Período cria condições favoráveis para reprodução do mosquito. População deve redobrar os cuidados dentro de casa, uma vez que 80% dos focos são encontrados no interior das residências. (Foto: Ikamahã/Sesau)
Chuvas noturnas e calor intenso ao longo do dia. Esse pode ser o cenário ideal para a reprodução do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. Para evitar que a proliferação do inseto aconteça e haja aumento de casos de arboviroses na cidade, a Secretaria de Saúde (Sesau) do Recife reforça orientações para que, neste fim de ano, a população redobre os cuidados dentro de casa, uma vez que 80% dos focos são encontrados no interior das residências.
Em 2022, até a semana epidemiológica (SE) 45, foram notificados 4.031 casos suspeitos de arboviroses, sendo 2.286 casos de dengue, 1.561 de chikungunya e 184 de zika. Desse total, foram confirmados 1.012 casos de dengue, 837 casos de chikungunya e cinco casos de zika. Em comparação ao mesmo período do ano anterior, houve redução de aproximadamente 86% dos casos notificados de arboviroses e de 92% dos casos confirmados de arboviroses.
A gerente de Vigilância Ambiental do Recife, Vânia Nunes, reforça alguns cuidados a serem tomados para evitar que o Aedes deposite os seus ovos. “O mosquito prefere água limpa e parada para se reproduzir, em ambientes com pouca luz. Então, para evitar novos criadouros, é importante manter os reservatórios de água, como caixas d’água, tonéis e tanques, bem tampados. Além disso, é preciso cobrir pneus, garrafas ou qualquer outra superfície que possa acumular água, por menor que seja. Muitas vezes, até mesmo uma tampinha plástica tem potencial para que o mosquito coloque os seus ovos”, alerta a gestora.
Depois de encontrar um ambiente favorável para a sua reprodução, o mosquito chega à vida adulta cerca de dez dias após a eclosão dos ovos. Por isso, é fundamental interromper o seu ciclo de vida para evitar que haja novos insetos no ambiente. “Uma forma muito simples de fazer essa eliminação de focos é lavando, semanalmente, os reservatórios. Deve-se usar esponja ou palha de aço e sabão nas paredes dos reservatórios”, reforça Vânia.
Também é importante que a população fique atenta aos bebedouros dos animais domésticos, que devem ser higienizados com frequência; às calhas, removendo folhas e galhos e tudo o que possa impedir a passagem da água; além de optar pelo cultivo de plantas em vasos com areia e evitar usar o pratinho. Se necessário utilização deste utensílio, a dica é preenchê-lo com areia.
Como forma de conscientizar os recifenses, as equipes da Vigilância Ambiental do município têm investido fortemente em atividades de educação em saúde. Para isso, os agentes de Saúde Ambiental e Controle de Endemias (asaces) da Secretaria de Saúde do Recife fazem visitas em escolas e pontos estratégicos, a exemplo das borracharias, cooperativas.
“A principal ferramenta para enfrentamento do mosquito é a informação. E o trabalho realizado pela Prefeitura só terá eficácia se houver a constante colaboração dos moradores. Se tivermos cidadãos conscientes das suas responsabilidades, conseguiremos manter os índices de adoecimento menores. A redução dos casos de arboviroses em comparação ao ano passado é uma grande demonstração da importância deste trabalho que estamos fazendo incansavelmente”, reforça Nunes.
Outro importante recurso utilizado pela Prefeitura do Recife no enfrentamento do Aedes aegypti tem sido a realização de mutirões em diversas comunidades da cidade. Desde abril de 2021, aos finais de semana, equipes de asaces visitam locais em que há um maior índice de infestação do mosquito e risco de adoecimento da população, de acordo com indicadores entomológicos e epidemiológicos. Os profissionais fazem a inspeção de residências e outros imóveis da localidade para identificar e tratar possíveis focos desses vetores, quando eliminam focos e aplicam larvicida biológico nos depósitos de água. Ainda nas abordagens, os agentes também realizam um trabalho educativo com a população.
Ao longo de todo o ano, a Prefeitura do Recife (PCR) promove ações continuadas para controle dos mosquitos transmissores das arboviroses. Na rotina dos asaces, além das visitas domiciliares, estão manutenção das ovitrampas (armadilhas para monitorar a infestação do mosquito); análise das Estações Disseminadoras de Larvicidas; e formação das Brigadas Contra o Mosquito, que envolvem instituições públicas e privadas da cidade.
A população também pode colaborar com o trabalho da Vigilância Ambiental e as denúncias de possíveis focos do mosquito podem ser feitas, primeiramente, nos canais oficiais da PCR, como o Conecta Recife, na opção “Bora se Cuidar contra o Mosquito”, e a Ouvidoria do SUS pelo telefone 0800 281 1520, das 7h às 19h, de segunda a sexta-feira.