Copa do Mundo é o período perfeito para reunir os amigos e assistir aos jogos do Brasil juntos. Mas quem está acostumado com transmissões de partidas de futebol sabe bem como é ruim a sensação de estar atento a um lance de perigo, ser interrompido por um grito de gol na casa vizinha e só depois de alguns segundos ver o gol na sua TV.
Embora você comemore aquele gol, ter recebido um “spoiler” tira um pouco da graça do momento. Mas o que justifica esse atraso de uma TV para a outra? Chamado de delay, ele é bastante comum em transmissões ao vivo e não representa um problema no aparelho que mostrou a imagem por último, e é apenas um reflexo do percurso que as informações transmitidas percorrem.
Especialista em transmissores do Núcleo de TV e Rádios Universitárias, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Adilson Rocha explica que o delay é o tempo que as informações da transmissão — no caso da televisão, o áudio e a imagem — levam para sair do local onde está acontecendo o fato e chegar até o aparelho que as reproduz.
“Essas informações saem do local da cobertura, vão para um satélite e voltam para a base de transmissão, onde o sinal é decodificado”, descreve Adilson. Ainda segundo o profissional, essas informações são propagadas por meio de ondas eletromagnéticas, que obedecem à velocidade da luz, que é de 300.000 km/s.
“O tempo de propagação tende a aumentar de acordo com a distância do local onde está acontecendo o evento”, diz Rocha, que emenda: “O Catar, por exemplo, é um país distante, então as informações demoram mais a chegar. Por isso, quando um repórter que está lá entra ao vivo em alguma programação que está sendo realizada no Brasil, ele demora alguns segundos para responder a uma pergunta feita, porque é o tempo de transporte dessas informações.”
Qualidade interfere
Outro fator que pode aumentar o atraso é a qualidade do sinal recebido, já que esse processo consiste em compactar e descompactar imagem e áudio para que o sinal chegue com a qualidade compatível ao equipamento.
Já nas transmissões feitas exclusivamente via rádio, o atraso tende a ser mais curto e quase imperceptível, justamente porque o conteúdo é mais leve e chega mais rápido. No ranking de quem tem menos delay, a TV analógica, embora seja mais antiga, vem logo depois. Com qualidade reduzida, as informações levam menos tempo para serem exibidas.
Torcedor do Náutico com rádio de pilha na arquibancada – Foto: Tiago Caldas/CNC
O tempo de delay vai aumentando gradativamente nas transmissões da TV de sinal digital e TV de sinal digital HD, já que a qualidade aumenta. E nas plataformas de streaming, a espera é ainda maior, porque a decodificação para plataformas que dependem de internet, independentemente da velocidade da conexão, é mais demorada.
Impactos na experiência
Mais do que o incômodo por comemorar o gol com alguns segundos de atraso, o delay mexe com a experiência do torcedor como um todo. Professora de Comunicação Social da UFPE, Yvana Fechine fala que as transmissões ao vivo, sobretudo de jogos de futebol, são responsáveis por garantir a ideia de mesma temporalidade dos relógios, ou seja, mesmo que você não esteja presente no local do evento, você consegue assistir a tudo em tempo real, e isso cria a sensação de contato e proximidade.
“Transmissões ao vivo geram tensão e expectativa, porque você acompanha tudo no mesmo momento em que o fato ocorre, e o delay rompe com essa ideia de ‘duração compartilhada’, que é motivada por esperar o inesperado”, explicou Yvana.
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Fonte: Folha PE
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