• Swaminathan Natarajan
  • Serviço Mundial da BBC

Crédito, Getty Images

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O mundo que vemos hoje é o resultado da desintegração do último supercontinente a ter existido no planeta

A paisagem do planeta Terra como conhecemos hoje, com grandes oceanos e vários continentes, está na verdade em constante mudança — mesmo que seja imperceptível a “olho nu”.

Mas, por meio de modelos desenvolvidos em um supercomputador, cientistas da Austrália e da China previram recentemente como poderá ser a Terra daqui a 200 a 300 milhões de anos: o Oceano Pacífico desaparecerá e surgirá um novo supercontinente chamado Amásia, ao redor do que hoje é o Polo Norte.

O cenário projetado por cientistas da Universidade Curtin, da Austrália, e da Universidade de Pequim, na China, prevê que as Américas se deslocarão para o oeste; a Ásia para o leste; a Antártida em direção à América do Sul; e a África se ligará à Ásia de um lado e à Europa do outro, formando a Amásia.

A projeção foi publicada em um artigo na revista científica National Science Review no final de setembro.

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De acordo com a projeção dos pesquisadores, o Oceano Pacífico desaparecerá durante a formação do supercontinente

Supercontinente

“Nossos resultados mostram que, com o resfriamento do manto da Terra, a força geral dos oceanos se torna mais fraca, e o Oceano Pacífico encolherá o suficiente para se tornar um oceano menor do que os oceanos Atlântico e Índico”, diz o principal autor do estudo, Chuan Huang, do grupo de pesquisa em Dinâmicas da Terra da Universidade Curtin.

O nome “Amásia” deriva da crença de que a América poderá colidir e se fundir com a Ásia.

Crédito, Dr Chuan Huang

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Huang explica que um novo supercontinente poderia surgir após o desaparecimento do Oceano Pacífico

O último supercontinente que já existiu, conhecido como Pangeia, dividiu-se em continentes menores há cerca de 180 milhões de anos. Ele incorporava quase todas as massas de terra do planeta e era cercado por um oceano global chamado Pantalassa.

Os modelos de simulação criados pela equipe de Huang mostram que o Pacífico já está encolhendo alguns centímetros a cada ano.

O cientista prevê que a Austrália colidirá primeiro com a Ásia e, finalmente, se conectará às Américas depois de o Pacífico desaparecer.

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O movimento das placas sob o oceano está deslocando os continentes.

Outros cenários

Anteriormente, possíveis novos supercontinentes já haviam sido previstos por pesquisadores, como Novopangea, Pangea Ultima e Aurica.

“100% de certeza é uma afirmação bastante forte e raramente usada na ciência, especialmente quando estamos falando de tendências evolutivas do complexo sistema terrestre, o qual só agora estamos começando a entender como um todo”, explica Zheng-Xiang Li, coautor do estudo.

Crédito, Zheng-Xiang Li

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Zheng-Xiang Li está otimista de que nós, humanos, seremos capazes de nos adaptar a uma nova configuração do planeta Terra

“Todos os modelos diferentes sobre os quais você leu [incluindo nosso trabalho] são apenas hipóteses, e nossa previsão é baseada no resultado da nossa modelagem, que está vinculada ao nosso conhecimento atual e várias suposições”.

Estima-se que a Terra tenha cerca de 4,5 bilhões de anos. No ciclo geológico do planeta, movimentos dinâmicos e a fragmentação de continentes acontecem rotineiramente. É o movimento das placas tectônicas sob os oceanos que move os continentes.

E os humanos?

A recente pesquisa revelou que a litosfera oceânica (placa ou camada sólida de cerca de 100 km abaixo dos oceanos) tem uma grande influência em como um supercontinente se forma.

À medida que a Terra está perdendo lentamente seu calor interno ao longo de bilhões de anos, a crosta de 7 a 8 km de espessura no fundo do oceano parece ter se tornado mais fina com o tempo devido ao menor grau de derretimento do manto ao longo das dorsais meso-oceânicas.

“Os resultados dos nossos modelos, portanto, preveem que o futuro supercontinente Amásia só poderia ser formado com o fechamento do Oceano Pacífico”.

A formação e a desintegração de um supercontinente sempre teve um grande impacto no clima e no ambiente da Terra.

Em geral, a formação de um supercontinente leva ao rebaixamento do nível do mar, a redução da biodiversidade e a expansão de terras áridas no vasto interior do supercontinente.

Em contraste, durante a ruptura de um supercontinente, espera-se que o nível do mar aumente, assim como a biodiversidade e plataformas continentais que favorecem a vida.

“É difícil prever como será o ser humano daqui a centenas de milhões de anos, mas como um componente da biosfera da Terra, o ser humano continuaria a evoluir como a vida sempre foi”, diz Li.

“Confio que nossa inteligência superior e capacidade técnica nos permitirão adaptar às mudanças futuras, como fizemos no passado.”