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Entenda por que o peixe-leão, que foi achado em Itamaracá, é perigoso e uma ameaça à biodiversidade

Dois exemplares de peixe-leão foram encontrados em Pernambuco no último fim de semana. Em Itamaracá, no Litoral Norte do Estado, os animais foram achados por pescadores. Nessa segunda-feira (27), mais um peixe-leão foi encontrado no litoral do estado vizinho da Paraíba.

“O registro de Itamaracá não foi tão próximo da praia. Ele foi encontrado numa região mais profunda, perto de 30 metros de profundidade, mas já é muito próximo da costa”, afirmou a cordenadora do Projeto Conservação Recifal, Gislaine Lima.

Há registros de peixes da espécie achados em Fernando de Noronha em dezembro de 2020, mas a primeira aparição do peixe-leão no Brasil notificada ocorreu em 2014, em Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro. Na ocasião, não houve maiores consequências pois o que ocorreu foi uma libertação de peixes que estavam num aquário. A espeéce já foi encontrada também no Piauí.

Invasor, o peixe-leão é nativo dos ecossistemas de recifes da região do Indo-Pacífico, que compreende as costas dos oceanos Índico e Pacífico. O peixe tem 18 espinhos espalhados pelo corpo e carrega um enorme potencial de prejuízo ao ecossistema marinho e à biodiversidade.

“Ele não é um peixe que vai atacar, mas, se alguém for interagir com ele, pode sofrer um acidente, porque ele tem espinhos dorsais que produzem uma peçonha, que pode causar vermelhidão, necrose na área atingida ou choque anafilático”, alertou Gislaine Lima.

O veneno do peixe-leão pode ser inoculado em quem entrar em contato através dos 18 espinhos localizados nas regiões dorsal, pélvica e anal. Em humanos, esse encontro também pode provocar dor intensa localizada, seguida de edema local, náuseas, tontura, fraqueza muscular, respiração ofegante e dor de cabeça.

Em abril do ano passado, um pescador da cidade de Barroquinha, no Ceará, se feriu com um peixe-leão e chegou a ser hospitalizado com febre e convulsões. Esse foi o primeiro registro de incidente com o invasor no Brasil. 

Segundo o Diário do Nordeste reportou na ocasião, o pescador trabalhava em um curral de pesca quando furou o pé em um dos espinhos do animal. Ele teve sete perfurações em um dos pés.

Como o animal não pertence à biodiversidade brasileira, predadores da nossa fauna não o reconhecem como presa, o que causa o desequilíbrio ambiental.

“O peixe-leão representa uma nova fase de desequilíbrio ambiental. A espécie é predadora, ele acaba consumindo todos os peixes. Um predador dele seria o peixe mero, mas a realidade do Nordeste do Brasil é que há poucos meros. Eles estão ameaçados de extinção e não vão dar conta de fazer o manejo do peixe-leão sozinhos”, afirmou Gislaine.

O peixe-leão


– Capaz de sobreviver a profundidade de até 300 metros em águas frias e quentes


– Fecunda 2 milhões de ovos por ano


– Alcança a maturidade ao completar 1 ano de idade


– Originário do Indo-Pacífico, espalhou-se pelo Caribe e sul dos Estados Unidos antes de chegar ao Brasil


– É um predador voraz: destrói a biodiversidade do local invadido


– Diminui a quantidade de recursos pesqueiros 


– Causa acidentes com banhistas

Origem do peixe-leão


Alguns peixes-leões foram levados aos Estados Unidos para serem criados em aquários, mas escaparam para a natureza e, desde então, representam ameaça e alerta, já que não têm predadores naturais, são excelentes predadores e podem causar danos irreversíveis ao ecossistema marinho das regiões onde invadem.

Peixes da espécie já foram achados no Oceano Atlântico Norte, no Caribe e, no Brasil, antes de aparecer em Fernando de Noronha, houve registros na região Norte e em Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro.

Os espécimes costumam viver cerca de 15 anos e a até 300 metros de profundidade. Pode alcançar até 40 cm de comprimento na fase adulta. De hábito noturno, esses peixes costumam se alimentar de pequenos peixes e, normalmente, os comem vivos, mas, em cativeiro, podem comer camarões congelados. 

Como lidar?


A orientação da coordenadora Gislaine Lima é que, caso o peixe-leão seja avistado, não deve ser tocado, e autoridades devem ser acionadas para a retirada do animal do mar.

“Se possível, marcar as coordenadas geográficas do ponto onde viu ou ponto de referência e passar as informações para as autoridades ambientais, como as secretarias de meio ambiente das cidades. Ele é territorialista, vai estar próximo ao local onde foi visto. O mergulhador vai conseguir encontrar”.

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