Inflação com níveis nunca vistos, alimentos com preços em constante crescimento, incluindo as carnes. Esses são alguns motivos para que os brasileiros consumam, ainda mais, os ovos no seu dia a dia. Alimento principal na mesa de muitos, o ovo vem aumentando, em média, 10% ao ano há 14 anos. Em 2007, o consumo médio era de apenas 120 ovos por pessoa, já em 2022 esse consumo subiu para 262, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (Abpa).
Em Pernambuco, o consumo per capita de ovos era de 300 em 2021. Este ano, houve um aumento considerável na quantidade, porém, também houve uma redução de alojamento e a produção de ovos diminuiu, sendo assim, menos produtos estão sendo ofertados, de acordo com a Associação Avícola de Pernambuco (Avipe). No país, a produção (em bilhões de unidades) em 2022 é de 56.200.
Dificuldades de produção
Conforme a alta demanda de ovos entre os brasileiros, os custos de produção também aumentaram.
“Desde o início da pandemia os preços de milho e soja aumentaram demais, passando o saco do milho de R$ 40 para R$108 e a soja de R$ 1.400 para R$ 3.100 a tonelada. Esses insumos representam 70% dos custos da ração. Portanto, o setor de postura já convive com margens negativas há 17 meses, obrigando o setor a fazer descartes no plantel e assim adequando a produção à nova realidade de consumo. Nesse ano nós ficamos obrigados a reduzir o plantel em todo o Brasil porque não estávamos conseguindo pagar os custos”, destacou o vice-presidente da Avipe, Lula Malta.
A exportação é um grande desafio para a cadeia produtiva. “Com a globalização nós passamos a competir não só aqui no Nordeste. Quando veio a exportação de milho e soja, nós pagamos o preço em dólar, mas quando vendemos o produto é em real. Toda a nossa cadeia produtiva está vinculada à exportação, devido a esses custos. Quando se começa a vender muito milho e soja para o exterior isso afeta bastante o setor produtivo nosso”, pontuou Lula. Segundo a Abpa, a exportação (em toneladas) de ovos no país passou de 6.250 em 2020 para 10.200 em 2022.
De acordo com Lula, o ovo é um alimento completo e com o passar dos anos, o consumo foi crescendo gradativamente.
“O setor de ovos vem crescendo muito desde 2007, porque antes existia o preconceito que o ovo fazia mal. Então a partir das recomendações médica e nutricional esse tabu foi quebrado. Ele é um alimento muito completo, então a população foi aderindo ao consumo e veio esse crescimento acima do normal ficando muito próximo ao Canadá, aos Estados Unidos e à Europa. O ovo só perde para o leite materno e é acessível com várias maneiras de preparo. Com isso, vem a facilidade e a rapidez do seu preparo”, pontuou Malta.
Inflação e o consumo de ovos
A inflação oficial do Brasil, um dos maiores motivos da substituição na mesa dos brasileiros, teve a sua prévia divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), subiu 1,73% em abril, a maior variação mensal do indicador desde fevereiro de 2003 (2,19%). O número também é a maior variação para um mês de abril em 27 anos, desde 1995, quando o índice foi de 1,95%.
Na pesquisa, o setor de alimentação e bebidas teve alta de 2,25% e impacto de 0,47 p.p. O setor teve o segundo maior aumento nos dados de abril.
De acordo com o conselheiro do Centro de Apoio aos Pequenos Empreendimentos de Pernambuco (Ceape) e do Conselho Regional de Economia de Pernambuco (Corecon-PE), Rafael Ramos, com as significativas restrições orçamentárias, também vêm as substituições ou até mesmo o corte definitivo de certos alimentos.
“Em momentos difíceis como esses em relação a questão do preço, passamos por restrições significativas. A gente tem a inflação basicamente generalizada, muito focada também na alimentação e a partir do momento que a gente tem uma inflação de alimentos, as famílias passam a buscar substitutos”, disse o economista.
“Tradicionalmente o substituto de proteínas mais caras, como a carne vermelha, carne branca, o peixe, acaba sendo o ovo, que é capaz de substituir a carne como um complemento em um prato de comida, em um almoço e é muito mais barato. As pessoas recorrem a essa substituição porque o orçamento não está dando mais para que ele compre aqueles produtos que ele comprava antes da inflação”, acrescentou.
Divulgação/ Associação Brasileira de Proteína Animal (Abpa)
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