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Assassinato dos indigenistas Dom Phillips e Bruno Araújo

Dom Philips e Bruno Araújo. Fotos: Arquivos pessoais

Há pouco mais de um mês, os indigenistas Dom Phillips e Bruno Araújo desapareceram no Vale do Javari, região amazônica, preocupando ecologistas do mundo inteiro, conhecedores dos riscos para quem defende a preservação ambiental da Amazônia brasileira.

O jurista Dalmo de Abreu Dallari, de saudosa memória, em sua obra Direitos Humanos e Cidadania, refere ao escandaloso genocídio contra os povos indígenas brasileiros “agredidos, escravizados, mortos e expulsos de suas terras, impedidos de preservar sua cultura” desde 1500, quando seriam mais de cinco milhões, e hoje, segundo antropólogos e indigenistas, sua população fica em torno de trezentos mil.

Atualmente são dizimados à bala ou pela degradação ambiental decorrente das diversas atividades criminosas que implicam no sacrifício desses povos indígenas. Vários foram os indigenistas mortos até o presente por denunciarem à imprensa a e às autoridades brasileiras os crimes contra a humanidade praticados acintosa e impunemente em sua maioria, na densidade da floresta amazônica, que pede socorro ao mundo na iminência de ser extinta.

Desta vez, a cogência da opinião pública, às vésperas das eleições, pressionou o governo brasileiro a sair da inércia e uma força tarefa monumental de terra, ar e mar, policiais e Forças Armadas, em menos de quinze dias, resgatou os restos mortais dos desaparecidos e prendeu os suspeitos do crime.

Ante a crueldade desses facínoras, poder-se-ia dizer que bandido bom é bandido morto, entretanto não há critério legal ou de rigor cientifico para distinguir entre os criminosos quais são bandidos. Encontrar cem bandidos mortos é melhor do que deparar com um vivo. Os mortos não fazem mal a ninguém, mas não viram bons porque morreram. No caso de Bruno e Phillips, as autoridades policiais foram notáveis ao interrogarem os suspeitos. Pareciam padres ouvindo as confissões dos culpados, mas sem absolve-los dos pecados.

José de Siqueira Silva é Coronel da reserva da PMPE

Mestre em Direito pela UFPE e Professor de Direito Penal

da FOCCA

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08/07/2022 às 10:01

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