Evento, idealizado pela Iniciativa Bloomberg, parceira da Prefeitura, reuniu gestores municipais, federais, pesquisadores e sociedade civil organizada e debateu a experiência da capital no uso da engenharia viária para induzir o respeito à velocidade regulamentada. (Foto: Josenildo Gomes/CTTU)
Ruas mais seguras, agradáveis e acessíveis para todas as pessoas: com esse objetivo, técnicos da Prefeitura do Recife participaram de um workshop realizado pela Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global (BIGRS), através da Iniciativa Global de Desenho de Cidades (GDCI). Na ocasião, técnicos da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), do Governo Federal, também estiveram presentes, assim como membros da sociedade civil organizada. O encontro aconteceu nesta sexta-feira (26), no Apolo 235, bairro do Recife.
A velocidade adequada para as vias foi o principal tema do encontro. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que o excesso de velocidade é o principal fator de risco de sinistros de trânsito, responsável por cerca de 50% das mortes nas ocorrências de países em desenvolvimento. Uma pesquisa da Universidade Johns Hopkins (EUA), parceira da Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global (BIGRS) mostrou que onde não há fiscalização eletrônica, o excesso de velocidade é cometido por 24% dos veículos. Os usuários que mais excedem a velocidade são os motociclistas, 35% das motos andam acima desse limite. No caso de veículos leves o número é 21% e, entre os pesados, 14%.
Com base nesses dados, o Recife tem utilizado metodologias para regulamentação e controle de velocidade – como a fiscalização eletrônica, sinalização regulamentadora (placas), além de campanhas de mídia de massa, ações educativas e planos de comunicação voltados para dar informações às pessoas. Os objetivos dessas ações são as mudanças de comportamento. As vias da capital têm sido projetadas para que as velocidades adequadas sejam seguidas – seja com estreitamento das faixas de rolamento, aumento das travessias de pedestres, mais espaços de calçada e uma sinalização mais forte para chamar a atenção dos condutores de que aquele local tem vários pedestres e a velocidade precisa ser adequada.
Na ocasião, foi debatido o Manual de Desenho de Ruas do Recife, que é feito com a referência do Guia Global de Desenho de Ruas. A ideia é fazer das ruas espaços que tenham função econômica, social, ambiental e cultural. “As ruas são espaços de comércio, de encontros, de lazer, mas isso só vai acontecer se forem atrativas e, principalmente, seguras. As pessoas precisam caminhar e vivenciar a cidade sem se sentir ameaçadas e a segurança viária tem uma responsabilidade estrutural nisso. O nosso objetivo é uma cidade que acolha todas as pessoas e estamos conquistando isso nas vias do Recife”, destaca a presidente da CTTU, Taciana Ferreira.
“Em locais de escolas, parques, próximo a hospitais e periferia, é comum encontrar grande concentração de pedestres, de crianças ou até mesmo muitas pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. As ruas precisam ser espaços acessíveis a essas pessoas para garantir que sejam para todas. Por isso, investimos na capacitação de profissionais da Prefeitura do Recife e da sociedade civil organizada para traçar estratégias de aumentar as áreas de ruas redesenhadas na cidade e, dessa maneira, construir espaços cada vez melhores para se viver”, destaca Beatriz Rodrigues, gerente de programas da GDCI.
RUAS PARA AS PESSOAS SALVAM VIDAS – Ao todo, no Recife, mais de 50 áreas já foram redesenhadas com mais espaços para as pessoas e adequação de velocidade. As áreas de trânsito calmo reduziram em até 91% o índice de sinistros de trânsito com vítimas, como é o caso da Rua José de Alencar, na Ilha do Leite. Na Rua do Hospício, próximo à Rua Princesa Isabel, no bairro da Boa Vista, a redução foi de 50%. Já no Largo da Paz, em Afogados, a redução foi de 40%.