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“Não teria a carreira que tive sem a Isabel”, diz Fabi, ex-líbero da seleção brasileira

A ex-líbero da seleção brasileira de vôlei, Fabi contou ao GLOBO que tinha uma relação maternal com Isabel Salgado, que faleceu nesta madrugada de quarta-feira (16), aos 62 anos. Muito emocionada, disse, ao telefone, que foi Isabel quem a ajudou durante o início no esporte, em Macaé, e depois nos clubes do Flamengo e Vasco, quando, de forma pioneira, Isabel iniciou projetos para a modalidade sendo a treinadora.

Fabi conviveu de perto com os filhos de Isabel, Maria Clara, Pedro e Carol Solberg, que jogavam vôlei desde pequenos (Pilar, a mais velha, não seguiu os passos da mãe).

“Me arrisco a dizer que se não fosse ela, eu não teria a carreira que tive. O que eu falar sobre ela será insuficiente perto da sua importância para mim e para esporte e geral. Ainda bem que pude dizer a ela o quanto foi importante na minha vida como atleta e mulher e que acompanhei a história do esporte sendo escrita ali, com quem foi pioneira em tudo. Eu a conheci quando jogava nas categorias de base e não imaginava a importância que ela teria na minha vida. Em 1998, no meu primeiro time profissional, no Flamengo, ela me pegou no colo, me colocou embaixo do seu braço e me guiou. Após tanto tempo longe das quadras, ainda é lembrada pelo público, tamanha a sua importância. Sempre teve credibilidade e ousadia em tudo o que fez”, falou Fabi, bicampeã olímpica e que hoje é comentarista de TV. 

Fabi fala que Isabel “era à frente do seu tempo” e que falava de assuntos quando eles ainda nem eram pauta do dia a dia. Foi a primeira jogadora a atuar no exterior e a primeira a jogar grávida. Sua geração também foi a primeira a disputar os Jogos Olímpicos. Aos 27 anos, já tinha quatro filhos.

“Sua relevância é tamanha, mas talvez não se tinha ideia disso. Do quão importante ela foi para temas tão diversos, além do esporte. Ela foi desbravando, desbravando. Fazia naturalmente e abriu caminho para nós. Falava de inclusão, questões de gênero e da potência feminina, quando ninguém se tocava disso. Juntou o esporte e política, quando era tabu. Foi uma voz feminina firme”, afirmou.

Fabi contou ainda que a casa de Isabel era cheia. Cheia de gente, cheia de amor. E que mesmo assim “sempre tinha espaço para mais um”.

“Ela sempre me inspirou, o jeito e os temas que ela falava… Sempre foi preocupada com o que acontecia no país, tinha um lado mãezona. E quando levantava uma bandeira, não era só por levantar, era para colocar a mão na massa. Tenho muita gratidão por ela e por sua família. Estou muito triste. Ela deixa muitos órfãos”, disse.

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Fonte: Folha PE

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