A positividade – proporção dos testes realizados com resultado positivo – cresceu 682% nos laboratórios do Brasil em um mês. Os dados, compilados pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), mostram que a taxa passou de apenas 5,1% na segunda semana de outubro para 39,9% no mesmo período em novembro.
Com isso, hoje cerca de 4 a cada 10 exames realizados na rede privada do país indicam um diagnóstico para a doença.
Essa taxa chegou a alcançar recentemente um dos patamares mais baixos de toda a pandemia, no início de outubro, quando foi de apenas 3,7%. Para se ter noção, naquela época, a cada 100 exames, menos de 4 eram positivos para Covid-19 – hoje são cerca de 40.
A positividade começou a subir aos poucos a partir da segunda semana de outubro, e disparou nos primeiros 14 dias de novembro. Somente entre as primeiras duas semanas do mês, a taxa passou de 23,1% para 39,9% – crescimento de 72,7%.
— A pandemia ainda não acabou, e o vírus continua circulando. Enquanto essa disseminação continuar, temos o risco do surgimento de novas variantes. E essas sublinhagens que temos agora, a BQ.1 e BQ.1.1 são muito transmissíveis, e têm levado ao aumento de casos — explica o infectologista do Instituto Emílio Ribas, em São Paulo, Leonardo Weissmann, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
Além disso, as informações da Abramed mostram que apenas nesses sete dias de diferença também houve uma explosão na procura pelos testes e no total de casos confirmados nos laboratórios, que cresceram mais de 5 vezes.
Em relação à testagem, saltou de 18.510 exames realizados no início do mês para 54.380 na segunda semana, um aumento de 194%. Já sobre o número de casos, o crescimento foi de 407%, passando de 4.276 diagnósticos para 21.700.
“Os dados nos mostram que na segunda semana de novembro houve um aumento na procura por exames, ou seja, a população foi se testar mais, provavelmente devido ao aumento de sintomas. Esse é um comportamento muito importante, pois somente com a testagem segura e com o diagnóstico preciso e correto podemos evitar disseminar ainda mais o vírus”, explica a diretora-executiva da Abramed, Milva Pagano, em comunicado.
Para ela, os números corroboram o alerta recente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) sobre a maior circulação do vírus com a chegada da subvariante da Ômicron BQ.1, que tem maior escape às defesas do corpo, o que reforça a importância de medidas como completar o esquema vacinal com ao menos três doses e usar máscaras em situações de maior risco.
— A vacinação segue como a medida de proteção mais importante, mas é essencial que a população receba todas as doses de reforço indicadas. Somente com elas, terão total proteção contra as formas graves da doença. Usar máscaras em locais fechados, mal ventilados e com muitas pessoas, evitar aglomerações e manter a higienização das mãos também é necessário nesse momento — orienta Weissmann.
A Abramed responde por cerca de 60% de todos os exames realizados pela saúde suplementar no país.
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Fonte: Folha PE