Uma espiral luminosa foi vista sob o céu do Alasca no último sábado (15) — foi uma cena ainda mais surpreendente do que a aurora boreal em si, que havia atraído vários espectadores para a região.
Mas afinal, que acontecimento misterioso e belo era aquele?
“O que nós finalmente conseguimos descobrir é que a SpaceX lançou um foguete Falcon 9 partindo de Vandenberg (na Califórnia)”, explicou à BBC Don Hampton, pesquisador na área de geofísica da Universidade do Alasca Fairbanks.
O Falcon 9 é um foguete de dois estágios — em um dado momento, o primeiro estágio se separa do segundo, que segue para a órbita.
“Ou teve uma combustão para que o segundo estágio voltasse da órbita, o que acabou liberando basicamente vapor d’água, que congelou; ou houve o descarte de combustível, para que o segundo estágio ficasse mais leve. E quando isso sai (o combustível) no espaço gelado, ele se transforma em pequenos cristais de gelo.”
“Os cristais de gelo refletem a luz do Sol, e nós podemos ver isso em terra.”
“O foguete em si estava em movimento espiral, então quando houve a liberação (de vapor ou de combustível), surgiu esse efeito com aparência espiral”, completa Hampton.
A empresa SpaceX, do bilionário Elon Musk, fez lançamentos do Falcon 9 e de pequenos satélites no sábado.
Mas, dessa vez, a empresa considerou os feitos do último sábado bem-sucedidos.
‘Sensação de admiração’
O geólogo e fotógrafo americano Todd Salat, que se autointitula o “caçador da aurora” (referindo-se à aurora boreal), capturou uma das imagens mais compartilhadas da espiral luminosa causada pelo Falcon 9.
“Um giro intrigante no céu se movimentava pela aurora e aparecia sobre o cume Donnelly Dome, perto da cidade de Delta Junction, no Alasca (…) Quando essa espiral brilhante veio em minha direção, crescendo rapidamente, pensei: O que é isso?!”, escreveu Salat em seu site.
“Eu amei a sensação de admiração, mas mistério resolvido”, completou, citando a descoberta do papel acidental do Falcon 9 na aurora boreal.
Antes que o mistério fosse resolvido, várias imagens e postagens nas redes sociais abordaram o evento misterioso, especulando do que se tratava.
Don Hampton explica que efeitos visuais parecidos já haviam sido observados antes, durante a aurora boreal, por conta de lançamentos de foguetes.
“Gostaria que outros acontecimentos científicos recebessem tanta atenção assim”, brincou, com um fundo de verdade, o pesquisador.
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