• Author, James Clayton
  • Role, Repórter de tecnologia

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Halli Thorleifsson

Um funcionário do Twitter entrou em contato com Elon Musk na plataforma para perguntar se havia sido demitido.

Em um tuíte destinado ao CEO e dono da empresa, Halli Thorleifsson escreveu: “Seu chefe de RH não pode confirmar se estou empregado ou não”.

Musk respondeu perguntando: “Que trabalho você tem feito?”

Thorleifsson contou à BBC que nove dias depois de ter perdido acesso ao computador do trabalho, ele não sabia se havia sido demitido ou não.

Após uma série de perguntas feitas por Musk, que soavam como uma entrevista sobre seu trabalho, Thorleifsson disse que recebeu um e-mail confirmando que havia sido demitido.

O Twitter não respondeu imediatamente ao pedido de comentário da BBC.

Thorleifsson, de 45 anos, era diretor sênior de design de produto do Twitter. Ele disse à BBC que a incerteza em relação ao seu trabalho era “estranha” e “extremamente estressante”.

“Abri meu computador no domingo de manhã, nove dias atrás, e vi que a tela estava cinza e trancada, indicando que eu estava impedido de entrar nas minhas contas no Twitter”, recorda.

“Depois que alguns dias se passaram, comecei a entrar em contato com as pessoas, incluindo Elon e o chefe do RH para perguntar sobre minha situação.”

“Desde então, o chefe de RH me mandou e-mail duas vezes e não foi capaz de responder se eu era ou não funcionário do Twitter”.

Frustrado, ele publicou um tuíte destinado ao dono da empresa, Elon Musk.

“Talvez se pessoas suficientes retuitarem, você me responderá aqui”, escreveu Thorleifsson.

E Musk respondeu, perguntando inicialmente o tipo de trabalho que ele fazia na empresa.

Após várias perguntas que se seguiram, Thorleifsson forneceu uma lista de coisas que ele havia feito na companhia. A troca de mensagens terminou com o Musk postando dois emojis chorando de rir.

Logo depois, Thorleifsson disse que o departamento de recursos humanos do Twitter entrou em contato com ele e comunicou que ele havia sido demitido.

A troca de tuítes foi amplamente compartilhada na plataforma.

Musk chegou a criticar Thorleifsson dizendo: “A realidade é que esse cara (que é rico) não fez um trabalho de verdade, e deu como desculpa que tinha uma deficiência que o impedia de digitar, mas estava tuitando sem parar”.

“Não posso dizer que tenho muito respeito por isso.”

Thorleifsson, um empreendedor da Islândia, vendeu sua empresa, uma agência de design criativo chamada Ueno, para o Twitter no início de 2021 — depois de fundar a empresa em Reykjavik em 2014.

Como parte da aquisição, ele se tornou funcionário em tempo integral no Twitter.

“Decidi vender por alguns motivos, mas um deles é que tenho distrofia muscular e meu corpo está lentamente me deixando na mão”, disse ele à BBC.

“Eu tenho alguns bons anos de trabalho que me restam, então essa foi uma maneira de encerrar minha empresa e preparar minha vida e da minha família para os anos em que não conseguirei fazer tanta coisa”.

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Halli Thorleifsson com a família

Thorleifsson está com receio de que Musk não honre o contrato que assinou com o Twitter quando vendeu sua empresa para eles.

“Isso é extremamente estressante. Este é o meu fundo de aposentadoria, uma maneira de cuidar de mim e da minha família à medida que minha doença avança. Ter o homem mais rico do mundo do outro lado disso, potencialmente se recusando a cumprir um contrato, não é fácil para eu aceitar”, diz ele.

No mês passado, Elon Musk teria demitido mais 200 funcionários do Twitter. Isso significa que a empresa agora tem pouco mais de 2 mil funcionários — número bem abaixo dos aproximadamente 7,5 mil que faziam parte da sua força de trabalho em outubro, antes de Musk assumir o controle da companhia.

“As empresas mandam as pessoas embora, é direito delas”, afirma Thorleifsson.

“Elas geralmente informam as pessoas sobre isso, mas essa parte parece ser opcional no Twitter agora.”