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Frevo reina absoluto em megamural criado pelo artista Vários Nomes no coração do Recife

A intervenção artística celebra o mais pernambucano dos ritmos na fachada do Edifício Guiomar, na Boa Vista. A iniciativa, promovida pela Prefeitura do Recife por meio da Secretaria Executiva de Inovação Urbana, destaca o Frevo e a dança como elementos da identidade recifense. (Foto: João Borges)

O artista Vários Nomes deu vida a uma tela gigante a céu aberto no Edifício Guiomar, localizado na Rua Princesa Isabel, no bairro da Boa Vista, que imortaliza a essência do Frevo e presta uma homenagem às passistas Inaê Silva e Rebeca Gondim. Com a arte intitulada ‘A rua cria e a cidade dança’, o megamural coloca em destaque a energia pulsante e contagiante do Frevo, símbolo inigualável da cultura pernambucana. 

A iniciativa, promovida pela Prefeitura do Recife por meio da Secretaria Executiva de Inovação Urbana (SEIURB), contou com a parceria da Tintas Iquine. A obra do artista Vários Nomes está localizada no mesmo edifício do megamural ‘Naná Vasconcelos, Sinfonia & Batuques’, porém voltada para a Rua da Saudade. Ela também foi inspirada pelo tema ‘Recife Cidade da Música’ e resulta do Edital de Credenciamento para Realização de Intervenções Artísticas em Empenas Cegas, o primeiro do gênero em Pernambuco.

O Frevo, como manifestação cultural intrinsecamente ligada à cidade, é descrito por Nomes como “o transbordamento dos passos guiados pela música, carregando a força das ruas, becos e vielas do centro à periferia, da mesma forma que o graffiti”. Nesta obra, o artista captura a essência desses movimentos, ora harmoniosos, ora caóticos, os quais refletem a sincronia entre a música, através de uma personagem que toca saxofone, e a expressão corporal, que retrata grandiosamente as passistas Inaê Silva e Rebeca Gondim. 

“É espontâneo, dinâmico, popular, regional e erudito ao mesmo tempo. É uma simbiose entre capoeira, ballet, cossaco e muitas outras formas de expressar com o corpo o sentimento provocado pela música. O compasso é acelerado, os movimentos, frenéticos. Os passos são batizados com nomes das ferramentas dos operários, representando fielmente a vibração do povo que o criou”, completa Nomes. O mural congela um momento do ritmo expansivo do Frevo, homenageando não apenas a dança, mas também toda a energia inerente à cultura local.

A artista e letrista Bubu foi convidada para assinar as paredes laterais da empena, onde criou a tipografia que ressalta o nome da obra. “Por ser letrista e mulher, é muito difícil ocupar certos espaços, principalmente com essa estética de pixadora”, declara. Para esse megamural, Bubu trouxe uma letra mais legível, de leitura rápida e clara, mas sem deixar de lado os traços urbanos da pixação. “A escrita tem o poder de ocupar espaços, resistir ao tempo e dialogar com a cidade. Letra é história, é comunicação e ainda irá dominar o mundo das artes”, completa.

Nessa obra, os artistas Arem, Yony e FX também se encontram, deixando cada um a sua marca. Vários Nomes conta que “o processo de escolha das tintas foi totalmente orgânico, com várias camadas sobrepostas até atingir o tom ideal”. Sua assinatura, no estilo bomb característico do graffiti, fruto de sua vivência e trajetória nas ruas, é acompanhada por pixels que irrompem da escrita, criando uma atmosfera festiva que evoca a energia dos confetes. O artista compartilha que aqueles que contemplarem o megamural sob a luz do sol poderão vislumbrar o reflexo da purpurina nas bochechas das personagens, agregando um toque mágico à composição.

No último dia 05 de dezembro, completaram-se 11 anos desde que o Frevo foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco, em 2012. Para a secretária executiva de Inovação Urbana, Flaviana Gomes, o megamural é mais do que uma representação artística, é um convite para apreciar e mergulhar na cultura do Recife. “Ele está bem no centro da cidade, um lugar onde todos se encontram, tanto moradores quanto turistas. Seja para trabalhar, estudar ou passear, o coração da cidade tem essa efervescência, igual ao frevo. É uma arte que ecoará na cidade por anos a fio”, enfatiza. 

EDITAL MEGAMURAIS – Ao todo foram classificados 24 projetos que retratam através da arte o tema “Recife Cidade da Música”, em que quatro deles estão concluídos e dois estão em andamento. A contratação para execução dos megamurais se dá em conformidade com a ordem classificatória dos aprovados estabelecida por meio de pontuação e depende da viabilidade técnica e liberação das empenas, bem como da disponibilidade orçamentária durante o tempo da vigência do Edital. O valor pago pelos serviços prestados é de R$ 75 mil, correspondente ao tamanho padrão da empena de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) metros quadrados – ficando sob a responsabilidade do proponente credenciado a totalidade dos custos referentes ao planejamento e a execução  das intervenções artísticas em empenas cegas (fachadas sem aberturas) de edifícios de visibilidade pública no Recife.

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