Crédito, Getty

Legenda da foto,

Prigozhin foi um principais personagens da invasão russa à Ucrânia

Todas as 10 pessoas a bordo do jato particular pertencente ao fundador do grupo de mercenários Wagner, Yevgeny Prigozhin, morreram quando a aeronave caiu perto da cidade de Tver, informou a agência de notícias russa Interfax, citando o Ministério de Emergências.

O ministério disse que as 10 pessoas – sete passageiros e três tripulantes – estavam a bordo do avião quando ele caiu e que todas elas seriam mortas, segundo a Interfax.

O ministério acrescentou que o avião caiu perto do assentamento de Kuzhenkino, na região de Tver.

Acredita-se que Prigozhin estivesse a bordo do avião.

Anteriormente, um canal do Telegram ligado ao Wagner, Gray Zone, informou que o jato foi abatido pelas defesas aéreas na região de Tver, ao norte de Moscou.

Prigozhin foi um principais personagens da invasão russa à Ucrânia ao comandar, à frente do exército privado de mercenários, uma rebelião de curta duração contra o governo russo no início de junho.

Durante meses, o nome de Prigozhin foi associado ao papel cada vez mais central que seu grupo mercenário está desempenhando na guerra na Ucrânia.

Ele recrutou milhares de criminosos nas prisões da Rússia – não importando quão graves tenham sido os crimes dos condenados, desde que eles concordem em lutar na Ucrânia.

Antes de a Rússia iniciar o que se tornou o pior conflito armado na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, Prigozhin foi acusado de se intrometer nas eleições americanas e de expandir a influência russa na África.

Após uma dura troca de acusações, o grupo Wagner e o governo russo romperam relações.

Na manhã do dia do golpe fracassado, em 24 de junho, o presidente russo, Vladimir Putin, acusou Prigozhin de “traição” e de lhe dar “uma facada nas costas”.

Depois de um acordo para encerrar o impasse, as acusações contra ele foram retiradas e houve uma oferta para que ele se mudasse para Belarus.

Quem é Prigozhin

Crédito, Reuters

Legenda da foto,

O grupo mercenário foi identificado pela primeira vez em 2014

Yevgeny Prigozhin nasceu em São Petersburgo, que também é a cidade natal de Vladimir Putin.

Ele recebeu sua primeira condenação criminal em 1979, com apenas 18 anos, e teve uma pena suspensa de dois anos e meio por roubo. Dois anos depois, ele foi condenado a 13 anos de prisão por roubo e furto, nove dos quais cumpriu atrás das grades.

Após ser solto, Prigozhin montou uma rede de barracas que vendiam cachorro-quente em São Petersburgo. Ele se deu bem nos negócios e em poucos anos — ao longo da década de 1990, de transição das leis na Rússia — Prigozhin conseguiu abrir restaurantes caros na cidade.

Foi lá que ele começou a ter contato com as pessoas mais poderosas de São Petersburgo e, depois, da Rússia.

Um de seus restaurantes, o New Island, era um barco que navegava pelo rio Neva. Vladimir Putin gostava tanto do restaurante que — depois de se tornar presidente — começou a levar seus convidados estrangeiros para comer lá. E foi provavelmente assim que os dois se conheceram.

“Vladimir Putin percebeu que eu não tinha nenhum problema em servir pessoalmente a governantes”, disse Prigozhin em uma entrevista. “Nós nos conhecemos quando ele veio com o primeiro-ministro japonês, Yoshiro Mori.”

Mori visitou São Petersburgo em abril de 2000, no início do governo de Putin.

Em 2003, Putin já confiava em Prigozhin o suficiente para comemorar seu aniversário no New Island.

Anos depois, a empresa de catering de Prigozhin, a Concord, foi contratada para fornecer comida ao Kremlin, o que rendeu ao líder o apelido de “chef de Putin”.

As empresas ligadas a Prigozhin também ganharam contratos para fornecer comida a escolas militares e empresas estatais.

‘Marcado para morrer’

Análise de Frank Gardner

Correspondente de segurança da BBC News

“Marcado para morrer”. Foi como vários observadores russos descreveram o chefe do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, desde que ele liderou um motim contra Moscou no final de junho.

A reação inicial de Putin foi contundente, chamando-o de traidor e o acusando de ter dado uma facada nas suas costas.

Um acordo permitiu que Prigozhin permanecesse foragido e posteriormente ressurgisse na Bielorrússia, em São Petersburgo e, nesta semana, em algum lugar de África.

Mas isso não significava que ele estivesse seguro.

“Vingança”, comentou o diretor da CIA, William Burns, “é um prato que Putin prefere comer frio”.

Nada disso, claro, é prova de que Prigozhin e a sua comitiva foram deliberadamente visados.

Mas dadas as circunstâncias, qualquer alegação de que sua morte, se confirmada, foi um acidente, causará muitas suspeitas.