- Anthony Zurcher
- Repórter da BBC News na América do Norte
Durante grande parte de sua ascensão ao topo da política britânica, o primeiro-ministro Boris Johnson atraiu comparações com Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos.
Antes da decisão de renunciar ao cargo de líder do Partido Conservador (e, consequentemente, de primeiro-ministro), Johnson aplicou algumas lições da cartilha do ex-presidente dos EUA.
Não faça concessões. Afaste-se das críticas. Pressione. Faça-os arrancar o poder de suas mãos.
Se há uma coisa que o ex-presidente provou na política dos EUA, é que as normas e tradições políticas só importam se você as reconhece. E isso é algo que Trump nunca fez.
Mesmo em seus dias mais sombrios como presidente – através de dois impeachments e incontáveis polêmicas que questionavam ”ele finalmente foi longe demais?” , – Trump apontava para sua base leal e citava, às vezes sem evidências, o enorme apoio que teve em pesquisas com republicanos e a margem confortável pela qual ganhou o voto eleitoral (mas não popular) em 2016.
Antes do momento de sua renúncia, Johnson seguia uma estratégia semelhante, citando o apoio dos milhões que votaram nos conservadores nas eleições de 2019, em vez da insatisfação de dezenas de políticos e funcionários do partido que o abandonaram nos últimos dias.
Esta comparação é válida, ainda que os sistemas de governo dos EUA e do Reino Unido sejam muito diferentes e que uma reivindicação presidencial a um mandato popular — quando os eleitores marcam uma caixa ao lado de seu nome na cédula — é consideravelmente mais forte do que a de um primeiro-ministro que governa em nome de seu partido.
E foi só nas últimas semanas de Trump, depois que ele perdeu a reeleição e uma multidão de seus apoiadores atacou o Capitólio dos EUA, ele viu um êxodo em massa de conselheiros semelhante ao que Johnson está experimentando.
Trump mostrou que afirmar ser a voz do povo contra o establishment da elite pode ser o equivalente político de um colete à prova de balas. Essa é uma lição que Johnson parece ter levado a sério.
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