Diz o ditado que “depois da tempestade, vem a bonança”, mas ainda não é nesta terça-feira (24) que o sol forte, tão habitual por aqui, volta a dar as caras na Região Metropolitana do Recife (RMR) e nas Zonas da Mata Norte e Sul de Penrambuco. Pelo menos, é o que dizem tanto a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) quanto o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Ambos os órgãos alertam para a ocorrência de chuva moderada a forte ao longo desta terça, o que pode provocar novos pontos de alagamento e ampliar o risco de deslizamentos de terra. A “boa” notícia é que a maré deverá baixar entre a tarde e a noite, nos horários em que as precipitações prometem ser mais volumosas.
Ainda na segunda-feira (23), a Apac renovou, para toda a madrugada, com estado de atenção, o aviso que havia publicado no último domingo, informando a possibilidade de chuva mais intensa na RMR e nas Matas Norte e Sul.
Segundo o meteorologista da instituição Fabiano Prestrelo, as precipitações devem se concentrar nos turnos da tarde e da noite. “Existe uma tendência de que o período da manhã seja mais tranquilo”, conta. Já o Inmet emitiu um alerta com grau de “perigo” em toda a faixa litorânea de Pernambuco e Paraíba e na parte leste do litoral do Rio Grande do Norte.
Tábua de maré
Se há um aspecto que pode atenuar esse cenário nas próximas horas, pelo menos durante o dia, está no nível da maré, que, nas áreas mais planas do Recife, ao coincidir com a chuva forte na alta, aumenta o volume de água nas ruas e agrava os danos provocados pelos alagamentos.
De acordo com a Marinha, após reduzir durante a madrugada, a maré deve subir a partir das 5h47 até as 11h51, chegando a 2 metros. Depois disso, volta a baixar até atingir 0,5 metro, às 18h26. À 0h28 da quarta-feira, retorna ao pico, desta vez de 1,9 metro de altura.
Chuvas mal distribuídas
Nesta segunda, segundo a Apac, a cidade onde mais choveu ao longo do dia foi Paulista, no Grande Recife, onde o acumulado foi de 66 mm. Em seguida, veio Olinda, com 64 mm, e Recife, com 60. Além disso, em São Lourenço da Mata, não caiu tanta chuva (29 mm), mas houve rajadas de vento de 75 km/h.
A concentração de tanta água em pouco tempo faz parte do histórico da região. Para se ter uma ideia, em Agrestina, no Agreste, choveu o equivalente a 97 mm em apenas uma hora no fim de semana.
“As chuvas no Nordeste são mal distribuídas. Isso significa que podem passar alguns dias sem chuva e, de repente, acontece uma chuva forte. E em Pernambuco, em geral, dois ou três eventos de chuva são responsáveis pela média do mês”, afirma Fabiano Prestrelo.
Massa polar
Outro fenômeno que explica esse esfriamento repentino, além da própria chegada do inverno, é a circulação da massa polar, vinda da Antártica, que tem atingido o Sul e o Sudeste do País.
“Ela tem uma influência, mas muito reduzida em comparação aos efeitos que está causando lá. Aqui a gente percebeu uma pequena diminuição na temperatura, de 31 ºC para 28 ºC, a máxima. Isso influenciou também nas chuvas”, diz Prestrelo.