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Rei Charles 3º e Camilla, rainha consorte, durante o histórico Conselho de Ascensão, neste sábado.

Charles 3º foi formalmente proclamado rei durante uma cerimônia histórica no Palácio Saint James, em Londres.

Durante os procedimentos tradicionais na manhã de sábado (10/09), que foram televisionados pela primeira vez, bandeiras que haviam sido arriadas em homenagem à falecida rainha foram levantadas em celebração ao novo rei.

Uma série de outras proclamações ocorrerá no Reino Unido até domingo, quando as bandeiras retornarão a meio mastro durante o período de luto que se segue à morte da rainha Elizabeth 2ª, em 8 de setembro.

O novo rei foi proclamado por um Conselho de Ascensão e fez um juramento durante uma elaborada cerimônia baseada na tradição — e que não acontecia há mais de sete décadas.

O que exatamente é a proclamação?

Carlos já era rei — nos termos do Ato de Liquidação de 1701, ele se tornou automaticamente rei após a morte de sua mãe. Assim, o propósito do Conselho de Ascensão era cerimonial, para anunciar oficialmente o nome do novo monarca.

Normalmente, isso acontece dentro de 24 horas após a morte do soberano. Mas nesta ocasião se passou um pouco mais de tempo entre a morte da rainha Elizabeth 2ª e a cerimônia no Palácio Saint James, no centro de Londres, muito perto do Palácio de Buckingham.

Em outra ruptura com a tradição, o rei Charles 3º decidiu que pela primeira vez o Conselho de Ascensão seria televisionado.

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Cerimônia contou com salvas de tiros de canhão

Quem participou?

Mais de 200 membros do Conselho Privado — um corpo de conselheiros formais do monarca, principalmente políticos do passado e do presente —, reuniram-se no Palácio de Saint James, juntamente com membros do clero.

O conselho remonta ao tempo dos reis normandos. Dos 700 membros, apenas 200 foram convocados.

Os ex-primeiros-ministros do Reino Unido John Major, Tony Blair, Gordon Brown, David Cameron, Boris Johnson e Theresa May — que se encontraram com a rainha em muitas ocasiões ao longo de muitos anos — estiveram presentes, assim como o prefeito da cidade de Londres, juízes sêniores e outras autoridades.

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O líder trabalhista Keir Starmer e os ex-primeiros ministros britânicos Tony Blair, Gordon Brown, Boris Johnson, David Cameron, Theresa May and John Major participaram.

Camilla Parker Bowles, esposa de Charles por 17 anos (que agora tem o título de rainha consorte) e o filho do rei, William, o novo príncipe de Gales, também estiveram presentes.

Primeira parte: o rei é nomeado

O Conselho de Ascensão foi dividido em duas partes, e Charles esteve presente apenas na segunda.

No primeiro momento, a Lorde Presidente — a parlamentar conservadora Penny Mordaunt, nomeada pela primeira-ministra Liz Truss em 6 de setembro — anunciou a morte da monarca.

Ela então pediu ao secretário do conselho que lesse a Proclamação de Ascensão, que incluía o título escolhido por Charles como rei — Charles 3º.

As cerca de 200 pessoas reunidas na sala disseram “Deus salve o rei” antes que os documentos fossem assinados.

O príncipe William, a primeira-ministra Liz Truss e o arcebispo Justin Welby estavam assistindo.

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Soldados participaram de uma salva de tiros para o rei Charles 3º

A proclamação foi então assinada por membros da família real, a primeira-ministra, o arcebispo de Canterbury, o Lorde Chanceler e o Conde Marshall — o Duque de Norfolk —, que é responsável pela organização de cerimônias de estado.

Após a assinatura, Mordaunt pediu silêncio e leu em voz alta os itens pendentes, que incluíam o direcionamento de canhões de artilharia a serem disparados no Hyde Park, no centro de Londres, e na Torre de Londres.

A proclamação também foi lida em Belfast, Cardiff, Edimburgo e outros locais do país.

Parte dois: o rei fala

A segunda parte do Conselho de Ascensão foi quando o Conselho Privado saudou o novo rei na Sala do Trono do Palácio de Saint James.

Foi a primeira reunião do Conselho Privado realizada pelo novo monarca.

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Charles já era rei após a morte de sua mãe, então o objetivo do Conselho de Ascensão era cerimonial

Conselheiros fizeram fila para recebê-lo, todos de pé, uma vez que a tradição determina que ninguém se sente no Conselho Privado.

Em um emocionado primeiro discurso ao conselho, o novo rei falou da “vida de serviço de sua querida mamãe” e prometeu seguir seus passos.

“O mundo inteiro se solidariza comigo pela perda irreparável que todos sofremos.”

“O reinado de minha mãe foi inigualável em sua duração, dedicação e devoção. Mesmo quando sofremos, agradecemos por esta vida tão fiel.”

O rei passou a falar sobre suas novas responsabilidades.

“Estou profundamente ciente desta profunda herança e dos graves deveres e responsabilidades que agora me são passados.”

Ele também prestou homenagem a Camilla, rainha consorte. “Estou profundamente encorajado pelo apoio constante da minha amada esposa”, disse ele.

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Trompeteiros de Estado em posição na varada acima do Friary Court

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A cerimônia de proclamação no Royal Exchange, a segunda e última cerimônia realizada em Londres neste sábado

Qual é o juramento que o rei Charles fez?

Sob os termos do Ato de União, novos monarcas também são obrigados a fazer um juramento para manter e preservar a Igreja da Escócia.

Isso ocorre porque na Escócia há uma divisão de poderes entre a igreja e o Estado.

Charles assinou duas cópias do juramento em frente ao Conselho Privado. Testemunhas também assinaram esses juramentos, incluindo o príncipe William — o novo príncipe de Gales — seguido por Camilla, a rainha consorte.

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O príncipe William e sua esposa Catherine foram nomeados os novos príncipe e princesa de Gales, enquanto Camilla é agora rainha consorte

Enquanto as últimas testemunhas assinavam a declaração, uma banda começou a tocar.

Charles poderia ter se oposto a qualquer um dos juramentos que foi solicitado a fazer, embora a última vez que um novo monarca tenha agido assim foi em 1910, quando o rei George 5º rejeitou o texto anticatólico do juramento de declaração.

O que aconteceu na varanda?

Os atos então passaram a acontecer fora do palácio.

Membros do público foram autorizados a sair da avenida The Mall para entrar no Friary Court e testemunhar a proclamação do rei Charles 3º.

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Saudações ao novo rei

“Eles vieram carregando seus animais de estimação, segurando flores, uma criança com pijama do Homem-Aranha, os idosos em veículos motorizados. (Vestiam) de ternos a equipamentos de ciclismo”, relatou James Bryant, da BBC, presente no local.

O rei das armas da Jarreteira foi até a sacada acima da Friary Court para ler a proclamação e os Trompetistas do Estado fizeram soar a saudação real.

O hino nacional foi então tocado com as palavras “Deus salve o rei” pela primeira vez em mais de sete décadas.

Então veio a celebração coletiva: o rei das armas da Jarreteira declarou: “Três vivas para Sua Majestade, o Rei. Hip-hip…”, com a Guarda do Rei respondendo “Hooray” três vezes, enquanto levantavam seus gorros de pele de urso acima da cabeça.

Os Trompetistas do Estado e os arautos formaram então uma procissão de veículos. Eles dirigiram para o Royal Exchange na cidade de Londres, onde uma outra proclamação foi lida.

A cerimônia terminou quando o secretário do Conselho Privado proclamou Charles “rei, chefe da Commonwealth, defensor da fé”, antes de declarar “Deus salve o rei”.

Penny Mordaunt encerrou a cerimônia lendo os rascunhos da proclamação a ser autorizada, com o rei Charles 3º aprovando-os um por um.

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A proclamação do rei Charles 3º da Grã-Bretanha foi lida da varanda do Friary Court

Um deles era que o dia do funeral da rainha fosse um feriado bancário (público).

Mas agora pode demorar algum tempo até que a coroação de Charles ocorra. Cerca de 16 meses se passaram entre a morte do pai da rainha Elizabeth, o rei George 6º, em fevereiro de 1952, e sua coroação, em junho de 1953.