Enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, além de entidades sindicais, aderiram à paralisação nacional e realizaram uma manifestação pelas ruas do Recife, nesta quarta-feira (21).
Os profissionais são contra a suspensão da lei que estabelece o piso da enfermagem, determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, no início deste mês. Eles cobram do Senado a indicação das fontes de custeio para a implementação da lei que teve seus efeitos suspensos por 60 dias.
A concentração ocorreu às 8h, na Praça do Derby, área central da cidade. Em seguida, houve uma caminhada pela avenida Agamenon Magalhães, em direção ao polo médico da Ilha do Leite, também na área central.
Para a presidente em exercício do Sindicato dos Enfermeiros em Pernambuco (Serpe), Joana Darc de Oliveira, o piso salarial é um direito do trabalhador da enfermagem.
“A gente não precisava estar passando por tudo isso para poder ter o nosso direito garantido. A lei existe, é direito do trabalhador da enfermagem, então o sentimento que a gente tem é que estamos aqui mais uma vez nos desdobrando para nos fazer ouvir por todos. Estamos mais uma vez lutando contra o sistema“, destacou.
Os manifestantes seguiram até o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), no bairro dos Coelhos. De lá, caminham até o Hospital da Restauração, no bairro do Derby, onde encerram o protesto.
“Esse dia de hoje demarca o início de um período de resistência que está por vir, um período onde a gente vai ter que ocupar muito a rua, ter muita organização da categoria da enfermagem, muita mobilização da sociedade a favor da nossa luta. A gente fala de um fortalecimento do sistema de saúde quando valorizamos uma categoria tão gigante como a enfermagem, que está do início ao fim com o paciente”, pontuou a enfermeira Amanda Araújo.
Além do Recife, o ato foi realizado nesta quarta-feira em Caruaru, Limoeiro, Garanhuns, Serra Talhada, e Petrolina.
De acordo com o Sindicato Profissional dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem de Pernambuco (Satenpe), além da manifestação, a categoria também aderiu, desde a meia-noite, a paralisação nacional das atividades, que deve durar 24 horas, convocada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS). Mais de 100 mil profissionais pernambucanos participaram de diversas atividades, garantindo os serviços essenciais.
“Profissionais que trabalham diuturnamente dentro desse contexto pandêmico, perdendo vidas, familiares, amigos, nós nos sentimos muito desconsiderados por parte dos poderes da república. E diante disso decidimos parar as nossas atividades no dia de hoje, claro que mantendo os serviços essenciais. Mas se o nosso piso não for pago vamos cruzar os braços por tempo indeterminado”, explicou o presidente do Satenpe, Francis Herbert.
Segundo o Satenpe, o Tribunal Regional do Trabalho concedeu liminar que autoriza a paralisação, possibilitando que até 20% do efetivo das unidades de saúde possa aderir.
Entenda o caso
No dia 4 de agosto, o presidente Jair Bolsonaro sancionou a lei 14.434, que estipula que o piso salarial da categoria no país, que não era estabelecido em âmbito nacional, passe a ser de R$4.750 para o enfermeiros, 70% desse valor para técnicos e 50% para auxiliares e parteiras.
No último dia 4 de setembro, o ministro Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu o novo piso salarial nacional da enfermagem. A decisão dá um prazo de 60 dias para os entes públicos e privados da área da saúde esclareçam o impacto financeiro, os riscos para empregabilidade no setor e eventual redução na qualidade dos serviços.
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