Se há um consenso, hoje, nas hostes socialistas, é o de que a presença da mulher na chapa majoritária é um ativo determinante. Nessa conta, pesam as presenças da ex-prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, e da deputada federal Marília Arraes na corrida pelo Palácio do Campo das Princesas como variáveis que impõem ao PSB uma responsabilidade ainda maior de ter essa representatividade feminina ao lado de Danilo Cabral, pré-candidato ao Governo do Estado.
Esse cálculo tem levado o partido a entender, inclusive, que o nome da deputada estadual Teresa Leitão pode voltar à superfície do debate sobre a vaga do Senado, a despeito da Resolução Indicativa do PT em favor do deputado federal Carlos Veras. E tal leitura, consequentemente, esbarra na tese de que o deputado federal André de Paula na vaga do Senado seria um caminho viável para resolver dois problemas de uma vez só: “ampliar o palanque”, imprimindo a presença do centro e, ao mesmo tempo, resolver a eleição de alguns deputados federais, uma vez que o espólio dele teria a finalidade de contemplar parlamentares com dificuldade para a reeleição num pleito em que as coligações proporcionais estão proibidas.
O detalhe é que essa lógica vem sendo cada vez mais alvo de questionamentos na aliança comandada pelo governador Paulo Câmara. “O PSB precisa saber se quer eleger a chapa proporcional, resolvendo a vida de meia dúzia de deputados ou ir para eleição numa posição mais nítida, do ponto de vista ideológico, mais identificada com Lula”, argumenta, em reserva, uma liderança da Frente Popular, numa fala que tem ganhado ressonância nos quatro cantos da aliança.
Em outras palavras, a interrogação feita repetidamente, nos últimos dias, nas coxias, é se vale mais dividir o ativo eleitoral de André de Paula entre deputados interessados, ou colar a chapa do ponto de vista ideológico no ex-presidente Lula. Socialistas começam a admitir que André de Paula pode trazer mais contradição para a chapa do que solução, e isso não tem a ver só com a votação dele no impeachment da ex-presidente Dilma Roussef. Mas com o que integrantes da Frente Popular sublinham como “pós-impeachment”. Leia-se: votos dados por ele que esbarram no discurso queo próprio Lula vem adotando hoje, mirando o Planalto.
O pós-impeachment de André
Quando lideranças da Frente Popular passam a realçar o “pós-impeachment” como empecilho para que André de Paula ocupe a vaga do Senado na chapa de Danilo Cabral fazem referência aos votos dados por André em pautas como as reformas Trabalhista e da Previdência. Ainda esta semana, a trabalhista foi alvo de críticas por parte de Lula em evento com as centrais sindicais.
Relevo > Na agenda ao lado de Geraldo Alckmin, Lula falou em reverter a Reforma Trabalhista, citando caso da Espanha. Socialistas atentos admitem ficar claro, desde já, que as contradições com André de Paula na chapa podem ser maiores.
Recado > Uma ala do PSB admite que Paulo Câmara uma “simpatia” nítida por André de Paula, mas ponderam que o gesto dele, de receber o deputado esta semana, como a coluna cantara a pedra, pode ter sido mais um recado a Luciana Santos, que decidiu lançar pré-candidatura ao Senado nessa segunda (18), do que uma garantia de que André teria lugar na chapa. Há sentimento crescente de que PT no Senado aumenta nitidez ideológica.
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Fonte: Folha PE
Autor: Renata Bezerra de Melo
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