*Este texto está sendo atualizado
O senador e ex-prefeito de Bogotá Gustavo Petro foi eleito neste domingo (19/6) presidente da Colômbia.
Ex-combatente do grupo armado M-19, atuante durante a década de 1980, ele se torna o primeiro presidente de esquerda do país.
Esta é a terceira vez que Petro tenta chegar à presidência do país. Aos 62 anos, é economista especializado em meio ambiente.
“Hoje é dia de festa para o povo. Que festeje a primeira vitória popular. Que tantos sofrimentos sejam amortecidos pela alegria que inunda o coração da pátria. Esta vitória é para Deus e para o povo e sua história. Hoje é o dia das ruas e das praças”, escreveu o presidente eleito Twitter.
Petro já havia alcançado votação expressiva no primeiro turno – 8,5 milhões, 40,34% do total de votos válidos, percentual histórico para um candidato de esquerda.
Em um vídeo divulgado em suas redes sociais na noite de domingo, o rival, Hernández, que concorreu de forma independente e sem ligação com partidos, reconheceu a derrota.
“Aceito o resultado, como deve ser se queremos que nossas instituições sejam sólidas”, declarou.
“Desejo ao doutor Gustavo Petro que saiba conduzir o país, que seja fiel ao seu discurso contra a corrupção e que não decepcione aqueles que confiaram nele”, completou.
As razões que explicam a vitória de Petro
Análise de Daniel Pardo, correspondente da BBC Mundo (serviço em espanhol da BBC)
Gustavo Petro rompe com a História da Colômbia ao se tornar o primeiro presidente da esquerda pura e dura. O projeto de paz e reconciliação superou, desta vez, o de pragmatismo e crescimento econômico. Foram necessários 40 anos de carreira política.
Quatro razões pelas quais ele ganhou:
Primeiro, sua trajetória. Começou como guerrilheiro. Depois, como deputado, denunciou o pior da corrupção e das violações aos direitos humanos. Em seguida, usou a prefeitura de Bogotá como plataforma para a presidência. E em sua terceira candidatura, ganhou.
Em segundo lugar, a conjuntura. Um processo de paz que abriu janelas para um futuro diferente, duas convulsões sociais, uma pandemia que aprofundou a pobreza e um governo impopular de Iván Duque geraram o momento certo para uma presidência do Petro.
Terceiro, a crise da classe política. Como nunca antes, os colombianos concordaram em tirar “os mesmos de sempre” do poder, atualmente nas mãos do impopular Iván Duque. Com Álvaro Uribe legalmente questionado, a centro-direita ficou dividida e desacreditada.
E quarto, o país de 60 anos de guerra elegeu um ex-guerrilheiro. E isso se deve a uma mudança geracional que deixou para trás a dicotomia da Guerra Fria e passou a falar de desigualdade, meio ambiente e direitos sociais. Petro soube representar essa nova Colômbia.
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