As Eliminatórias para a Copa do Mundo do Catar podem sofrer uma reviravolta aos 48 minutos do segundo tempo — e justamente na América do Sul. Isso porque o Chile pleiteia na Fifa a vaga conquistada no campo pelo Equador. De acordo com o jornal “The New York Times”, os chilenos alegam que os rivais usaram um jogador inelegível, que seria, na verdade, colombiano.
Para defender seu ponto de vista, o Chile enviou um dosisê com documentos que incluem até a certidão de nascimento do lateral Byron Castillo, que teria nascido na Colômbia três anos antes do que consta nos registros usados para identificá-lo como equatoriano.
O Equador terminou as Eliminatórias em quarto lugar, com uma vaga direta no Mundial. Mas o regulamento da Fifa indica punições severas pela escalação de atletas irregulares, o que resultaria em perdas de pontos e, consequentemente, na saída da zona de classificação.
Em sua queixa, o Chile pede que o Equador seja declarado derrotado nas oito partidas em que Castillo esteve em campo, o que automaticamente daria três pontos aos adversários dos equatorianos em cada um desses duelos.
Como o defensor não enfrentou o Peru (quinto, hoje na repescagem) e a Colômbia (sexta, fora da Copa) em nenhuma partida, mas atuou duas vezes diante do Chile — 0 a 0 e 2 a 0 —, La Roja conquistaria cinco pontos (saltaria de 19 para 24), herdaria a posição dos equatorianos (que cairiam de 26 para 22) na tabela e, consequentemente, a vaga no Mundial. O Peru soma 24 e a Colômbia, 23 — para esses dois países, nada mudaria.
Para conduzir o processo, o Chile contratou o advogado brasileiro Eduardo Carlezzo, que já havia defendido a seleção do país em um caso similar durante as Eliminatórias para a Copa da Rússia. À época, os chilenos contestaram a escalação de Nelson Cabrera pela Bolívia e tiveram o pedido aceito pela Fifa, herdando os três pontos da partida.
A nacionalidade de Castillo tem sido questionada há vários anos, desde que a uma investigação no Equador examinou centenas de casos e puniu ao menos 75 jogadores jovens por fraudes em documentos.
“O nível, tanto em quantidade quanto em qualidade, de informação e evidências que fomos capazes de colher até nos surpreendeu”, afirma Carlezzo ao “NYT”.
O advogado conta que, além da certidão de nascimento equatoriana usada por Castillo, há uma outra, de origem colombiana, para uma criança com o nome similar e com os mesmos pais de Castillo.
“Como não agir com esse nível de evidência em mãos?”, completa Carlezzo .
O caso de Castillo despertou a preocupação de dirigentes equatorianos bem antes da alegação chilena. Ainda em 2021, Carlos Manzur, vice-presidente da federação local, afirmou que não convocaria o jogador para “não colocar em risco tudo o que tem sido feito” bem pela seleção.
Um mês depois, porém, uma corte equatoriana emitiu um documento que supostamente daria respaldo jurídico à utilização de Castillo. O jogador do Barcelona de Guayaquil estreou cerca de cinco meses mais tarde e, desde então, participou de oito partidas das Eliminatórias — justamente a que os chilenos desejam anular. O próprio Manzur, então, reviu sua posição e argumentou que qualquer inconsistência na documentação de Castillo havia sido esclarecida e sua identidade, confirmada.
O presidente da federação chilena, Pablo Milad, porém, questiona essa versão ao “NYT”:
“Nós entendemos, baseados em todas as informações e documentos colectados, que os fatos são muito sérios e devem ser investigados pela Fifa. Nós sempre respeitamos os princípios do fair play e esperamos que outras federações façam o mesmo.”
Em nota oficial divulgada nesta quinta-feira, a federação alegou que “existem inúmeras provas de que o jogador nasceu na Colômbia, na cidade de Tumaco, em 25 de julho de 1995, e não em 10 de novembro de 1998, na cidade equatoriana de General Villamil Playas”.
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Fonte: Folha PE