• Author, Tom Bateman
  • Role, Da BBC News em Adana (Turquia)

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Esta bebê de seis meses – cujo rosto está muito machucado – está identificada como “anônima” em sua etiqueta

As crianças feridas no hospital de Adana, cidade no sul da Turquia gravemente afetada pelos terremotos desta semana, são jovens demais para entender tudo que perderam.

Na unidade de terapia intensiva, os médicos dão uma mamadeira a uma menina ferida de seis meses cujos pais não foram encontrados.

Existem centenas de outros casos de crianças não identificadas cujos pais morreram ou não puderam ser encontrados.

O terremoto destruiu suas famílias e apagou até mesmo os seus nomes.

A médica Nursah Keskin segura a mão da bebê, que é identificada na etiqueta em sua cama como “anônima”.

Ela tem múltiplas fraturas, um olho roxo e seu rosto está muito machucado; mas ela se vira e sorri para nós.

“Sabemos onde ela foi encontrada e como chegou aqui. Mas estamos tentando encontrar um endereço. A busca continua”, diz Keskin, que é pediatra e vice-diretora do hospital.

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Esta menina, que tem entre cinco ou seis anos, tem um traumatismo craniano e fraturas múltiplas

Muitos das crianças aqui foram resgatadas de prédios que caíram em outras regiões. Elas foram levadas para Adana porque o hospital ainda está de pé.

Muitos outros centros médicos nas zonas de desastre desabaram ou foram danificados. Adana virou um centro de resgate.

Em um caso, bebês recém-nascidos foram trazidos para cá às pressas de uma maternidade em um hospital gravemente atingido na cidade de Iskenderun.

As autoridades de saúde turcas dizem que em toda a zona de desastre do país existem atualmente mais de 260 crianças feridas ainda não identificadas.

Esse número pode aumentar significativamente à medida que mais áreas estão sendo alcançadas.

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A cirurgiã pediátrica Ilknur Banlicesur diz que muitas crianças não conseguem falar por estarem em choque

Sigo Keskin pelos corredores lotados. Sobreviventes do terremoto estão deitados em macas, outros enrolados em cobertores e deitados em colchões em uma área de emergência. A ala cirúrgica também está repleta de crianças feridas.

Nos deparamos com uma menina que os médicos dizem ter cinco ou seis anos. Ela está dormindo, com soros intravenosos. A equipe diz que ela teve um traumatismo craniano e fraturas múltiplas.

Pergunto se ela consegue falar seu próprio nome.

“Não, ela faz apenas contato visual e por gestos”, diz Ilknur Banlicesur, cirurgiã pediátrica.

“Por causa do choque, essas crianças não conseguem falar. Elas sabem seus nomes. Depois de estabilizadas, daqui a alguns dias, poderemos [tentar] conversar com elas”, explica ela.

As autoridades de saúde têm tentado achar os endereços das casas das crianças não identificadas. Mas muitas vezes os endereços não passam de ruínas.

As redes sociais na Turquia estão cheias de postagens de crianças desaparecidas, dando detalhes de qual andar elas moravam em prédios desabados.

Parentes sobreviventes e funcionários do Ministério da Saúde estão visitando diversos centros médicos para ajudar a encontrar crianças desaparecidas.

No hospital de Adana, os feridos continuam chegando. Eles estão chocados e exaustos.

Os próprios médicos aqui também sofreram com o terremoto. Keskin perdeu familiares e está abrigada no hospital com seus filhos devido aos tremores secundários.

Eu pergunto a ela como ela está lidando com tudo.

“Eu estou bem, estou tentando fazer o bem, porque [as crianças] precisam muito de nós.

“Mas eu agradeço a Deus por ainda ter meus filhos. Não consigo pensar em dor maior para uma mãe do que perder seu filho.”

Ao nosso lado, crianças esperam a volta de seus pais. Algumas conseguiram encontrá-los. Mas muitas ainda são consideradas as crianças anônimas do terremoto.