A Argentina venceu a França nos pênaltis neste domingo (18/12), na final da Copa do Mundo 2022, se tornando tricampeã e entrando para o seleto clube de seleções com três estrelas na camisa.
Os argentinos receberam o troféu, que é parte fundamental das comemorações pela vitória no Mundial, em um enredo que se repete a cada quatro anos.
Para deixar a vitória registrada na taça oficial do campeonato, após a comemoração, o objeto é encaminhado para a pacata cidade de Paderno Dugnano, na região metropolitana de Milão, no norte da Itália.
Ali, em um galpão simples, localizado em uma tranquila rua de uma região industrial, os ourives que trabalham na fábrica da empresa GDE Bertoni estão prontos para receber a famosa taça.
Eles precisarão deixar o troféu tinindo como se fosse novo e gravar, no disco circular que fica em sua base, o nome da seleção da Argentina.
O padrão é: o ano do campeonato seguido pelo nome do vencedor, em grafia que respeite o idioma do campeão.
Assim, em 1994 e 2002, foi escrito Brasil, exatamente da maneira como escrevemos, em português.
Em 2006, a taça foi recebida em clima de festa para a gravação no ano em que a Itália conquistou o mundial.
Essa gravação é o único processo mecanizado pelo qual passa o troféu da Copa do Mundo, com seus cerca de 6 quilos de ouro. A taça, obra idealizada em 1971 pelo ourives e escultor Silvio Gazzaniga, que morreu aos 95 anos em 2016, é toda confeccionada de forma artesanal.
A taça
Os países que vencem a Copa do Mundo recebem uma réplica da taça da disputa.
É um objeto idêntico à taça original, que tem ouro 18 quilates e está sempre em posse da Fifa. A GDE Bertoni é responsável por produzir essas réplicas, idênticas em forma e com peso semelhante à original, que são entregues, em definitivo, às seleções campeãs. Em vez de ouro, há uma liga de cobre e zinco – mas banhada a ouro em três demãos.
E são réplicas assim que todos os países que venceram a Copa do Mundo desde 1974 guardam em suas salas de troféus.
Em 1970, o Brasil chegou a receber uma taça original, o troféu Jules Rimet – pois o combinado era que a primeira seleção que vencesse três vezes a Copa ficaria com a posse definitiva da taça.
Após o tricampeonato brasileiro, foi aberto um concurso para escolher a premiação substituta. Participaram 53 empresas de todo o mundo.
A GDE Bertoni, empresa fundada em Milão pelo ourives Emilio Bertoni, já tinha certa experiência no ramo esportivo, pois havia feito as medalhas para os Jogos Olímpicos de Roma, em 1960.
A firma era então gerida por Giorgio Losa, neto do fundador. O funcionário Gazzaniga fez o desenho. Losa levou pessoalmente um molde de gesso até a sede da Fifa para o certame. Levou a melhor e voltou com a missão: fabricar a taça que já seria utilizada na Copa de 1974.
Desde então, a cada quatro anos a taça original e única da Copa retorna a Paderno Dugnano para a gravação do nome. Aquelas duas faixinhas verdes, feitas de uma pedra chamada malaquita, são substituídas por novas. O troféu também é limpo e polido. Fica novinho em folha antes de retornar à sede da FIFA, em Zurique, na Suíça.
Todo esse processo costuma levar pelo menos duas semanas. É feito em sigilo, sem alarde, por razões de segurança – e para não quebrar o sossego da silenciosa e quase sem movimento ruazinha onde a GDE Bertoni se localiza.
Assim que a taça original for encaminhada para a gravação, a Argentina receberá a posse da réplica oficial que lhe é de direito. E a original seguirá da Itália para Zurique, na Suíça, no aguardo do Mundial de 2026.
*Com informações de reportagem de Edison Veiga, publicada em 2018 na BBC News Brasil.
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