O general mais graduado dos Estados Unidos estima que cerca de 100 mil soldados russos e 100 mil ucranianos foram mortos ou feridos na guerra na Ucrânia.
O general Mark Milley, presidente do Estado-Maior Conjunto dos EUA, também sugeriu que cerca de 40 mil civis morreram no conflito.
As estimativas são as mais altas já divulgadas por uma autoridade ocidental.
Ele também disse que os sinais de que Kiev estava disposta a retomar as negociações com Moscou oferecem “uma janela” para as negociações.
Nos últimos dias, a Ucrânia sinalizou a disposição de manter algumas discussões com Moscou, depois que o presidente Volodymyr Zelensky desistiu de exigir que seu oponente, Vladimir Putin, fosse removido do poder antes que as negociações pudessem ser retomadas.
Em fala em Nova York, o general Milley acrescentou que, para que qualquer conversa seja bem-sucedida, tanto a Rússia quanto a Ucrânia teriam que chegar a um “reconhecimento mútuo” de que uma vitória em tempo de guerra “talvez não seja alcançável por meios militares e, portanto, você precisa recorrer a outros meios”.
O general de alto escalão — que atua como conselheiro militar mais graduado do presidente dos EUA, Joe Biden — disse que a escala de vítimas pode convencer Moscou e Kiev da necessidade de negociar nos próximos meses de inverno, quando os combates podem diminuir devido às condições de congelamento.
“Você está olhando para mais de 100 mil soldados russos mortos e feridos”, disse o general Milley. “A mesma coisa provavelmente no lado ucraniano.”
Tanto a Ucrânia quanto a Rússia guardam em segredo seus números de vítimas.
A última atualização de Moscou, em setembro, disse que apenas 5.937 soldados foram mortos desde o início do conflito. O ministro da Defesa, Sergei Shoigu, descartou relatos de um número de mortos significativamente maior.
A estimativa do general Milley é nitidamente maior. Para termos de comparação, estima-se que 15 mil soldados soviéticos morreram no conflito de 1979-89 no Afeganistão.
A Ucrânia vem se negando a fornecer números de vítimas. Mas em agosto, o comandante-chefe das forças armadas, Valeriy Zaluzhniy, foi citado na mídia ucraniana dizendo que 9 mil soldados ucranianos tinham morrido até o momento.
A ONU disse que não considera confiáveis os números divulgados pelos envolvidos no conflito.
“Houve uma tremenda quantidade de sofrimento, sofrimento humano”, disse o general Milley. Ele também observou que foram gerados entre 15 e 30 milhões de refugiados desde que a Rússia lançou sua invasão em 24 de fevereiro.
A ONU registrou 7,8 milhões de pessoas como refugiadas da Ucrânia em toda a Europa, incluindo a Rússia. No entanto, o número não inclui aqueles que foram forçados a fugir de suas casas, mas permanecem na Ucrânia.
Na quarta-feira (9/11), Moscou anunciou que suas tropas começariam a se retirar da importante cidade de Kherson, no sul, a única grande cidade a cair nas mãos das forças russas.
O general Milley disse que, embora “indicadores iniciais” sugerissem que uma retirada havia começado, ele observou que a Rússia reuniu cerca de 20 a 30 mil soldados na cidade, e a retirada pode levar várias semanas.
“Eles fizeram o anúncio público de que estão fazendo isso. Acredito que estão fazendo isso para preservar sua força para restabelecer as linhas defensivas ao sul do rio (Dnieper), mas isso ainda precisa ser visto”, disse ele.
Em setembro, o presidente russo, Vladimir Putin, convocou cerca de 300 mil reservistas para lutar na Ucrânia.
Especialistas militares no Ocidente e na Ucrânia dizem que a necessidade de mobilização é um sinal de que as tropas russas estão fracassando demais nos campos de batalha na Ucrânia.