Os investimentos frustrados em criptoativos na Xland, que renderam mais de R$ 10 milhões em prejuízos aos ex-companheiros de Palmeiras Gustavo Scarpa e Mayke ganharam novos contornos. Em áudio, o atacante Willian Bigode, também colega de vestiário no alviverde, que a dupla acusa de ter indicado as aplicações, pede que Scarpa “ore”.
Trechos da conversa entre os dois foram divulgados pelo programa “Fantástico”, da TV Globo. Scarpa relata problemas com o investimento a Willian: “Eu tô triste, parça, de verdade (…) Bigode, o meu advogado tá me orientando a fazer um B.O. (boletim de ocorrência), mano. Criminal. Na polícia mesmo (…) É meu patrimônio quase todo, não posso correr esse risco de perder”, diz o jogador, hoje no Nottingham Forest, da Inglaterra. A reportagem revelou ainda que o goleiro Weverton, do Palmeiras e da seleção brasileira, também teria perdido dinheiro.
Willian, que por meio de nota de sua empresa de planejamento financeiro, a WLJC, alegou que também foi vítima da Xland (com prejuízo de R$ 17,5 milhões), responde após a situação piorar: “Scarpinha, agora não tem nem mais questão de confiança, irmão. A questão agora é orar”. Scarpa chega a avisar que citará a empresa de Willian em ação judicial.
Após o prejuízo, ainda em trocas de mensagens, Scarpa aparece cobrando os sócios da Xland pelo dinheiro. Entre as respostas, recebe promessas de devoluções futuras e até uma reclamação de um deles, que relata que “não aguenta mais” os contatos do jogador.
“Não aguenta mais? Você me rouba, e você não aguenta mais? Você roubou minha família”, reclama Scarpa. “Me meti com estelionatários. Jamais pensei nisso na minha vida. Estou me sentindo burro”, diz o jogador em outro áudio.
Em momento posterior, Scarpa chega a ser tranquilizado por Willian e Camila Fava, sócia na WLJC, de que teria o dinheiro de volta. Mas a Xland só pagou pouco mais de R$ 1 mil ao jogador. O meia registrou boletim de ocorrência (ao lado de Mayke) no dia após a vitória por 4 a 0 sobre o Fortaleza, pela 35ª rodada do Brasileirão de 2022, rodada em que o Palmeiras se sagrou campeão. Scarpa relata que estava “chorando por dentro” em meio à comemoração. Seu advogado diz que ele está “decepcionado” e busca o ressarcimento dos valores.
Em contato com a TV Globo, Gabriel Nascimento, sócio da Xland, apresentou a mesma posição que a empresa já havia informado em nota ao GLOBO: atribuiu os problemas financeiros da Xland à outra corretora, a americana FTX. Mas a empresa não enviou documentos comprobatórios quanto ao investimento sob justificativa da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). A Xland diz que os documentos serão enviados a investidores e autoridades.
Scarpa e Mayke processam três empresas: Xland, WLJC e Soluções Tecnologia Eireli enquanto tentam reaver mais de R$ 10 milhões investidos em criptoativos, sob promessas de retornos de 3,5% a 5%. Scarpa investiu R$ 6,3 milhões e Mayke, R$ 4,08 milhões.
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Fonte: Folha PE