O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta quarta-feira (19/04) a saída do ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, primeiro integrante do primeiro escalão a cair, com menos de quatro meses de mandato.
Dias apresentou o pedido de demissão ao presidente após o vazamento de imagens do circuito interno de câmeras de segurança do Palácio do Planalto mostrar que o ministro e sua equipe foram negligentes ou até mesmo colaborativos com bolsonaristas radicais que invadiram o Palácio do Planalto em 8 de janeiro.
As imagens foram reveladas pelo canal CNN Brasil.
“Inicialmente, ele caminha sozinho no terceiro andar do palácio, na antessala do gabinete do presidente da República. Gonçalves Dias tenta abrir duas portas e depois entra no gabinete”, relata reportagem da emissora.
“Após alguns minutos, o ministro aparece caminhando pelo mesmo corredor com alguns invasores. As imagens sugerem que ele indica a saída de emergência ao grupo de criminosos. Em seguida, surgem nas imagens outros integrantes do GSI, que parecem indicar também o caminho de saída para os invasores que estavam no terceiro andar do Palácio do Planalto”, relatou ainda a CNN Brasil.
O terceiro andar é onde fica o gabinete de Lula, que não estava no local no momento da invasão, realizada em um domingo.
As imagens mostram até mesmo um dos funcionários do GSI dando água mineral para os invasores.
Logo após o 8 de janeiro, algumas imagens da atuação dos radicais dentro do palácio chegaram a ser divulgadas pelo governo, mas o GSI determinou sigilo de cinco anos sobre e totalidade das gravações.
Segundo reportagem do portal G1, a situação do agora ex-ministro foi agravada porque o próprio Lula teria solicitado a Dias imagens da atuação dos vândalos em frente ao gabinete presidencial, mas ele teria respondido que as imagens estavam indisponíveis.
Dias foi escolhido para comandar o GSI porque contava com a confiança de Lula. Ele chefiou a segurança do petista em seus dois primeiros mandatos (2003-2010), quando recebeu o apelido de “sombra”, por sua proximidade constante com o presidente.
Pacheco cobrou punição
Antes da demissão do ministro, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, defendeu a punição de qualquer agente leniente no 8 de janeiro.
“Se houve algum tipo de leniência, se houve algum tipo de tolerância, com essas invasões que não eram manifestações, o tratamento deveria ser de atos criminosos”, afirmou durante viagem oficial a Londres.
Já o GSI anunciou em uma nota que as condutas dos agentes envolvidos “estão sendo apuradas em sede de sindicância investigativa instaurada no âmbito deste ministério”.
O comunicado diz ainda que, “se condutas irregulares forem comprovadas, os respectivos autores serão responsabilizados”.
Por outro lado, o órgão tentou justificar a atuação dos oficiais.
“O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República esclarece que as imagens mostram a atuação dos agentes de segurança que foi, em um primeiro momento, no sentido de evacuar os quarto e terceiro pisos do Palácio do Planalto, concentrando os manifestantes no segundo andar, onde, após aguardar o reforço do pelotão de choque da PM/DF, foi possível realizar a prisão dos mesmos”, informou em nota.
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