“Avançado”, “defesa contra o terror”, “uma nova era”.
Nos últimos dias, termos como os listados acima foram utilizados para classificar o sistema de defesa aérea IRIS-T, um poderoso escudo antimísseis que a Ucrânia recebeu da Alemanha nesta semana.
A remessa ocorre depois que os ucranianos pediram mais ajuda a seus aliados após os bombardeios russos sofridos em várias cidades, inclusive em Kiev, a capital.
Após uma reunião em Bruxelas, na Bélgica, 50 países aliados da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) anunciaram o envio de sistemas avançados de defesa aérea.
As armas prometidas por países como Reino Unido, Canadá, França e Holanda incluem mísseis e radares. Anteriormente, os Estados Unidos fizeram promessas semelhantes.
Mas, sem dúvida, o sistema de alta tecnologia que a Alemanha enviou gerou maior impacto, pois trata-se de uma das tecnologias mais avançadas do mundo.
‘Uma nova era’
“Uma nova era na defesa aérea começou na Ucrânia. Os IRIS-Ts alemães já estão aqui”, comemorou o ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, numa postagem no Twitter.
A Alemanha prometeu enviar quatro desses sistemas de defesa de última geração, embora Kiev inicialmente tenha que esperar até o próximo ano para receber os três que restam.
Segundo o governo alemão, esta arma é o sistema de defesa aérea mais moderno do país.
Esses equipamentos são usados para proteger a população, edifícios importantes, objetos e tropas no solo contra ataques que vêm do céu.
Como funciona?
O sistema IRIS-T de médio alcance e alta altitude foi projetado para proteger uma cidade pequena. Ele pode derrubar aviões, mísseis de cruzeiro e drones.
O IRIS-T SL, a versão mais recente, foi testado “com sucesso” pela primeira vez em 2014.
A Diehl Defense, empresa alemã que fabrica o equipamento, afirma que este sistema “é capaz de fornecer proteção contínua de longo prazo”.
“Em combinação com vários sistemas de radar e comando, o IRIS-T oferece as capacidades e os benefícios de um sistema avançado de defesa aérea”, acrescenta a companhia.
De acordo com o jornal alemão Der Spiegel, o sistema “consiste em três unidades: uma plataforma de lançamento acoplada em um caminhão militar com espaço para oito mísseis, um veículo radar e um veículo de comando”.
“Mísseis antiaéreos podem atingir alvos de até 20 quilômetros de altura e 40 quilômetros de distância”, acrescenta o jornal.
O grupo de comunicação alemão Deutsche Welle descreve que os mísseis IRIS-T usam imagens infravermelhas para identificar os alvos.
O serviço russo da BBC também destaca que o radar do sistema é muito sensível e permite detectar facilmente mísseis de cruzeiro que voam numa altitude baixa. Além disso, ele tem a capacidade de rastrear e destruir simultaneamente vários alvos de uma só vez.
O que essa arma significa para a Ucrânia?
Durante meses, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky pediu a seus aliados sistemas de defesa capazes de criar um “escudo aéreo” para a Ucrânia.
Militares ucranianos dizem que o IRIS-T “protegeria o país contra o terror”.
Numa entrevista à Deutsche Welle, Rafael Loss, especialista em defesa do Conselho Europeu de Relações Exteriores, disse que esses novos sistemas “melhorarão significativamente as defesas da Ucrânia, embora sejam necessárias mais unidades”.
Ele alertou que, por ora, não acredita que essa tecnologia seja a “virada definitiva que alguns ucranianos anunciaram”, embora aumente as chances de que “menos civis e alvos militares sejam atingidos”.
O próprio Zelensky disse em 13 de outubro que a Ucrânia atualmente tem “10% do que precisa” em termos de defesa aérea.
A Ucrânia ainda possui antigos sistemas de mísseis antiaéreos da era soviética, que estão sendo modernizados com suprimentos que vêm dos aliados.
Ao longo dos últimos oito meses de guerra, militares ucranianos conseguiram deter as forças da Rússia com bastante sucesso, de acordo com o serviço russo da BBC.
Durante os ataques maciços de 10 a 11 de outubro, por exemplo, a defesa aérea ucraniana derrubou cerca de 60% dos mísseis russos.
Não há dúvidas de que o IRIS-T alemão e as outras armas prometidas pelos membros da Otan fortalecerão a capacidade dos ucranianos de resistir aos ataques russos mas, como dizem os especialistas e o próprio Zelensky, eles continuarão a precisar de mais armas.
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