A inteligência militar britânica diz que 1.000 mercenários da empresa militar privada russa Wagner Group estão sendo enviados para o leste da Ucrânia.
O grupo tem atuado nos últimos 8 anos na Ucrânia, Síria e países africanos, e tem sido repetidamente acusado de crimes de guerra e abusos dos direitos humanos.
Como surgiu o Wagner Group?
Uma investigação da BBC sobre o Wagner Group apontou para o suposto envolvimento de um ex-oficial do exército russo de 51 anos, Dmitri Utkin. Acredita-se que ele tenha fundado o Wagner e dado o nome – seu próprio antigo nome de guerra.
Ele é um veterano das guerras da Chechênia, ex-oficial das forças especiais e tenente-coronel do GRU, o serviço de inteligência militar da Rússia.
O Wagner Group entrou em ação pela primeira vez durante a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014, diz Tracey German, professora de conflito e segurança do King’s College de Londres.
“Acredita-se que seus mercenários sejam alguns dos ‘homenzinhos verdes’ que ocuparam a região”, diz ela. “Cerca de 1.000 mercenários apoiaram as milícias pró-Rússia que lutavam pelo controle das regiões de Luhansk e Donetsk.
“Comandar um exército mercenário é contra a constituição russa”, acrescenta ela.
“No entanto, Wagner fornece ao governo uma força que é inegável. Wagner pode se envolver no exterior e o Kremlin pode dizer: ‘Não temos nada a ver com isso’.”
Samuel Ramani, membro associado do Royal United Services Institute, diz que o Wagner recruta principalmente veteranos do exército que precisam pagar dívidas: “Eles vêm de áreas rurais onde há poucas outras oportunidades para ganhar dinheiro”.
Quem financia o Wagner Group?
Alguns especialistas sugerem que a agência de inteligência militar da Rússia, GRU, secretamente financia e supervisiona o Wagner Group.
Fontes mercenárias disseram à BBC que a base de treinamento deles em Mol’kino, no sul da Rússia, fica ao lado de uma base do exército russo.
A Rússia negou consistentemente que Wagner tenha qualquer conexão com o Estado.
A investigação da BBC que identificou as ligações de Utkin com o Wagner Group também o liga a Yevgeny Prigozhin, o oligarca conhecido como “chef de Putin” – assim chamado porque ele passou de dono de restaurante a fornecedor do Kremlin.
Muitas das empresas de Prigozhin estão atualmente sob sanções dos EUA pelo que chamam de “influência política e econômica maligna em todo o mundo”. Eles sempre negaram qualquer ligação com o Grupo Wagner.
Onde o Grupo Wagner operou?
Em 2015, o Wagner Group começou a operar na Síria, lutando ao lado de forças pró-governo e protegendo campos de petróleo.
Atua na Líbia desde 2016, apoiando as forças leais ao general Khalifa Haftar. Acredita-se que até 1.000 mercenários Wagner participaram do avanço de Haftar sobre o governo oficial em Trípoli, em 2019.
Em 2017, o Wagner Group foi convidado para a República Centro-Africana (RCA) para proteger minas de diamantes. Também há relatos de que está trabalhando no Sudão, guardando minas de ouro.
Em 2020, o Tesouro dos EUA disse que o Wagner Group também estava “agindo como uma cobertura” nesses países para as mineradoras de Prigozin, como M Invest e Lobaye Invest – e as colocou sob sanções.
Mais recentemente, o Wagner Group foi convidado pelo governo do Mali, na África Ocidental, para fornecer segurança contra grupos militantes islâmicos. Sua chegada em 2021 influenciou a decisão da França de retirar suas tropas do país.
Samuel Ramani diz que o Wagner Group tem cerca de 5.000 mercenários no total operando em todo o mundo.
Quais crimes Wagner supostamente cometeu?
As Nações Unidas e o governo francês acusaram os mercenários Wagner de cometer estupros e roubos contra civis na República Centro-Africana, e a União Europeia impôs sanções a eles por isso.
Em 2020, os militares dos Estados Unidos acusaram os mercenários de Wagner de terem plantado minas terrestres e outros artefatos explosivos improvisados dentro e ao redor da capital líbia, Trípoli.
“O uso imprudente de minas terrestres e armadilhas pelo Wagner Group está prejudicando civis inocentes”, disse a contra-almirante Heidi Berg, diretora de inteligência do Comando da África do Exército dos EUA.
O que o Grupo Wagner está fazendo na atual guerra da Ucrânia?
Nas semanas que antecederam a invasão da Ucrânia pela Rússia, acredita-se que os mercenários do Wagner Group realizaram ataques de “bandeira falsa” no leste da Ucrânia para dar à Rússia um pretexto para atacar, diz Tracey German.
Agora, mensagens apareceram nas redes sociais russas recrutando mercenários e convidando-os para “um piquenique na Ucrânia”.
No entanto, também há outros grupos mercenários, como o The Hawks.
Candace Rondeaux, professora de estudos russos, eurasianos e do Leste Europeu na Arizona State University, diz que isso pode marcar uma tentativa de se afastar do nome Wagner porque “a marca está manchada”.
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