Nas hostes petistas, a ida da deputada federal Marília Arraes para o Solidariedade é dada como certa. O ex-presidente Lula, após conversa com ela, ontem, comunicou, à cúpula do partido, a saída da parlamentar do PT. A legenda havia antecipado, para esta terça-feira (22), uma reunião da Executiva estadual, visando a homologar o nome de Marília para concorrer à Casa Alta pela chapa da Frente Popular. A despeito de a parlamentar ter reagido duramente, em nota assinada no último domingo (20), à indicação de seu nome, o encontro de hoje está mantido, será às 19h30.
O mal-estar entre petistas é latente e há quem aponte que Marília cuidou de fomentar um sentimento antipetista. Com a desfiliação iminente da deputada, no PT, há, agora, quem aposte no nome da vice-governadora, Luciana Santos, como alternativa possível de receber a benção do partido. Essa hipótese já havia sido levantada anteriormente.
Ainda no final de janeiro, em reunião virtual do PT, PSB e PCdoB, a primeira sobre o cenário local, os comunistas colocaram, pela primeira vez, diante dos petistas, o nome da vice-governadora do Estado à disposição para concorrer ao Senado. Isso casaria com a intenção do PT de formar um “exército no Congresso Nacional” com objetivo de fazer frente ao centrão.
Na ocasião, o nome do senador Humberto Costa ainda figurava como alternativa para cabeça de chapa. Ontem, em meio ao imbróglio envolvendo a desfiliação de Marília, o nome da vice-governadora voltou à tona.
Luciana, que já foi deputada estadual, federal e é presidente nacional do PCdoB, tem relação estreita com o PT, sendo, inclusive, ponte entre a sigla e o PSB em articulações relevantes, como, por exemplo, a que resultou na retirada da candidatura de Marília, em 2018, ao Governo de Pernambuco.
Não se sabe se o PT consegue chegar a um consenso em torno dessa construção, mas ela passou a ser uma das variáveis em jogo. Após reunião com Lula, ontem, em São Paulo Marília Arraes, em nota sucinta, entre outras coisas, disse o seguinte:
“Analisamos a situação eleitoral em Pernambuco e as alternativas que se colocam no Estado, reafirmando o compromisso com a candidatura do presidente Lula para reconstruir o país”.
A deputada anda trabalhando a hipótese de concorrer a governadora pelo Solidariedade. Tem petista dizendo que Lula não deveria subir no palanque.
Augusto Coutinho se filia hoje
De saída do Solidariedade, o deputado Augusto Coutinho já havia comunicado ao presidente nacional do partido, Paulinho da Força, que deixaria a legenda. Mas só assina a ficha de filiação do Republicanos hoje. A formalização da saída de Augusto, de alguma forma, é mais uma variável a se somar no roteiro de Marília Arraes para sacramentar sua filiação ao Solidariedade.
Termômetro > Quem acompanha as movimentações de perto diz que o marqueteiro Edson Barbosa, que já foi braço direito de Eduardo Campos, já fez pesquisa quali e quanti para aferir potencial de Marília Arraes de concorrer a governadora.
Dois… > A vereadora Liana Cirne, à coluna, considera que Marília Arraes “era nome forte para o Senado, cotado, puxadora de votos”. E pondera:
“Claro que foi visto com simpatia, mas não adianta ter simpatia e não ter construção com as correntes do partido”. Liana prossegue: “Porque o processo de construção do PT não se dá nas redes sociais, se dá na Executiva estadual”.
…pesos > Liana avalia ainda: “Marília tinha todas as condições de ter construído alianças, ela teve tempo. Ela não conseguiu construir aliança com Arthur Lira para assumir a 2ª secretaria? É tarefa difícil. Arthuré nome de Bolsonaro. Por que não mostrou disponibilidade para respeitar o processo democrático do PT?”.
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Autor: Renata Bezerra de Melo
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