A coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP), que surpreendeu analistas e, segundo projeções, impediu a vitória da direita radical nas eleições para o Parlamento francês, é um bloco formado por comunistas, socialistas, pelo Partido Verde e o partido França Insubmissa.
É desta última força política que vem a figura mais conhecida da coligação, o político da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon. Ele já defendeu alguns anos atrás a saída da França da União Europeia — plataforma que também já foi abraçada pela direita radical.
A aliança foi formada depois que, no último dia 9 de junho, o presidente francês Emmanuel Macron convocou eleições parlamentares antecipadas, em uma aposta política que foi considera arriscada à época.
Tendo em suas fileiras desde social-democratas a anticapitalistas radicais, passando por ecologistas, a Nova Frente Popular tem, internamente, diferenças importantes de pensamento e abordagem (e já trocaram críticas entre si anteriormente).
A NFP prometeu anular as reformas na Previdência e na imigração aprovadas pelo atual governo, criar uma agência de resgate para imigrantes sem documentos e facilitar pedidos de visto.
Pretende também impor limites a reajustes de bens básicos para combater a crise do custo de vida e fala em aumentar o salário mínimo.
Mélenchon disse que as projeções de boca de urna mostravam “o resultado de um magnífico esforço de mobilização.”
“O presidente [Macron] tem de se curvar e admitir que isto é uma derrota. O primeiro-ministro precisa sair”, afirmou.
Alguns socialistas mais moderados poderão sentir-se tentados a abandonar o grupo e juntar-se ao grupo de Macron para formar um governo de centro-esquerda.
Ministros do governo de Macron — como o ministro da Economia, Bruno Le Maire — pronunciaram-se publicamente contra os candidatos apoiados por Mélenchon, destacando que não votariam neles no segundo turno das eleições legislativas francesas.
Diferentemente do Brasil e de vários países, as eleições legislativas na França têm dois turnos. É possível ter uma votação com três ou mais candidatos no segundo turno.
Se não for possível reunir uma maioria moderada no Parlamento, Macron pode pedir ao partido com mais votos que lidere um governo minoritário. Poderá ocorrer instabilidade, especialmente porque o presidente não pode convocar novas eleições parlamentares por um ano.
Fonte: BBC
Você precisa fazer login para comentar.