O Brasil tem 20 nadadores confirmados no Campeonato Mundial paralímpico da modalidade, que será disputado em Funchal (Portugal), entre 12 e 18 de junho. Quatorze deles foram conhecidos na primeira fase do circuito nacional, finalizada no último sábado (2), no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo. A segunda fase do circuito, entre 9 e 10 de abril, também servirá como seletiva para a competição.
Cerca de 200 atletas participaram do evento, que começou na quinta-feira (31), sendo que metade poderia brigar por vagas no Mundial, por terem classificação internacional (ou seja, estarem devidamente categorizados, conforme o grau da deficiência, para competições no exterior). Pelos critérios do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), se o nadador atingisse o índice estabelecido pela entidade em ao menos uma prova, ele poderá disputar outras em Portugal, desde que atenda às marcas mínimas exigidas pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC, sigla em inglês).
Na natação paralímpica, são dez classes (S1 a S10) voltadas aos atletas com deficiências físico-motoras. Nas classes S11 a S13, estão os nadadores com deficiência visual. Nos dois casos, quanto menor o número da categoria, maior o grau do comprometimento. Já na classe S14, competem os esportistas com deficiência intelectual.
A busca pelo índice para o Mundial rendeu a quebra de alguns recordes. O paulista Samuel Oliveira, de apenas 16 anos, tornou-se o paralímpico mais veloz das Américas da classe S5 nos 50 metros (m) nado borboleta. Ele finalizou a prova em 33s57, superando os 33s98 registrados simplesmente pelo multicampeão Daniel Dias, em 2014.
“É bem difícil a ficha cair agora, mas fico feliz de ter batido o recorde das Américas. É como sempre falo: tem que sonhar alto, mas sempre com o pé no chão”, celebrou Samuel, que amputou os dois braços devido a um choque elétrico de três mil volts, à Agência Brasil.
No ano passado, em São Paulo, o jovem tinha estabelecido marca para competir na Paralimpíada de Tóquio (Japão) durante a seletiva da seleção brasileira, mas como não conseguiu participar de competições específicas no ciclo, determinadas pelo IPC, ficou inelegível para os Jogos. Desta vez, ele poderá estrear em Mundiais.
A carioca Lídia Cruz passou por situação semelhante em 2021, também ficando fora de Tóquio, apesar de ter índice. A volta por cima veio em grande estilo, com vaga assegurada no Mundial de Portugal e três recordes das Américas da classe S4 batidos em São Paulo: nos cem metros e (duas vezes) nos 200m livre.
“A sensação é de que o trabalho duro, que não é de hoje, mas de muito tempo treinando, está sendo recompensado. Tudo está dando tudo certo”, comemorou Lídia, que já havia quebrado a marca continental dos 200m em março, na etapa de Lignano Sabbiadoro (Itália) do circuito mundial paralímpico, na primeira competição dela fora do Brasil.
Segundo o CPB, além dos atletas que obtivessem índice na fase nacional, os cinco campeões da modalidade em Tóquio também teriam vaga garantida no Mundial. Caso de Gabriel Araújo. Dono de duas medalhas de ouro no Japão, o mineiro não se poupou na piscina do Centro Paralímpico e quebrou dois recordes mundiais – que já eram dele próprio – da classe S2: o dos 150m medley e dos 50m borboleta.
“A gente tem que usar as competições para fazer testes. Nadar várias provas, uma em cima da outra, trabalhar com cansaço e todas as variáveis possíveis, para quando chegar ao Mundial, estar mais tranquilo e com o corpo preparado para nadar as provas principais”, argumentou Gabrielzinho, que nasceu com focomelia, doença que impede o crescimento normal de braços e pernas.
Simultâneo à seletiva, três nadadores do país disputaram a etapa de Berlim (Alemanha) do circuito mundial, para obterem as respectivas classificações internacionais. Na classe S3, Larissa Rodrigues foi além das expectativas e também estabeleceu índice para o Mundial, nos 200m livre. A gaúcha de 17 anos concluiu a prova em 5min13s40, quase cinco minutos abaixo da marca mínima exigida pelo CPB.
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Fonte: Folha PE