Desde a posse de Donald Trump, aconteceram muitas coisas. A maioria inimaginável. Uma delas é que o romance 1984, de George Orwell, escrito em 1948, se tornou o livro mais vendido nos Estados Unidos. Tudo por conta de Kellyanne Conway, conselheira na Casa Branca. É que ela usou, numa entrevista, para comentar a quantidade de adeptos do presidente, o termo fatos alternativos – que consiste em negar as evidências. O mesmo usado por Orwell. O livro trata do totalitarismo no século XX. O Ministério da Verdade estabelece o que é falso e o que é verdadeiro. Os fatos são, portanto, definidos pelo Estado e não pelo cidadão. Bem semelhante, então, a essa era Trump. Onde a pós-verdade e os fatos alternativos tomaram conta da política. Ainda bem, chegando ao fim.
Outro livro de Orwell, bem conhecido, é A Revolução dos Bichos (Animal’s Farm). Nele se fala das ambições e misérias próprias da alma humana. Bem atual, também. A história se passa na Granja do Solar – por fora, igual a tantas outras da Inglaterra. Mas os animais, ali, sonhavam viver livres da exploração dos homens. Guiados por um porco, o Velho Major, expulsaram de lá o bêbado Sr. Jones, seu proprietário; e criaram naquela granja, que passou a se chamar “dos Bichos”, um novo regime – o Animalismo. Em que era proibido matar outros animais, andar sobre duas pernas, usar roupas e beber álcool. Não haveria mais propriedade privada. Todos os animais seriam iguais. Os frutos do trabalho repartidos fraternalmente. E as decisões tomadas em assembleias, sem privilégios. Assim foi até quando outro porco, Napoleão, assumiu a administração da granja. Passando logo a mentir, a trair e a ter outros vícios humanos. Já não sendo mais possível “distinguir quem era homem e quem era porco”.
Não por acaso Orwell escolheu um porco para liderar os outros animais, nessa revolução. Por lhe sobrar esperteza e malícia. Assim foi desde o princípio dos tempos, quando sobreviviam em florestas de sobreiros e azinheiras. Estão nos desenhos rupestres das cavernas pré-históricas. Esses primeiros porcos, ainda selvagens, se assemelhavam na aparência aos javalis de hoje. Eram só, claro, mais ferozes e mais robustos que os de hoje – presas afiadas, visão pouco precisa, audição e olfato bem desenvolvidos. Os machos mais velhos só se juntavam ao bando na época da reprodução. “Sanglier”, nome francês do javali, vem do latim “singularis” – que significa, precisamente, solitário. Segundo a arqueologia contemporânea, foi dos primeiros animais a serem domesticados pelo homem. Depois da ovelha, do cão e da cabra; mas antes da vaca, do burro, do cavalo e do dromedário. A primeira receita conhecida, usando essa carne, vem da China (500 a.C.) – porco recheado de tâmaras, envolvido em palha misturada com argila; assado em buraco com brasas, coberto com terra. Um jeito de preparar até hoje reproduzido em algumas ilhas da Polinésia.
A história do porco é marcada por amores e desamores. Falaremos dele em muitos outros artigos. Prometendo, desde já, não falar mais em Trump. Até porque, graças a Deus, falta bem pouco para ele deixar o governo. Por mais que se recuse.
RECEITA: PERNIL DE PORCO COM MEL
INGREDIENTES:
1 pernil de 4 kg, 2 garrafas de cerveja preta, 3 colheres de sopa de mel, ½ copo de Whisky, 1 cabeça de alho amassado, 1 bouquet garni (salsa, alecrim, louro, salsão e alho-poró), 1 punhado de pimenta em grão, sal a gosto, folhas de manjericão para a decoração, batatas com casca (semi cozidas em água e sal) e cebolas com casca para o acompanhamento.
• Tempere o pernil em vasilha funda, com todos os ingredientes, e deixe na geladeira por 24 horas.
• Coloque o pernil em assadeira, com o líquido da marinada. Cubra com papel alumínio e leve ao forno quente por 2 horas e meia.
• Retire o papel, acrescente batatas e cebolas (com casca), e continue assando por mais 40 minutos. Regue, de vez em quando, com o líquido da assadeira.
• Decore com folhas de manjericão.
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Fonte: Folha PE
Autor: Letícia Cavalcante