Lúcia Mota, mãe da menina Beatriz — Foto: Emerson Rocha / g1 Petrolina
Após ter sido uma das seis testemunhas ouvidas no primeiro dia de audiência de instrução do caso da morte de Beatriz Angélica, nesta quarta-feira (23), a mãe da menina, Lúcia Mota, disse que ficaria em frente ao fórum de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, como “mãe e manifestante”.
Mais dez testemunhas devem ser ouvidas neste segundo dia, sendo duas do Ministério Público e oito da defesa. Também está previsto o depoimento do acusado de cometer o crime, Marcelo da Silva. Na terça-feira (22), além de Lúcia, foram ouvidas mais cinco pessoas.
Lúcia Mota falou sobre o acusado, a quem classificou como “um assassino covarde e cruel”. A mãe de Beatriz lembrou que, em 2017, Marcelo da Silva foi preso em flagrante, após estuprar uma menina de 9 anos, na cidade de Trindade, no Sertão de Pernambuco.
“Ele é frio, é calculista. Ele estuprou uma criancinha, ele foi preso em flagrante em Trindade pelo estupro de uma criancinha de 9 anos de idade. Ele capturou essa criança às 7h da manhã, e essa criança só conseguiu sair das garras dele às duas horas da tarde. Ele é um monstro. Era isso que ele queria fazer com Beatriz e depois matá-la. Esse é o instituto dele, porque ele é um monstro e tem que ser condenado”, diz Lúcia.
A grande expectativa para este segundo dia de audiência de instrução está para o depoimento de Marcelo da Silva. No entanto, de acordo com o advogado de defesa, Rafael Nunes, a tendência é que o réu fique calado.
“Existe sim a possibilidade de ele participar de um júri popular, de ele ser pronunciado a um júri popular. Isso aí é fato. Então, talvez, não seja tão interessado ele adiantar a tese de defesa, jogar o que tem para jogar no ventilador, porque acreditem pessoal, todo mundo vai se surpreender. Tem muita coisa por trás desse caso. Esse caso é emblemático, e talvez ele não fale”, afirmou o advogado.
Em relação ao primeiro dia de audiência, o promotor Érico Oliveira disse que “aconteceu tudo dentro do que já era esperado, de argumentação de defesa e tese de defesa”. Segundo o representante do Ministério Público, os depoimentos colhidos na terça-feira reforçam a tese sobre a autoria do crime.
“Saímos das audiências de ontem com o sentimento de que foram comprovados os elementos indiciários existentes anteriormente, ou seja, hoje existe prova de informações suficientes para demonstrar autoria e responsabilidade da autoria criminal de Marcelo. Não há dúvida nenhuma”.
A audiência de instrução vai definir se Marcelo da Silva será ou não levado a júri popular. Ele foi apontado pela polícia como autor do crime no dia 11 janeiro deste ano, quando já estava preso respondendo por outros crimes.
Na época, Marcelo confessou o assassinato de Beatriz. Poucos dias depois, o advogado de defesa afirmou que o cliente escreveu uma carta dizendo ter sido pressionado a confessar o crime.
Entenda o caso
Beatriz Angélica Mota — Foto: Arquivo pessoal / Família
Beatriz Angélica, de 7 anos, foi morta em 10 de dezembro de 2015, quando estava na formatura da irmã, no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, um dos mais tradicionais de Petrolina. Segundo investigações, a menina recebeu dez facadas.
Ela saiu do lado dos pais para beber água e desapareceu. Vídeos registraram o momento em que a menina saía da solenidade. O corpo de Beatriz foi achado dentro de um depósito de material esportivo da instituição, com uma faca do tipo peixeira cravada na região do abdômen. A menina também tinha ferimentos no tórax, membros superiores e inferiores.
Com a demora para a solucionar o caso, em dezembro de 2021, pouco depois do crime completar seis anos, os pais de Beatriz fizeram uma caminhada de Petrolina até Recife, para pedir justiça.
O caso Beatriz Angélica começou a ser solucionado em janeiro de 2022. Na época, a Polícia Científica afirmou que Marcelo da Silva confessou o assassinato.
A polícia esclareceu que chegou ao suspeito a partir de exames de DNA na faca usada no assassinato. Quando as autoridades fizeram o anúncio da descoberta, Marcelo da Silva já estava preso por outros crimes.
O DNA encontrado na faca foi comparado com o material genético de 124 pessoas consideradas suspeitas ao longo dos seis anos da investigação.