O Santa Cruz teve nesta quinta-feira (22) o pedido de recuperação judicial deferido pela 9ª Vara Cível da Comarca do Recife. A solicitação visava não só uma reestruturação do clube, mas também impedir que o estádio do Arruda fosse a leilão. Na entrevista coletiva que concedeu nesta sexta (23), o presidente tricolor Antônio Luiz Neto explicou que a decisão era necessária.
“A torcida tricolor pode ficar certa que era a única medida que nos restava pra permitir ao Santa Cruz ter fôlego pra fazer a sua caminhada”, disse
“O mais importante é fazer o projeto de Santa Cruz, que vai precisar do apoio de todos. O Santa Cruz precisa se modernizar, ter uma nova projeção para mais um século. É isso que nós já estamos tratando e foi por isso que foi necessário fazer essa recuperação judicial”, completou.
Sobre a recuperação
O advogado Eduardo Paurá, que está à frente da administração jurídica do processo, explicou que a recuperação judicial se faz necessária para evitar que os ativos do clube, no caso o estádio e a sede tricolor, sejam liquidados de maneira desordenada e abaixo do valor de mercado para o pagamento das dívidas.
Com isso, o objetivo é gerar uma proteção ao Santa Cruz para que possa estruturar “um plano de pagamento, de reestruturação administrativa, financeira e de sua dívida”, possibilitando uma negociação coletiva estruturada. A Cobra Coral tem 180 dias para fazer criar este plano e apresentar aos credores.
Apesar de ter sido discutido nos últimos meses com a presidência do clube, a existência do leilão do Arruda acabou acelerando o processo de recuperação judicial.
“O leilão foi um dos fatores que precipitou a propositura da recuperação judicial, tamanho é o risco que ele trazia para o patrimônio do clube. Mas já vinha sendo estruturada e pensada há um bom tempo, não foi um um uma tomada de decisão da noite pro dia”, afirmou.
Solvente, mas sem caixa
Eduardo comentou que o Santa tem a capacidade de pagar as dívidas que possui por ter ativos avaliados acima de tais dívidas, mas o clube não tem a capacidade de gerar dinheiro sem esses ativos.
“A crise do Santa Cruz sobre o ponto de vista econômico e patrimonial ela é eu diria de uma gravidade menor. O Santa Cruz é solvente, porque ele tem mais ativos do que passivo. Mas do ponto de vista financeiro a crise é extremamente grave porque a geração de caixa não é suficiente e sobretudo agora que o clube está sem calendário”, comentou.
“Para absolver a dívida que já ultrapassa os duzentos milhões de reais e ao mesmo tempo custear as despesas correntes do clube. É um desafio, eu diria, quase que impossível”, completou.
SAF não é pauta
Paurá também explicou que a recuperação judicial permite que o clube converse com os credores e o mercado de uma maneira mais segura, protegendo o clube e gerando maior transparência e maior segurança jurídica para os potenciais investidores. Desde o parcelamento da dívida a captação de recurso para o mercado e venda de ativos através de uma UPI.
“Venda de parcela, digamos assim, é o que a gente chama no direito de insolvência de UPI, Unidade Produtiva Isolada. Então é possível que o clube venda uma UPI, por exemplo, do futebol via uma SAF. Não estou dizendo que isso vai acontecer, mas que é uma possibilidade”, disse
Perguntado se esse pode ser o primeiro passo para uma eventual SAF no Santa Cruz, o presidente Antônio Luiz Neto afirmou que não é o caso.
“A minha resposta é que tudo que o doutor [Eduardo] colocou foi uma resposta extremamente feliz. A decisão de fazer a recuperação judicial é para permitir ao Santa Cruz ser respeitado”, afirmou
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Como deixaram o Santinha chegar a esse ponto?!
Fonte: Folha PE