Depois de viajar mais de 500 quilômetros e receber as homenagens de quase 100 chefes de estado de todo o mundo — e de centenas de milhares de pessoas que esperaram por mais de 15 horas na fila, os restos mortais da rainha Elizabeth 2ª chegam nesta segunda-feira (19/09) ao seu destino final.
Trata-se da Capela Memorial do Rei George 6º, no Castelo de Windsor.
Neste pequeno recinto, encontram-se os restos mortais do pai de Elizabeth 2ª, o rei George 6º, assim como de sua mãe, Elizabeth Bowes — mais conhecida como rainha-mãe — e sua irmã Margaret. Ela fica ao lado da famosa capela real de São Jorge, onde a maior parte dos membros da realeza está sepultada no Reino Unido.
Os restos mortais do príncipe Philip — marido de Elizabeth 2ª que faleceu em abril de 2021 após mais de 73 anos casados — também serão transferidos para esta pequena capela.
Eles foram depositados inicialmente na chamada cripta real da capela de São Jorge — e agora serão realocados para que repouse junto à esposa.
A Capela Memorial do Rei George 6º, que funciona como um anexo, foi construída em 1969 por ordem de Elizabeth 2ª, com a ideia de que repousariam ali não só os restos mortais de seus pais, como também os dela e do príncipe Philip, uma vez que ambos tivessem falecido.
O local tem uma gravura dourada com a imagem do pai de Elizabeth 2ª e, no chão, uma placa escura com letras douradas onde estão os nomes de George 6º e da rainha-mãe, com os respectivos anos de nascimento e falecimento.
Mas a rainha Elizabeth 2ª estará rodeada não apenas por sua família, como também por toda a história contida no local adjacente à sua sepultura: a capela real de São Jorge.
Túmulo de reis
A Capela de São Jorge, localizada ao lado do Castelo de Windsor — talvez a residência real onde Elizabeth 2ª passou mais tempo —, não é simplesmente um lugar de oração.
Ao longo de suas estruturas, reconhecidas como um notável exemplo da arquitetura gótica inglesa, estão as sepulturas de nove reis da Inglaterra, além de inúmeros representantes da realeza.
Tanto que superou a famosa Abadia de Westminster como o local com o maior número de túmulos de membros da monarquia britânica.
Embora o Castelo de Windsor remonte quase ao século 11, a capela em si foi encomendada por Eduardo 4º em 1475 — e oito anos depois ele se tornou o primeiro monarca a ser sepultado lá.
As obras de construção foram concluídas em 1528, quando o plano de Henrique 8º para a cripta da capela foi finalizado.
Na verdade, Henrique 8º, um dos reis mais conhecidos da história britânica, também está enterrado lá.
Um dos principais setores da capela de São Jorge é a chamada cripta real, localizada abaixo da nave central.
Ali estão os túmulos de três reis: George 3º, George 4º e William 4º, junto a outros 21 membros da realeza, incluindo a princesa Alice, mãe do príncipe Philip.
Mas em outros cantos da capela há túmulos de mais monarcas, como Charles 1º, que foi decapitado durante a Guerra Civil Inglesa (1642-1651), Henrique 6º, que inspirou uma das obras mais famosas do dramaturgo inglês William Shakespeare, e Jorge 5º.
Ordem da Jarreteira e muitos casamentos
Mas, para muitos especialistas, a capela, além de abrigar os restos mortais de membros da realeza, tem importância histórica por ser o local onde são apresentados os novos membros da Ordem da Jarreteira.
Esta ordem, à qual pertencia a rainha Elizabeth 2ª e também o atual rei Charles 3º, é a mais importante do Reino Unido: é composta apenas por um pequeno grupo de pessoas selecionadas justamente pelo soberano em exercício.
E suas reuniões e cerimônias — com rituais que remontam à Idade Média — acontecem na capela de São Jorge, cujo santo é o padroeiro da Inglaterra e da ordem.
E tem mais: ao mesmo tempo em que é o centro desta importante honraria da coroa, a capela se tornou um dos lugares preferidos para os casamentos reais.
Talvez o mais famoso já realizado ali tenha sido o do príncipe Harry com Meghan Markle, em 2018.
Também foi palco do casamento do príncipe Edward, filho mais novo da rainha Elizabeth 2ª, com Sophie Rhys-Jones e, um século antes, do futuro Edward 7º com Alexandra da Dinamarca, que viria a ser sua rainha consorte.
Este lugar repleto de história será a morada final de Elizabeth 2ª, após as despedidas dos seus 70 anos de reinado.
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