• Shin Suzuki
  • Da BBC News Brasil em São Paulo

Crédito, Universal History Archive

“O Brasil será escravizado, mas os brasileiros não”, escreveu D. Pedro 1º em carta a seu pai, D. João 6º, duas semanas depois da proclamação da independência do Brasil.

“Enquanto houver sangue nas veias, há de correr e primeiramente hão de conhecer melhor o rapazinho e até que ponto chega sua capacidade.”

O coloquial “rapazinho” na correspondência real é uma referência irônica (e raivosa) ao apelido que D. Pedro 1º ganhou de seus detratores em Lisboa.

As palavras escolhidas na correspondência dão mostras da atitude de confronto que seria uma constante na trajetória do monarca, cujos traços de personalidade exerceram grande influência sobre a construção histórica, política e territorial brasileira.

Foi o imperador que contestou ideais do poder absoluto da monarquia, ao mesmo tempo que governou de modo despótico e violento.

Tomou decisões com coragem e responsabilidade em episódios dramáticos e cruciais, mas também foi o homem que sujeitou Dona Leopoldina – esposa, imperatriz e elemento importante no processo de independência – a uma longa e cruel humilhação pública.

Quem foi D. Pedro 1º

D. Pedro 1º nasceu em Portugal no ano de 1798. Uma época de transição histórica, em que os ideais da Revolução Francesa e o abalo provocado em reinos europeus continuavam a ganhar tração.

Portugal já era um império colonial decadente, tinha perdido a força marítima de séculos antes e sofria com problemas políticos e econômicos.

D. João 6º, retratado por historiadores como um mandatário indeciso e vacilante, havia assumido efetivamente o poder no final do século 18 com a morte de seu irmão mais velho e a deterioração do estado mental da rainha, Maria 1ª.

Crédito, Museu Nacional dos Coches

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Embarque da família real portuguesa para o Brasil em pintura atribuída a Nicolas-Louis-Albert Delerive

A ascensão de Napoleão Bonaparte e seu ímpeto expansionista pelo continente europeu, no início do século seguinte, levaram D. João 6ª a uma fuga caótica de Portugal – a corte e a infraestrutura real foram amontoadas às pressas em navios e parte da comitiva foi apedrejada pela população no caminho para o porto.

O importante episódio da história brasileira conhecido como a vinda da família real em 1808 também representou uma situação inédita na trajetória da Europa: pela primeira vez, um rei do continente colocava os pés no “Novo Mundo”.

O príncipe Pedro, filho de D. João 6º com a espanhola Carlota Joaquina, tinha 9 anos quando aportou no Brasil.

Destacou-se na adolescência por cultivar atividades físicas, gostar de trabalhos manuais e pela inclinação musical. Aprendeu vários instrumentos como flauta, violino e fagote.

Apesar de ser retratado muitas vezes como um imperador pouco sofisticado, D. Pedro 1º se tornaria compositor erudito.

Escreveu a melodia do Hino da Independência, que tem letra de Evaristo da Veiga (“Já podeis da pátria filhos…”), e teve peça de abertura apresentada no fim da vida em Paris por Rossini, autor da famosa ópera O Barbeiro de Sevilha.

No entanto, segundo o livro Dom Pedro Empereur du Brésil, Roi de Portugal (Dom Pedro Imperador do Brasil, Rei de Portugal, em francês), de Denyse Dalbian, jornais da capital francesa ironizaram o já ex-imperador em 1831 dizendo que os brasileiros pediram sua abdicação por causa da qualidade da música.

Mas, de fato, a juventude passada no Rio de Janeiro imperial ajudou a forjar a imagem do D. Pedro 1º impulsivo e dado a fortes emoções.

O então príncipe sofreu diversos acidentes ao pilotar carruagens em alta velocidade que resultaram em lesões e costelas quebradas. Por outro lado, tornou-se um excelente cavaleiro. Também já sofria os ataques epiléticos que perdurariam ao longo da vida.

Os registros históricos falam de uma “vivência indisciplinada” do príncipe e distante de questões políticas e administrativas até seus 19 anos.

As novas ideias que provocavam mudanças dramáticas na Europa e nos Estados Unidos, no entanto, já fermentavam na cabeça do jovem monarca. Era o D. Pedro “liberal”, ou seja, contrário à velha ordem absolutista.

“Boa parte dessas ideias liberais, em contraposição aos ideais absolutistas, chegaram, não só à Europa, mas à América, trazidos pela Revolução Francesa e pela chamada Era Napoleônica, quando os direitos dos homens e dos cidadãos mudaram em boa parte da Europa invadida por Napoleão Bonaparte”, afirma o escritor e pesquisador Paulo Rezzutti, autor de D. Pedro – A História Não Contada (Leya, 2015).

Ao menos enquanto um ideal, o monarca demonstrou apoio à causa abolicionista. Em um texto apócrifo que tem a letra de D. Pedro 1º e está no arquivo do Museu Imperial de Petrópolis (RJ) é afirmado que “todo senhor de escravo desde pequeno começa a olhar o seu semelhante com desprezo” e “eu sei que o meu sangue é da mesma cor que o dos negros”.

Segundo Rezzutti, “era um mundo novo, com ideias e atitudes e uma forma nova de se pensar que ia contra as formas políticas anteriores”.

Um pensamento avançado para um integrante de uma monarquia da época, embora a corte imperial não abrisse mão da escravidão para atendê-la.

Agitações

Entre meados da década de 1810 e o começo do ano de 1821, a queda de Napoleão e as consequentes mudanças e agitações políticas na Espanha e em Portugal (tutelado pela Inglaterra) colocaram pressão sobre a família imperial.

A população lusitana pedia a volta da família real a Lisboa, a obediência a uma Constituição ainda a ser escrita (e com menos poderes para o rei) e a reversão das condições mais privilegiadas que o Brasil recebeu como sede do império.

A esse cenário complicado somavam-se movimentos independentistas no Nordeste brasileiro, que poderiam fracionar o território.

D. João 6º decidiu embarcar para Portugal em abril de 1821.

Crédito, Domínio Público

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D. Pedro 1º e Dona Leopoldina em pintura de Arnaud Pallière

D. Pedro 1º permaneceu no país com Dona Leopoldina, filha do imperador da Áustria, com quem havia se casado alguns anos antes. A união entre os Habsburgos e a Casa de Bragança era um passo fundamental para um projeto de poder na época.

Na juventude, a imperatriz brasileira foi amiga do compositor austríaco Franz Schubert e conviveu com o escritor alemão Goethe. Essa bagagem cultural foi transmitida ao marido D. Pedro 1º, que lamentava não ter recebido instrução melhor.

Leopoldina ajudou o marido com conselhos e análises pragmáticas no processo que resultou na independência do país.

Um exemplo foi seu papel na articulação, junto a José Bonifácio, do “Fico” de D. Pedro, que havia sido instado a voltar a Portugal e oficializar assim o retorno do Brasil à condição de colônia.

Antes do retorno a Portugal, por sinal, D. João 6º disse: “Pedro, se o Brasil se separar, antes seja por ti, que me hás de respeitar do que para algum desses aventureiros”.

Esse cenário influenciou D. Pedro 1º até o momento da notória frase “como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto: diga ao povo que fico”, publicada em um edital do Senado em 10 de janeiro de 1822 – e não proferida no dia anterior como se pensa popularmente.

O processo de independência se firmou.

Caráter explosivo

D. Pedro 1º escutava conselhos de pessoas como D. Leopoldina e José Bonifácio, mas, como se fixou a imagem popular, tinha um caráter explosivo.

Rezzutti lembra que “ele não pensou duas vezes em combater diretamente a divisão militar portuguesa que se levantou contra os cariocas após o Dia do Fico”.

“Certamente, o temperamento exaltado e impulsivo de D. Pedro 1º, totalmente diverso do temperamento de seu pai, contribuiu para o avanço da causa dos brasileiros”, analisa Isabel Lustosa, autora de D. Pedro I: Um Herói sem Nenhum Caráter (Cia. das Letras, 2006).

“Apesar de não ser exatamente um homem ilustrado, era inteligente e sabia ouvir as pessoas mais preparadas”, complementa a historiadora.

No 7 de Setembro, D. Pedro 1º recebeu o comunicado das Cortes portuguesas (uma assembleia representativa da época) com novas medidas que incluíam a prisão de membros do governo e a renovação da exigência de que o príncipe voltasse a Lisboa. Logo partiu para a reação.

De acordo com o relato do padre Belchior, que estava junto no momento da proclamação, D. Pedro 1º disse: “As cortes me perseguem, chamam-me com desprezo de rapazinho e brasileiro. Pois verão agora quanto vale o rapazinho” – em outra menção ao apelido jocoso usado pelos adversários em Portugal.

O padre descreve a cena contando que D. Pedro 1º arrancou do chapéu o laço azul e branco, símbolo de Portugal como nação, e disse: “Laços fora soldados. Viva a Independência, a liberdade e a separação do Brasil!”.

Crédito, Biblioteca Nacional

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Quadro de François-René Moreaux que retrata a proclamação da independência brasileira

Segundo o religioso, “D. Pedro embainhou a espada” e declarou: “Brasileiros, a nossa divisa de hoje em diante será Independência ou Morte!”.

Paulo Rezzutti diz que D. Pedro 1º era “intempestivo”, mas “não era burro”. “Ele já sabia que o caminho do rompimento seria inevitável para a manutenção da autonomia do Brasil.”

A narração em tom heroico do 7 de Setembro que é feita pelo padre Belchior inclui uma passagem de fama anedótica: D. Pedro viveu esse dia crucial afetado “por uma disenteria que o obrigava a todo momento a apear-se para prover”.

O historiador Otávio Tarquínio de Sousa relata que “A 7 (de Setembro) voltava o príncipe da terra dos Andradas e dos Gusmões (a cidade de Santos), num estado de saúde que, embora sem nenhuma gravidade, por certo o aborrecia. A mudança de alimentação, um gole de água menos pura, fosse o que fosse, a verdade é que suas funções intestinais acusavam distúrbios impertinentes, que o obrigavam a alterar o ritmo da marcha, a separar-se da comitiva, em paradas incoercíveis”.

Assumidos os títulos de primeiro imperador brasileiro e “defensor perpétuo” do país, D. Pedro 1º viveu um período curto de aclamação pós-independência. Menos de um ano depois, entraria em choque com opositores e, mais tarde, até apoiadores, como José Bonifácio.

Vida amorosa atribulada

Além da atuação política, a atribulada vida amorosa e sexual de D. Pedro I ganharia atenção do público.

Conhecido por um grande número de casos com mulheres da corte desde cedo, o imperador agora vivia de forma cada vez mais aberta a intensa relação com a amante Domitila de Castro Canto e Melo, que se tornaria a Marquesa de Santos.

“A favorita do imperador” ganhava não apenas presentes caríssimos como também títulos de nobreza, posses de terrenos e controlava, junto com seus parentes, o tráfico de influência para quem precisava de favores na burocracia real.

Crédito, Museu Histórico Nacional

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Domitila de Castro Canto e Melo, a Marquesa de Santos, em pintura de Francisco Pedro do Amaral

“Domitila teve a inteligência de usar um hábito real que estava em desuso na Europa. Até a Revolução Francesa, reis com suas ‘favoritas’ eram um sinal de virilidade, de um monarca potente. Depois virou um sinônimo de decadência e fragilidade”, diz a historiadora Mary del Priore, que escreveu A Carne e o Sangue – A Imperatriz D. Leopoldina, D. Pedro I e Domitila, a Marquesa de Santos (Rocco, 2012).

“Não é à toa que D. Pedro terá caricaturas espalhadas no Rio e em Salvador ‘montado’ por Domitila.”

As cartas trocadas entre D. Pedro 1º e Domitila mostravam um grande envolvimento amoroso, eram assinadas com apelidos como “Demonão” e “Fogo Foguinho” e temperadas com detalhes eróticos dirigidas a “Titília”.

Os privilégios e as vantagens dadas a Domitila chegaram a tal ponto que ela circulava e até viajava ao lado de D. Leopoldina quando toda a corte tinha clareza do status das mulheres em torno do imperador.

“Leopoldina foi certamente molestada psicologicamente”, afirma Del Priore. A primeira imperatriz brasileira morreu em 1826, aos 29 anos. Correspondência para o império austríaco cita “estado convulsivo” da imperatriz antes dos momentos finais.

A Marquesa de Santos virou, ao final, uma inconveniência política para D. Pedro 1º. Entre idas e vindas, ele encerrou o relacionamento. Numa carta, diz a ela: “Eu te amo, mas amo mais a minha reputação”.

“Tu não hás de querer a minha ruína nem a ruína de teu e meu país.”

Crise política e abdicação

Apesar de saudado pela simpatia às ideias liberais e espírito reformista do absolutismo, D. Pedro 1º suspendeu direitos da população em províncias brasileiras.

Integrantes de movimentos separatistas foram presos, deportados ou executados.

Crédito, Biblioteca Nacional

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Abdicação de D. Pedro I em pintura de Aurélio de Figueiredo

“Pode-se dizer que ele foi sempre um homem dividido. Entre ser brasileiro e ser português e entre ser liberal e ser absolutista. Mas também pode-se de considerar que ele foi um sucesso dentro dessa contradição pois fundou o Brasil como estado independente e manteve a dinastia Bragança no trono dos dois países”, diz Isabel Lustosa.

Em maio de 1823, quando a Assembleia Geral começou os trabalhos para elaborar uma carta constitucional, D. Pedro 1º leu um discurso com o seguinte trecho: “Aceitarei e defenderei a Constituição, se for digna do Brasil e de mim”.

A sugestão de que a palavra final sobre o texto teria que ser do imperador marcou uma disputa de anos com parlamentares e outros atores políticos. D. Pedro 1º, mais tarde, dissolveria com um decreto a Assembleia Constituinte por ver, segundo ele, “a pátria em perigo”.

A decisão acirrou ânimos entre brasileiros e portugueses residentes no país e contrastava com a imagem de monarca reformador e simpático aos ideias liberais que se espalhava no exterior.

“Ao mesmo tempo em que ele foi o campeão do liberalismo na Europa, aqui ele deixou diversas lembranças de seus arroubos, quando ele mandou fechar a Assembleia Constituinte e ele mesmo outorgou uma constituição para o Brasil, mais liberal que aquela que a Assembleia estava fazendo que, por outro lado, incluía o Poder Moderador permitindo ao imperador nomear seu próprio ministério sem interferência do Parlamento”, explica Rezzutti.

Quando o conflito acerca da carta e de seu gabinete de ministros recrudesceu, o monarca declarou: “Prefiro abdicar a aceitar imposições violentas contrárias à Constituição”.

E também disse : “Entre mim e o Brasil tudo está acabado e para sempre”. No entanto, fez diversas manifestações com afeto sobre o país até o fim da vida.

O imperador oficialmente abriu mão do trono brasileiro, que passava para o filho Pedro, com 5 anos nesse momento. O país seria governado por uma regência até que o menino completasse 15 anos.

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Casamento de D. Pedro I com D. Amélia de Leuchtenberg

Após a abdicação, D. Pedro 1º foi abrigado em navios estrangeiros na Baía da Guanabara, auxiliada pelas embaixadas da França e da Inglaterra. O primeiro destino com a nova esposa, D. Amélia de Leuchtenberg, seria a região francesa da Normandia.

A batalha final

D. Pedro 1º, no entanto, se estabeleceria em Paris. E a recepção na França marcou uma grande diferença em relação ao que o ex-imperador havia vivido nos últimos anos no Brasil.

D. Pedro 1º era celebrado como exemplo de monarca europeu com ideias modernas. Foi acolhido por Luís Filipe 1º, o “rei-cidadão”, e frequentava a vida cultural parisiense e convescotes da alta sociedade.

Apesar da rotina festiva, D. Pedro 1º tinha o projeto de recuperar o poder em Portugal, agora nas mãos do irmão mais novo, D. Miguel – este visto na política europeia como alguém que estava promovendo uma retomada absolutista.

Para isso, liderou um plano considerado quase quixotesco em que arregimentou, entre portugueses exilados e mercenários, uma força de cerca de 8 mil homens. Do outro lado, as forças de D. Miguel somavam 80 mil. O equipamento de guerra do lado “liberal” também era parco e de qualidade ruim.

D. Pedro 1º, no entanto, superou o prognóstico largamente desfavorável e conseguiu tirar D. Miguel do poder.

É contabilizado como fator da vitória da desacreditada campanha a liderança do ex-imperador brasileiro e sua atuação na frente de batalha, cavando trincheiras e circulando próximo de bombas e tiroteios.

O trono português iria para a filha Maria da Glória, de 15 anos, que se tornaria a rainha Maria 2ª. Quando D. João 6º morreu, em 1826, D. Pedro 1º estava sob forte desconfiança de que estava deixando de lado os assuntos brasileiros em nome de um interesse na Coroa portuguesa – além de um desencadear um processo que poderia acabar em uma temida reunificação. Assim, seguiu o conselho de renunciar.

“A coerência maior da sua luta contra o absolutismo é ele ter abdicado de duas coroas e lutado contra o irmão, campeão dos absolutistas portugueses, para colocar a sua filha, D. Maria 2ª, no trono de Portugal e fazer valer a constituição que ele deu ao país em 1826”, diz Rezzutti.

Ao final da batalha pela retomada do poder em Portugal, D. Pedro 1º se viu com crises de falta de ar e tuberculoso. Morreu em 24 de setembro de 1834, aos 35 anos.

Segundo o escritor António Feliciano de Castilho, as ruas de Lisboa ficaram “inundadas de portugueses” enquanto a carruagem seguia com o corpo do monarca.

Os restos mortais voltaram ao Brasil em 1972, nos 150 anos da independência do país, e foram exumados em 2012 pela arqueóloga e historiadora Valdirene do Carmo Ambiel.

As análises mostraram fraturas de quedas de cavalo e que o imperador tinha entre 1,66m e 1,73m de altura.

Sua ossada está, junto com as de suas duas esposas, na cripta imperial, no Parque da Independência, em São Paulo.

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