclear do mundo quando um reator na usina de Chernobyl explodiu.

As forças russas também tomaram Chernobyl logo após a invasão em 24 de fevereiro deste ano, mas se retiraram após cinco semanas. Computadores no local foram saqueados ou danificados, mas as estruturas principais na usina desativada não foram afetadas.

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