- Jonathan Amos
- Correspondente de ciência da BBC
O lançamento do foguete mais poderoso da agência espacial dos Estados Unidos foi cancelado pela segunda vez em uma semana.
O anúncio veio depois que um vazamento foi encontrado no tanque de hidrogênio da missão Artemis I.
As tentativas lançamento foram frustradas na segunda-feira (29/8) por uma série de problemas técnicos e climáticos.
O vazamento detectado neste sábado (3/9) foi observado quando o foguete começou a ser abastecido com propelentes superfrios.
Os controladores tentaram fazer várias correções, mas não tiveram sucesso.
O veículo queima 2,7 milhões de litros de hidrogênio líquido e oxigênio para fornecer o impulso necessário para a saída da Terra.
Mas quando os controladores enviaram o comando para encher o tanque de hidrogênio, um alarme disparou, indicando que havia algum vazamento.
O problema está localizado na base do Sistema de Lançamento Espacial (conhecido na sigla em inglês por SLS), numa tubulação de 20 centímetros que traz o hidrogênio.
A tentativa deste sábado de lançar o foguete estava programada para acontecer em uma janela de duas horas, com início às 14h17 no horário local (15h17 no horário de Brasília).
O objetivo do veículo de 100 metros de altura era lançar uma cápsula de uso humano na direção da Lua, algo inédito desde que o Programa Apollo foi encerrado em 1972.
A tentativa de lançar o SLS na segunda-feira acabou cancelada porque os controladores não tinham certeza de que os quatro grandes motores sob o estágio central do foguete estavam devidamente preparados para o voo.
As unidades de energia são resfriadas durante a contagem regressiva a -250 °C para evitar que sejam atingidas pela injeção repentina de propelentes criogênicos no momento do lançamento. Mas um sensor estava indicando que o terceiro motor poderia estar entre 15 e 30 °C fora desse parâmetro.
Quando o SLS realmente decolar em direção à Lua, a tendência é que a imagem seja espetacular.
“Vai ser um ‘ônibus espacial com esteróides'”, comparou Doug Hurley, que foi o piloto da última missão com esses veículos em 2011.
O ex-astronauta agora trabalha para a Northrop Grumman, que faz os grandes impulsionadores sólidos nas laterais do SLS.
“O que sempre achei a coisa mais legal sobre a saída dos ônibus espaciais era que você o via decolar, e ele estava bem fora da torre de lançamento antes de você ouvir qualquer coisa. Depois, demorava um pouco mais antes de sentir [o impacto]”, explicou.
“Em termos de peso, o SLS é muito próximo do que era o ônibus espacial. O foguete Saturno V da Apollo era drasticamente diferente. Para o ônibus espacial, parecia que tudo estava claro em um instante, assim que os boosters eram acesos. O SLS deve ser parecido”, disse à BBC News.
A primeira fase motorizada da decolagem do SLS durará pouco mais de oito minutos.
Isso colocará o estágio superior do foguete, com a cápsula Orion ainda conectada, em uma órbita altamente elíptica que faria os dois colidirem de volta à Terra sem nenhum esforço adicional.
Assim, o estágio superior terá que se elevar e circularizar a órbita antes de impulsionar a cápsula Orion na direção da Lua.
A confirmação de que a cápsula está sozinha e acelerando pelo espaço a 30 mil km/h deve ocorrer duas horas e cinco minutos após o lançamento.
A duração da missão planejada é de pouco menos de 38 dias. Isso resultaria num retorno da Orion à Terra para um mergulho no oceano ao largo de San Diego, na Califórnia, no dia 11 de outubro.
Trinta e oito dias é muito mais do que os 21 dias que o fabricante de cápsulas Lockheed Martin diz ser o tempo máximo que os astronautas devem passar na espaçonave.
Mas Annette Hasbrook, conselheira sênior do programa Orion na Nasa, disse que os engenheiros queriam ampliar o tempo de missão para entender os limites da espaçonave.
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