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O pai de um atirador de 15 anos que abriu fogo e matou quatro alunos em uma escola em Michigan, nos Estados Unidos, foi condenado na noite de quinta-feira (14/3) por homicídio culposo.

O julgamento apontou que James Crumbley, de 47 anos, havia ignorado as necessidades de saúde mental do filho — e comprado para ele a arma usada no ataque de novembro de 2021.

É a primeira vez que pais são acusados ​​de homicídio culposo pelo papel do filho em um massacre a tiros nos EUA.

O filho deles, Ethan, matou os colegas Tate Myre, de 16 anos; Hana St Juliana, de 14; Madisyn Baldwin, de 17; e Justin Shilling, de 17. Outras sete pessoas também ficaram feridas no ataque à escola.

Ele está cumprindo uma pena de prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.

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Steve e Ai St Juliana perderam a filha Hana, de 14 anos, no ataque — segundo eles, ela era gentil e sempre se preocupava com os outros

Steve St Juliana, pai de Hana, disse na noite de quinta-feira que o processo contra os Crumbleys era “apenas o primeiro passo” para lidar com a violência armada nos EUA.

“Nossas crianças morrem diariamente em massacres e fazemos muito pouco a respeito”, acrescentou.

“Podemos colocar pessoas na Lua, podemos construir arranha-céus, monumentos gigantescos como a Represa Hoover — e não somos capazes de manter nossos filhos seguros nas escolas.”

Em fevereiro, ele disse à BBC que “cada dia sem [Hana] é uma luta”.

“Ela estava sempre rindo, sempre fazendo as pessoas rirem”, recordou.

Em uma entrevista coletiva ao lado dos pais das quatro vítimas, a promotora Karen McDonald afirmou que o veredicto “não traz de volta os filhos deles, mas marca um momento de responsabilização”.

“Esses pais [os Crumbleys] poderiam ter evitado esta tragédia simplesmente com um pequeno esforço”, afirmou.

No início desta semana, ao ler seus argumentos finais perante o júri composto por seis homens e seis mulheres, McDonald classificou o ataque na Oxford High School como “evitável e previsível”.

Ela acrescentou que as ações de James Crumbley haviam sido “raras e flagrantes”.

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Jennifer Crumbley já havia sido condenada em fevereiro pelos atos do filho

De acordo com a promotora, ele não tomou qualquer medida para garantir que o filho não fosse uma ameaça após dar a ele de presente uma pistola semiautomática.

A promotoria também pontuou que os Crumbleys não fizeram o suficiente para lidar com o declínio da saúde mental do filho.

Na manhã do massacre, os dois pais abreviaram uma reunião na escola sobre um desenho perturbador que o filho havia feito para ir trabalhar — e se recusaram a levá-lo para casa.

Os funcionários da escola mandaram Ethan de volta para a sala de aula sem verificar a mochila dele, que continha uma arma.

Quando Crumbley soube do massacre, ele saiu correndo do trabalho, como motorista de entrega do aplicativo DoorDash, e foi para casa procurar a arma, indicou o julgamento.

A advogada de defesa de Crumbley, Mariell Lehman, argumentou que “James não tinha ideia de que o filho estava passando por momentos difíceis”.

Crumbley não testemunhou perante o tribunal, ao contrário da esposa, que depôs durante o julgamento e tentou culpar o marido.

Jennifer Crumbley e o marido compraram a pistola Sig Sauer 9mm que o filho usou no massacre poucos dias antes do ataque.

A promotoria também afirmou que os Crumbleys não conseguiram garantir que a arma fosse armazenada de forma segura.

“Os pais e os proprietários de armas têm a responsabilidade de impedir que as crianças tenham acesso a armas mortais”, disse Nick Suplina, do grupo ativista Everytown for Gun Safety, em um comunicado, acrescentando que o veredicto “ressalta ainda mais este dever essencial da posse responsável de armas”.

Os Crumbleys foram indiciados ​​pela polícia poucos dias após os assassinatos.

Inicialmente, eles seriam julgados juntos, mas em novembro pediram julgamentos separados.

A expectativa é de que a sentença de ambos seja anunciada em 9 de abril. A acusação de homicídio culposo pode levar a uma pena de até 15 anos de prisão.