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Katie Sorensen se apresentava no Instagram como influenciadora de maternidade.

Dentro de seu carro e em frente ao celular, Kathleen Sorensen começou a relatar em vídeo uma situação que a deixou “paralisada de medo”: a suposta tentativa de sequestro de seus filhos.

A moradora americana de uma cidade ao norte de San Francisco, na Califórnia, descreveu em detalhes como um homem e uma mulher “não muito limpos” tentaram levar seus dois filhos pequenos em uma loja.

O seu vídeo, postado no Instagram no final de 2020, alcançou mais de 4,5 milhões de visualizações (antes de ser removido). Também deu grande notoriedade à mulher, que se autodenominava “maternity influencer”, ou seja, uma influenciadora sobre a maternidade.

Ela foi convidada a um programa de televisão local para contar o que aconteceu.

Mas Sorensen, de 30 anos, foi condenada na quinta-feira (29/06) a 90 dias de prisão, além de 12 meses de liberdade condicional por ter acusado, “consciente da falsidade”, um casal de origem nicaraguense de suposta tentativa de sequestro de seus filhos.

“Ela foi condenada a não publicar na mídia social, foi alvo de buscas e apreensões em seus dispositivos eletrônicos, terá que fazer treinamento de 4 horas, bem como várias multas e pagamento de taxas”, informou o Ministério Público dos EUA do Condado de Sonoma, na Califórnia.

Sadie Vega Martinez e seu marido Eddie Martinez, o casal falsamente acusado por Sorensen, comemoraram a decisão.

“Depois de anos evitando a responsabilização, ouvindo que ela foi considerada culpada e deixada algemada… Sim, a justiça foi feita”, disse Sadie Vega-Martinez.

Na audiência de quinta-feira, Sorensen alegou que “interpretou mal” o que aconteceu naquele dia, pois estava sobrecarregada com as restrições da pandemia de covid-19.

O que aconteceu na loja?

Em 7 de dezembro de 2020, Sorensen foi à loja Michaels Craft Store em Petaluma com seus dois filhos pequenos.

Depois de comprar alguns itens, a mulher voltou para o carro e foi embora. “Minutos depois, Sorensen ligou para o Departamento de Polícia de Petaluma e relatou que um casal havia tentado sequestrar seus filhos”, disseram os promotores na quinta-feira.

Ela inicialmente disse que não estava interessada em apresentar queixa e estava apenas procurando denunciar o “comportamento suspeito” do casal. Mas também não deu os detalhes que posteriormente expôs em seu vídeo.

Em sua postagem no Instagram uma semana depois, Sorensen disse que ouviu o casal conversando sobre a idade de seus filhos e sobre a pele branca deles na loja.

Depois, ela continuou, foi seguida até o estacionamento onde o homem supostamente tentou tirar o carrinho dela. O momento a deixou “paralisada pelo medo”, disse ela.

“Pela absoluta graça de Deus”, contou ela, um homem mais velho percebeu que algo estava errado e o casal teve que correr para o próprio carro para fugir.

Sua história rapidamente viralizou e levantou um alerta em Petaluma.

A comoção local levou a polícia a ampliar a investigação do caso, que foi encerrado por não haver réus no início.

Eles entrevistaram Sorensen novamente, que nomeou o casal no vídeo das câmeras de segurança da loja “como os perpetradores”, disseram os promotores na quinta-feira.

“O relato de Sorensen foi determinado como falso e foi fortemente negado pelo casal acusado, bem como pelo vídeo da loja”, acrescentou.

Os vídeos de segurança mostraram que nem o casal nicaraguense nem ninguém a abordou, como ela garantiu no Instagram.

Sadie e Eddie Martinez não sabiam sobre Sorensen até que viram as notícias nas quais eles eram apontados como suspeitos.

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Petaluma é uma cidade ao norte de San Francisco

‘Eu interpretei mal’

A mulher foi acusada de três crimes, mas no final o juiz do caso a condenou apenas por contravenção, o que lhe dá o benefício de soltura antecipada e apenas um mês de prisão.

“Sorensen foi responsabilizada por seu crime e acreditamos que o juiz proferiu uma sentença justa. Nossa esperança é que essa medida de responsabilização ajude a inocentar o casal que foi falsamente acusado de tentar sequestrar duas crianças pequenas”, disse a promotora distrital Carla Rodriguez.

Agora, a mulher afirma que estava errada.

“Minha intenção era relatar um comportamento que parecia suspeito para mim”, disse Sorensen ao depor na quinta-feira, informou o The Sonoma Index-Tribune.

“Eu interpretei mal os acontecimentos daquele dia”, disse ela.

Explicou que nessa altura vivia “a apreensão e inquietação” da pandemia, o que influenciava a sua compreensão do que se passava à sua volta.

“Senti que havia falhado na hora de proteger meus filhos.”